.17.

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Era estranho, eu tinha absolutamente tudo e sentia que não possuía nada. Em meu quarto eu olhava todos os brinquedos que foram comprados para o herdeiro, eu. Cada um deles era substituindo um amigo, amigos ao qual eu nunca fui capaz de fazer.

Mas apesar de todos os brinquedos, o que eu tinha nas mãos era uma caneta e um livro, Luke meu cachorro servia como apoio enquanto eu lia como se pudesse entrar no livro. E eu realmente podia, era como viajar sem sair para lugar algum. Era como correr e fugir.

Ouvi passos do lado de fora do quarto e foi automático levar a cabeça assim como Luke com orelhas atentas naquela direção. Por baixo da porta branca vi as sobras passarem e me encolhi como se eu fosse reduzir ao pó.

Ele chegou, veio pegar a mamãe dessa vez. Segurando o cachorro pela coleira, o arrastei até a cama. Ele latiu e fiz sinal de silêncio quando nos cobrir com o lençol. O mesmo grunhiu.

—  Shhh, Si-Silêncio.

Ele se encolheu ao apoiar seu focinho em minha perna. Fiz um sinal positivo com a cabeça e o acariciei, era só esperar o barulho passar e ficaria tudo bem. A cada estrondo e voz alterada meu coração palpitava de uma forma que minha respiração falhava. Apertei o livro e a caneta, e me levantei. Deixei Luke de lado e fui até a porta, cuidadosamente eu a abri e fui em direção ao barulho a porta estava aberta e pelo corredor vi a sombra que era causada pelos dois no quarto refletir na parede.

— Pare Ebrom, você vai acordar o nosso filho.

O mesmo agarrou seu cabelo com brutalidade.

— Ele não é meu filho Isis, aquela coisa nunca será.

Um soluço.

— Por Deus, não fale assim, não fale assim do nosso menino.

A sombra da minha mãe sumiu e imaginei que ela tivesse sido jogada. Apertei a caneta tão forte em minha mão que os nós dos meus dedos doeram. Ele faria aquilo com ela outra vez, mesmo que ela pedisse para que ele pare. Minhas mãos se apoiaram no batente da porta, e meus olhos se arregalaram.

Ele estava em cima dela enquanto rasgava suas roupas mesmo ela estando imóvel enquanto chorava. Os olhos banhados em lágrimas da minha mãe pousaram em mim e se tornaram tão abertos quanto eu jamais os vi, um movimento sútil de cabeça que eu entendo muito bem.

Saia daqui, querido.

Mas eu não saí e seu desespero aumentava igual ao meu. As lágrimas desciam de seus olhos até sua bochecha vermelha, seus lábios tremiam e havia sangue no canto dele. Eu não sabia oque estava fazendo, mas lá estava eu correndo em sua direção e quando os olhos do meu pai seguiram o seu eu enfiei a caneta em sua mão antes de qualquer movimento dele.

[...]

— Ele está acordando! —  Uma voz distante soou.

— Ah meu Deus, diretor Marquenze, você está bem?

Pisquei várias vezes até ter clareza da imagem do teto branco que logo foi substituído por olhos castanhos preocupados. Me sentei com cuidado processando tudo.

— Por que me trouxeram ao hospital?

— Você inalou muita fumaça. —  Me virei para voz. Era Pedro o gerente da empresa e amigo da secretária Quinn.—  Acabou desmaiando, senhor.

Secretária Quinn. (SERÁ RETIRADA EM BREVE)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt