uniq: I feel like I'm in an hourglass

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leiam as notas finais e boa leitura! 




Han Jisung não tinha muita certeza de quando sua vida havia chegado naquele ponto. Ele lembrava que costumava ser tão feliz, tão radiante e, aos poucos, aquele brilho foi se apagando. Quando se deu conta, já não era a mesma pessoa de antes.

Talvez fosse a pressão na faculdade. A ansiedade que o acompanhava em todos os momentos. Ou aquela sensação de que faltava algo. Ele não sabia o que ou quem, mas desde a adolescência sentia no fundo do coração que precisava encontrar alguma coisa. Até então não havia encontrado.

Haviam dias em que ele estava bem, que nem precisava fingir os sorrisos, mas às vezes era difícil. Às vezes acordava e sentia como se o mundo estivesse acabando, como se não tivesse propósito nenhum e estar ali não fizesse sentido. Aquele dia em questão era um desses. Havia despertado antes de o alarme no celular tocar, já sentindo o coração bater acelerado pela ansiedade. A prova que teria naquele dia era a culpada, ele suspeitava. Tinha estudado na noite anterior, mas a matéria insistia em não entrar em sua cabeça.

Quando chegou na faculdade, fez o máximo possível para evitar os amigos. Ele sabia que era errado, mas sempre que os dias ruins chegavam ele se afastava, se fechava em si mesmo. Não queria incomodar, ainda que soubesse que os amigos o amavam. E aí entrava o outro problema: Jisung tinha medo de ser abandonado. Já havia perdido tantas pessoas que agora não conseguia conter o medo de que mais alguém saísse de sua vida. Por isso fazia o máximo possível para não incomodar os amigos, com medo de que um dia sua presença acabasse os cansando.

A prova, como ele imaginava, havia sido péssima. Pior até do que ele achava ser possível. Tinha certeza de que havia zerado. E era por isso que agora o Han se encontrava sentado em um dos bancos que ficavam no campus da faculdade. Ele sabia que naquele hora todos estavam em aula — ele também deveria, mas não tinha forças para ficar perto de outras pessoas —, logo não seria visto por ninguém. Estava, aos pouquinhos, desmoronando.

Sentado com a cabeça entre as mãos, ele tentava respirar fundo e se conter. Não notou quando outra pessoa se sentou ao lado dele, só se dando conta quando sentiu uma mão tocar seu ombro. Olhou para o lado em um sobressalto, os olhos arregalados em susto. Um garoto que provavelmente tinha a mesma idade que Jisung, um pouco mais velho, talvez, de cabelos castanhos e sorriso singelo o encarava.

— Oi? — Jisung falou, quase como uma pergunta, ainda meio assustado.

— Oi! — o menino respondeu, ainda com aquele mesmo sorriso doce. E Jisung até poderia pensar que ele parecia um anjo se não fosse pelos olhos. Ele tinha um olhar afiado, como se estivesse só esperando uma oportunidade para aprontar.

Sem saber o que dizer e muito menos entendendo porque o garoto estava ali, o Han continuou o encarando, esperando que o outro falasse algo.

O menino — que se chamava Lee Minho, mas Jisung só descobriria depois —, o olhou de volta, como se também estivesse esperando que o outro falasse algo. O silêncio perdurou por quase um minuto até que, pigarreando, Minho começou a falar.

— Você tá bem? Tipo, você parecia meio, sei lá... acabado? — questionou e, se não fosse aquele contexto, Jisung teria começado a rir.

Obrigado pela sinceridade!, pensou.

— Alguns problemas só, coisa normal.

— Quer me falar sobre? Sei que a gente não se conhece, mas dizem que as vezes é melhor desabafar com um desconhecido.

Dusty photo ❁ minsungWhere stories live. Discover now