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Bucky estava feliz.

Ele estava satisfeito com o rumo que sua vida havia tomado. Ele estava contente, morando por tempo indeterminado no barco dos Wilson, passando a maior parte de seu tempo ajudando Sarah com os afazeres e com as crianças, e a outra metade se empenhando em fingir que ainda não entendia nada sobre pesca apenas para que Sam passasse mais tempo o ensinando. Ele estava bem. E para um ex soldado de 106 anos, com mais traumas do que era capaz de contar e uma mente fragmentada, bem era o seu mais novo excelente.

Ele e Sam ainda trabalhavam no barco, casualmente, quando não estavam ocupados demais salvando o mundo ou qualquer coisa que super-heróis façam nas horas vagas. Eles também passavam muito tempo discutindo; não como antes, quando Bucky realmente sentia incômodo diante da presença de Sam. Agora, era algo mais terno, mais "eu gosto da maneira que você franze a testa quando está pensando se valeria a pena me acertar com essa chave de fenda." Bucky simplesmente gostava do frio em sua barriga quando Sam fechava os olhos, suspirava profundamente e então revidava às suas provocações, porque não havia muito o que ser feito.

Eles haviam construído — o que Bucky gostava de chamar de "o-que-quer-que-seja-essa-merda" — uma pseudo relação sustentada através de discussões ocasionais, (propositais na maioria das vezes), guerra de olhares e toques despretensiosos que sempre levavam à um arrepio na espinha e alguém se questionando se o outro havia sentido também.

Não precisavam ser teatrais ou demonstrar carinho exagerado para deixar explícito o quanto se preocupavam um com o outro. Na verdade, eram as atitudes mais simples que ressaltavam o carinho mútuo que eles negavam existir. Como nas noites mais frias, onde Sam entraria no barco em silencio para colocar mais um cobertor sobre o corpo de Bucky. Ou como Bucky estaria gritando por sob seus ombros que Sam era "a porra de uma lenda viva" e que as pessoas deveriam ser gratas por terem ele como Capitão América, quando algum idiota maldoso tentava colocá-lo para baixo.

Era na maneira que Bucky fingia não conhecer nada sobre a cultura pop, apenas porque a forma como Sam parecia tão animado falando sobre Star Wars e Harry Potter era adorável. E também (nem sempre), como Sam perdia propositalmente no videogame apenas para que Bucky não se sentisse uma completa decepção.

Eles nunca haviam definido o que eram. Mas eles nunca precisaram de um rótulo, embora também nunca discutissem sobre. Eles passavam a maior parte de seus dias juntos, dentro de uma bolha impenetrável onde eles existiam e aquilo era suficiente um para o outro. Porque, para Bucky, apenas o fato de poder respirar o mesmo ar que Sam era um grande privilégio (ele odiava a forma como seus pensamentos em relação à Sam iam de "cuzão egoísta do caralho" quando ele não dividia o sorvete para "ele parece a porra de um raio de sol" em questão de segundos). E para Sam, falar mal do cabelo de Bucky apenas porque ele agia como um pinscher raivoso todas as vezes, era o resumo de uma vida realizada (ele não se importava em dividir o sorvete, mas o bico de Barnes quando lhe negava qualquer coisa era adorável.)

E por mais que eles fossem o completo oposto um do outro e sua relação estivesse longe de ser perfeita, eles estavam felizes.

Exceto quando alguém questionava o que eles eram, afinal.

Bucky quase sempre fugia para não ter que dar uma resposta. Sam, todas as vezes, dizia qualquer coisa fora de contexto apenas para fugir dos holofotes. Quando ninguém estava tentando meter o nariz no que-quer-que-fosse-aquela-merda, as coisas eram perfeitamente agradáveis. Por outro lado, quando algo parecido acontecia, o elo entre eles se torava tão frágil quanto vidro e, estupidamente, a única maneira que eles encontravam para lidar com tal situação, era não falando sobre.

Não falar sobre, significava que Bucky se isolaria no barco durante uma semana inteira e Sam passaria uma semana inteira andando de um lado para o outro na doca, pensando no que dizer e desistindo no meio do caminho.

to the moon || SAMBUCKYWhere stories live. Discover now