Atração Irresistível

01

Italiano

Bolo um baseado, com minha mão direita tiro um isqueiro que estava em cima da mesa na minha frente, o fogo na minha frente acende permitindo botar um fogo no meu baseado, puxo uma tragada forte guardando o isqueiro, solto a fumaça pro alto.

Mente apertando e neurose na cabeça, maré tá alta na mente, pensamentos que me faziam marolar.

157 corria na minha veia, no sangue que transbordava na minha imaginação e em breve estaríamos partindo pra um assalto, papo de assalto grande, de malotes altos e quantia que iria garantir muitos luxos na minha vida.

Sangue frio, mente firme e adrenalina correndo no corpo. Na minha frente estava a toca ninja, munições, colete e no canto a ak-47 calibre 7,62x39mm, olhei por longos segundos, serrando meu maxilar.

Um dos maiores bandidos foram convocados e entre eles, meu nome foi ecoado.

Talvez isso aqui é o que minha cabeça sempre nasceu pra fazer, ser temido na boca de vários e manter minha única personalidade estampado, ser invicto e neurótico com tudo e todos.

Apago meu baseado levantando, levo minha mão até a toca na minha frente pegando, viro de frente pra um espelho pequeno aproximando, coloco a toca escutando o celular velho na minha cintura fazer barulho. Encaro meu rosto pelos breves segundos através da máscara, então pego o celular dando papo.

Gil: E aê, Bandido mau, Tá tudo certo pro maior dilúvio plena luz do dia? — escuto sua voz baixa em um tom de suspense, permaneço em silêncio — ta firmão, Italiano?

Essa voz era do Gil, Gil é um da quadrilha, um dos quatro que participará do assalto. Gil é maior onda errada, cheio de papo errado desde quando o conheço, mas comigo não rola papo com eles, não esses papos de amizades, sou na minha, quieto e cheio de neurose na cabeça.

HG: ele não atendeu?— escuto a voz no fundo do HG, puxo a touca, tirando.

Gil: Atendeu, Pô, mas tá mudo. Qual foi, Italiano, fala comigo, cara. Será que ele infartou?

HG: Tuas ideias, Caralho — murmura no fundo.

Gil: Vai saber, pô, maluco atende e fica mudo, Italiano tá com trinta e quatro anos nas costas, tá parecendo meu avô, as vezes teve infarto... tô ficando preocupado.

Hg: Para de ficar gastando — fala mais uma vez no fundo.

— Eu tô na linha, Gil — ele fica em silêncio — Ta no viva-voz pra todo mundo escutar?

Gil: Tá... não, tá não — fala rápido, logo a chamada fica com dificuldade em escutar, mostrando que estava sim no viva-voz.

— Tá querendo o quê agora?

Gil: Estamos saindo em vinte e cinco minutos, lava o rosto na pia e ora por Deus, a água é sagrada — sento na cadeira novamente, escutando ele falar — Em vinte e cinco minutos estaremos partindo pra mais um evento.

Hg: Qual nome dos atendentes que estará lá dentro? — pergunta pra um deles, mas respondo na frente.

— Um gerente, nome Fábio e uma jovem-aprendiz, Maitê — murmuro pra eles.

HG: não podemos vacilar, qualquer vacilo, estaremos ferrados.

— Em vinte minutos tô no local marcado — mumuro encerrando a ligação.

Passo a mão no meu rosto suspirando fundo, então vou até o banheiro, paro em frente a pia ligando a torneira, a água gelada jogo no rosto várias vezes. Naquele momento a frieza tomaria conta do meu corpo, abri a mente e fechei o coração, enxugo meu rosto e tiro a roupa que vestia, troco por uma calça preta, bota preta e a blusa toda preta. Jogo minha touca na mochila junto com as outras coisas, em passos curtos saio de casa sem olhar pra trás.

Em meio o caminho meu celular toca, era a terceira vez tocando, pego em mãos olhando a chamada, era o número da minha prima, mas sabia que através da ligação seria minha madrinha. Suspiro fundo e encerro a ligação sem nem se quer atender, coloco o celular modo avião guardando na mochila.

Maressa é minha madrinha, desde menor ela quem me criou, tá ligado? Deu a vida como se fosse o primeiro filho dela, em seguida veio a Lara que hoje em dia tem quartoze anos. Porém, minha vida e a delas não andam no mesmo trilho, eu gosto de ficar do meu lado e não envolver nenhuma delas. Minha vida não tinha mais volta atrás, era dessa forma, sem ninguém do lado, sem alguém pra criticar.

Em algumas fofocas, fiquei sabendo que meu nome rolará até como de frente daqui do Complexo Do Alemão, carrego vários artigos nas costas, sou um dos mais conhecidos e temido na região do Rio De Janeiro. Fui preso aos dezessete anos de idade, ficando um tempo na Febem e depois cumprindo uns anos em presídio, qual seria minha ética em colocar a vida das duas no meio?

Assim que faltava dois minutos pro meu horário marcado, adentrei no local, o vento frio tomou conta do meu corpo. Meu olhar passou pela cara de cada um ali, todos fortemente armados e portados pelo colete, Hg, Gil e mais dois deles.

Gil veio pro meu lado junto com HG, colocoquei minha mochila pra frente, coloco as luvas, o colete passo pelo meu peito, em seguida mais um colete. O fuzil passado pra trás e a máscara nas mãos, levo meu olhar até o rosto de HG e Gil.

— Sem papo torto, rapá, aqui ninguém irá amarelar — passo o olhar por cada um deles — Eles irão mandar até helicóptero se bobearmos, então vamos manter no sigilo e sermos rápidos, porra, rápidos! Se alguém reagir, teremos que atirar, como treinamos durante esses três meses, iremos fazer melhor — murmuro última frase.

Gil: Caralho, bora que várias buceta iremos comer depois e tudo der certo, rolará até uma surubinha entre eu, HG e Italino com as piranhas — rolo os olhos, pego meu celular em mãos escutando eles falarem e darem prazer do momento no fundo.

Clico no WhatsApp, entrando na mensagem da Lara, porém sabia que ali era minha madrinha, leio as mensagem por alguns segundos.

Lara: Oi, Aqui é sua madrinha, como tú tá? Faz tempo que não da notícias, tô preocupada.
                 Não pode pelo menos dizer que está bem?
                 Caso ver as mensagens ou as ligações, me retorna dizendo que está bem.

— Tô bem!

Respondo sua mensagem, não é enviada, afinal, coloquei o telefone em modo avião antes de chegar aqui e assim permace, não iria falar que estava bem sem saber qual seria meus próximos minutos dentro de um banco do Brasil, assaltando.

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