O último - e melhor - dia de todos

467 11 0
                                    

No meu último dia na empresa a única coisa que eu senti foi alívio por me livrar do pior chefe de todos. Ao mesmo tempo, eu sabia que ficaria com saudades de flertar com o bonitão de TI para quem eu me arrumava com mais capricho todas as manhãs.

Nós éramos as únicas pessoas negras do escritório e isso por si só fez com que sentíssemos afinidade um pelo outro. Mas a verdade é que ele era um gostoso. Daqueles caras impossíveis de não notar. Todas as outras funcionárias – e alguns funcionários – pensavam o mesmo. Discreto e tímido, não dava bola para ninguém.

Ele usava o típico uniforme de TI. Camiseta básica, sem estampa nem nada. Cores neutras, em geral, escuras, jeans de corte reto e um tênis mais descolado que ajudava a quebrar o visual sem graça.

A cor da pele dele fazia a gente ficar na dúvida se era negro, branco ou pardo. Já os lábios, o nariz, o maxilar. Tudo nele gritava negritude. Eu tentava fugir do clichê de que deveríamos formar um casal "só" por causa da nossa cor.

Ao mesmo tempo, cada vez que ele se sentava ao meu lado e nossas pernas se encostavam, eu sentia uma corrente elétrica passar por todo meu corpo. As vezes eu precisava até me ajeitar na cadeira para não começar a rebolar ali mesmo, na frente das outras pessoas, de forma a fazer parar de pulsar minha vulva.

Eu tinha dó dele porque a empresa era pequena e ele parecia sempre entediado. Por isso, toda vez que meu computador travava ou aparecia qualquer mensagem diferente eu aproveitava para chamá-lo. Nós dois sabíamos que eu poderia resolver aqueles "problemas" sozinha. Mas eu fingia não dar conta e ele fingia acreditar.

Ele dizia coisas do tipo: "estou pensando em te dar umas aulas de tecnologia depois do expediente para te ajudar". Eu respondia que até pagaria por umas lições só com ele. Mas o convite mesmo nunca veio. Talvez ele fosse gay. Ou casado. Ou simplesmente não estivesse a fim. Ou pelo menos era isso o que eu pensava.

Meu último dia foi bem comum. Almoçamos todos juntos, o chefe pagou a conta numa clara oferta de paz e, pouco a pouco, as pessoas foram desligando seus computadores e indo embora.

Eu estava acostumada a ser a última a sair. Em geral eu deixava a chave do andar com o porteiro e seguia para casa. Acontece que o tempo foi passando, as pessoas se despedindo e nada de eu conseguir salvar meus arquivos antes de perder acesso ao e-mail corporativo.

Fui ficando angustiada, com raiva de mim por ter deixado isso para o último segundo e medo de ter que voltar na segunda-feira pedindo ajuda depois de oito horas dizendo adeus. Até que senti alguém tocar meu ombro de leve.

Tomei um susto tão grande que tive uma crise de riso quando vi que era ele, o bonitão.

"Não vai me dizer que você está com algum problema impossível de resolver no seu computador". Rimos juntos.

"Dessa vez é sério", eu falei para ele. Na mesma hora me liguei do fora que dei.

"E das outras vezes não era?", ele me provocou.

Sabendo que aqueles flertes que tanto me distraiam da chatice do trabalho não iriam mais acontecer, fui dando corda.

"Na verdade, antes era pretexto para te ver. Pena que você leva seu trabalho tão a sério", falei rezando para ele morder a isca.

Ele ficou sem graça. Mesmo assim se aproximou um pouco mais. Puxou uma cadeira, se sentou ao meu lado e continuou:

"Eu já desconfiava. Mas uma gostosa como você jamais teria me dado bola. Ainda mais correndo o risco de perder o emprego".

"Bem... emprego eu já não tenho mais. Então...". Soltei essa bomba e fiquei esperando. Ele travou. Não sei nem se estava sorrindo ou sério. Mas percebi que ele precisaria de ajuda para tomar a iniciativa.

"Agora é a hora que você me beija", falei olhando nos olhos dele e mordendo meu lábio.

Ele puxou minha cadeira até que ficássemos a milímetros de distância, colocou as mãos na minha nuca e me beijou de um jeito leve, gostoso e envolvente. Aparentemente meu beijo foi igualmente satisfatório para ele. Coloquei minha mão sobre sua coxa e ele a levou até o meio das pernas. Seu membro estava duro, apertado. Pedindo para ganhar liberdade.

Enquanto nos beijávamos, eu abri seu zíper e passei a masturbá-lo com uma das mãos. A posição foi ficando incômoda e fomos para o chão. O carpete tinha cheiro de mofo, pedaços de papel picado e grampos por todos os lados.

Nada que tirasse o tesão que estávamos sentindo e nos impedisse de continuar com as carícias ali mesmo. Ele levantou minha blusa e beijou meus seios. Todos os toques, todo contato, era quente, vagaroso, e parecia fazer com que ele deslizasse sobre a minha pele. Fui ficando mais e mais excitada. Passei a me esfregar nas pernas dele, sentindo o atrito do jeans e sendo arranhada pela aspereza do zíper.

Eu estava prestes a gozar quando escutamos alguém abrindo a porta do andar. Era a senhora da limpeza! Tínhamos esquecido que às sextas-feiras ela tinha turno à noite. O jeito foi interromper a sessão de amassos, colocar a roupa de volta no lugar e levantar como se estivéssemos procurando algo perdido no chão.

Ela até pode ter acreditado na história. Mas o cheiro de sexo espalhado pelo andar e as manchas no carpete certamente denunciavam outra coisa. Fui embora tão apressada que esqueci de resolver o problema com meu e-mail. Segunda-feira precisarei passar na empresa outra vez. Mas, curiosamente, estou animada com a ideia de voltar.

O bonitão de TIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora