Inspirado em "Love Wins All".
"O quanto o amor custa a nós mesmos? A Sobrevivência sendo a irmã gêmea má da Vida, viver é privilégio dos Deuses, e Deuses não vivem amores mundanos como nós, Taehyung. A Irá caída sobre o mundo que não possui mais som...
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Uma das últimas coisas que me lembro, era do frio que fazia da janela aberta do apartamento quando cheguei. Ele era uma bagunça completa, e isso estava me enlouquecendo dia após dia. O balançar das cortinas que pingavam a água fria da chuva das seis horas, eram quase oito, e Taehyung conseguiu ser o que sempre era, um completo desorientado. Roupas jogadas na nossa cama, um embolo com peças coloridas e pelo do gato da vizinha que havia se abrigado ali, me tornei a fúria.
Nunca fui uma boa pessoa quando minha paciência era testada, e ele soube que iriamos ter uma longa noite assim que entrou no quarto aquela noite, e me encontrou dobrando as roupas com fúria, que hoje vejo como foi a coisa mais estúpida que já fiz. Não o ouvi, mesmo após dizer que estava atrasado, e precisava de uma peça que não encontrava.
— Me perdoa por isso, não foi intencional — olhava para mim com o mesmo olhar de quando esquecia facilmente as coisas, seu olho direito tremia em drama. Era tão irritante.
— Já me cansei da sua bagunça, Taehyung! Está me deixando louca, você sequer se lembrou de fechar a janela, essa sua cabeça de nada serve? — estávamos a tantos passos de distância, como dois enfermos discutindo, haviam semanas que me sentia assim dele, de alma — Você olha pra mim, e a única coisa que lembra é de pedir perdão! Mais nada! Apenas isso, é ridículo.
— Você nunca, nunca me escuta! — suas mãos inquietas gesticulavam, era mais uma das coisas que mais me aborreciam. Ele não sabia ficar quieto — Você diz coisas cruéis pra mim, e espera que eu aguente tudo isso te observando, calado, acha que é fácil viver assim?
A frieza em meu sangue, o cansaço de um dia inteiro de trabalho, a fome assolando minha barriga, a cabeça palpitando sermões.
— Então vá embora!
O que aconteceu após isso, nunca irei entender bem. Foi um raio branco estranho, como ser atingida por um clarão de farol, inteiramente em meu rosto. Me trouxe a sensação de garota pequena, reconhecendo o mundo após alguma situação de conflito sensorial repentino.
Estávamos os dois jogados em alto mato, para meu corpo era como uma cama fria de textura áspera, meus poros absorviam um nascer do sol tão fraco, que nunca seria capaz de fazer nascer uma flor sequer em meu peito. Tudo em mim parecia mais acordado aquele dia, exceto...
