Gymnopedie No. 1

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SATISFAÇÃO MEU POVO DO WATTPAD, TUDO SUAVE? 

Então, quem é vivo sempre aparece rsrsrs Eu estava com saudades de escrever algo e decidi dar a luz a um ideia que estava encacucada na minha cabeça já faz um tempo. Não é nada demais, eu gostaria de fazer algo mais elaborado, mas o tempo não me anda dando essa oportunidade :( Eu estou trabalhando e fazendo curso então a vida ta corrida pra caramba (VIROU ADULTA PRA QUÊ?)

Esta fic é bem curtinha, bem simples, nada demais. Eu espero que a experiência seja últil pelo menos kkkkkkk 

Espero que todos estejam bem e leiam com a musiquinha acima para ajudar na imersão da leitura.

Tenham uma boa leitura <3

Com amor, Orion.

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13 de fevereiro de 1980

De: Louise Tomlinson

Para: Hanna Styles

Através das primeiras notas de Gymnopedie No. 1 de Erik Satie que escrevo esta carta para a minha tão amada Hanna. Eu acreditava que quando este momento chegasse eu estaria mais jovem, mais elegante, não que eu possa ser considerada velha demais, mas eu nutria uma verdade que me dizia que minha disposição quanto aos males da vida ainda estariam mais vivas do que antes. Contando com todas as experiências da vida, mesmo depois de ter passado pelo vale tortuoso, apesar de todas as malas que tive que carregar, nada consigo enxergar através da minha falsa evolução. Não sei se o que digo é verdade, nem mais sei identificar as mentiras que conto, nem a sensação que costumo transmitir, nem sei mais dizer quem eu sou. Do tanto que consumi das palavras que ouvi, dos erros que cometi, das sinceridades que proferi, do ponto onde me encontro agora é de fato o lugar onde eu deveria estar? Uma dúvida me açoita as entranhas quando paro para refletir quanto aos caminhos que decidi prosseguir após receber de bom grado um amor que estivera distante depois de muito tempo. Acredito que o coração nos diz muitas atrocidades quando estamos a deriva em um caminho extenso e demorado demais, mas eu guardo no peito um leve soprar do vento nos dias de outono para me levar de volta ao limbo e renascer das cinzas após um tempo sonhando acordada.

Nada do que me parece ou reflete de volta para mim consegue fazer muito sentido, nem ao menos se forma em algo concreto, não deixa de ser um pouco banal. Eu contemplo aquilo que construí como vida e me parece ser satisfatório Hanna, me leva a pensar no vale de tulipas logo na esquina, no cheiro de madeira molhada em um dia leve de pequenas gotas de chuva em um dia nublado, me faz sorrir os pequenos paços de Vitor ao tentar de maneira falha caminhar até o seu pai no fim de tarde. Me trás ligeiras sensações gozosas ao observar a Sra. Guilda colher as maçãs da macieira que reluzem ao pôr do sol. Diz ela que as colhe no período da manhã para se certificar de que vamos comê-las antes que as mesmas percam o seu brilho habitual, e também para que ao consumi-las elas façam "crack" ao invés de "fon". Seria cômico se eu não me deixasse levar pela melancolia persistente, se eu não me deixasse levar pela última lâmpada acesa que ilumina o pequeno cômodo que guarda minhas últimas escolhas feitas em um passado muito distante, mas muito presente em meus devaneios.

Hanna, eu teria feito tudo diferente, eu teria aceitado melhor o meu fracasso, eu teria lutado mais por aquilo que eu dizia tanto amar, mas fui cega demais ao alimentar o meu ego perante as dificuldades que encontrei, me vi absorta no medo que persistia bater em minha porta todas as noites e deixei que a vela acesa que me trazia o sentido da vida fazer as malas e partir sem pretensão de volta. Deixei com que a covardia tomasse conta de minhas atitudes e perdi por completo as chances de me renovar como pessoa, de prosseguir o destino que me fora entregue sem devaneios, paixões e ilusões, mas como sempre fiz me alimentei de uma falta de uma bravura veemente e fiz peça por peça construída se perder na imensidão.

Me casei e tive um filho. Não posso chegar a cometer um pecado e dizer tamanha atrocidade e lhe escrever que eu não me sinto feliz, que não amo o meu marido e muito menos o meu filho. Se eu me desse esse privilégio estaria apenas dando uma colher de chá para uma vida passada que jaz muito em paz onde está, e estaria apenas alimentando uma vontade egoísta de minha parte de fazer ressurgir um mundo que não me pertence mais. Faço o esforço necessário para dar sustança a vida que consegui depois de ter cometido erro tremendo, os amo todos os dias com todas as forças que consigo tirar do âmago do meu ser. Levo comigo uma virtude que passo por cada um deles todos os dias ao acordar e todos os dias antes de dormir, sempre em mente que cada um é um valioso presente em minha vida, uma formação divina que consegui com muito mérito e dedicação, mas lhe conto algo Hanna que me vem atormentando durantes esses anos, e espero que você compreenda meu ponto de vista.

Poetas, eu odeio todos eles. Cada um que ousara escrever sobre amor, paixões e decepções recebem cada ponto que forma o meu desgosto por eles. Seria o amor verdadeiro o meu destruidor de divindades presente em nosso mundo? Se ágape se desfizera dessa função, Eros estaria fazendo tamanha devastação em nossa terra atual? De tudo que tenho, de tudo que me esforço em conservar, por quê a imagem que cultivo e coloco para reprisar todo final de dia me tira tudo aquilo que lutei e criei?

Hanna, como posso esquecer da última vez que encarei seus olhos cor de esmeralda e te vi partir na primeira estação? Eu prometi desde aquele instante tentar reviver o que me fora levado, o que me fora tirado, mas como posso fazer tamanho esforço se nem ao menos consigo deixar de lembrar de um detalhe tão simples? Hanna, me diga que você tem a resposta que tanto almejo encontrar.

Durante todo esse tempo fiquei pensando e repensando nas mesmas dúvidas, nas mesmas vias sem sentido, em tudo que me forçava a caminhar e mastigar um pouquinho mais na esperança de encontrar a verdade que se perdera nas horas, minutos e segundos. Tudo que cultivo não me parece sanar as orações, as preces, a dor que se alastra e se faz mais presente. Por onde eu deveria recomeçar? O que de tão errado eu fiz?

Hanna, minha amada Hanna, espero um dia poder olhar para os seus olhos e decodificar o que eles têm para me dizer, já que tudo que nunca fora dito ou escrito em palavras sempre esteve presente em seu olhar.

Com amor, Louise.

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Louise guardou o pequeno envelope com a carta na gaveta de sua escrivaninha e proferiu silenciosamente a si mesma que aquela seria a sua única carta escrita e enviada sobre aquilo que tanto a desvia do real em sua vida.

Após proferir uma prece a Deus e pedir por perdão por todos os seus pecados e atitudes mais banais, Louise desviou sua atenção de seu mundo particular e observou seu marido, Gustav, terminar de tocar as últimas notas de Gymnopedie No 1. Se sentiu alguém de verdade por alguns segundos, mas logo foi tomada pela mão de forma brusca pela sua angústia persistente, e sorriu forçado para a sua vida, tentando engolir de alguma forma o ego inflado goela abaixo.

Gymnopedie No. 1 • fem!larry {oneshot}Where stories live. Discover now