Breakable heaven ❁ minsung

uniq: "I love you," ain't that the worst thing you ever heard?

leiam as notas finais, obrigada  e  boa leitura !

Han Jisung não queria, verdadeiramente, estar ali. Já havia passado o tempo em que ele se sentia empolgado com aquele tipo de evento, preferindo muito mais o aconchego de casa ou alguma saída mais calma com os amigos.

Premiações não eram nada mais do que cenários de pura falsidade, porque ele sabia que, enquanto distribuíam cumprimentos e o desejavam boa sorte, na verdade todos torciam para que ele tropeçasse ao pegar o prêmio que, ainda que não quisessem, sabiam que ele iria ganhar. Porque Jisung sempre ganhava.

E no início era incrível, uma sensação indescritível, mas agora, depois de cinco anos na indústria da música, não passavam de objetos na estante, que juntavam poeira, ocupavam espaço e custavam a paz que Jisung nem sabia mais como era ter. Ele amava os fãs, amava compor e cantar, mas isso não anulava o quanto ele queria que as coisas se acalmassem um pouco. Sair da frente das câmeras, não ter cada passo que ele dava comentado, poder respirar ar puro sem ser perseguido e não precisar fugir às escondidas na madrugada para se encontrar com aquela pessoa que ninguém poderia descobrir já havia virado uma realidade tão distante. Um sonho inalcançável.

O ponto era que Jisung já não aguentava mais. Sentado na cadeira escolhida especificamente para ele, vendo o desenrolar da premiação, enquanto segurava a terceira taça de vinho, ele só desejava poder ir embora. Se atirar na cama quentinha, brincar com o cachorro e assistir algum filme que ele já havia assistido mil vezes. Mas o Han sabia que a noite não terminaria desse jeito.

Ele não havia levado o prêmio principal da noite, mas não era como se estivesse se importando. Já era ruim o suficiente estar em premiações, uma nos Estados Unidos, então, com todos olhando como se ele fosse o elegante azul no meio da sala deixava tudo pior.

Quando uma das últimas categorias foi anunciada, ele viu Lee Minho subir ao palco. Não era surpresa para ninguém. O ator havia excedido todas as expectativas com a atuação em um novo filme hollywoodiano. E Jisung não conseguiu não se sentir empolgado, orgulhoso e extremamente feliz. Quando, no final do discurso, Minho citou o nome do cantor para agradecer a trilha sonora do filme, o Han sentiu aquele choque de realidade que sempre acontecia. A realidade de que seus nomes só estariam nos discursos um do outro nesse contexto. Como agradecimentos de trabalho, mas nunca como o que eles realmente eram um para o outro. Mas, afinal, o que eles eram?

Já fazia muito tempo que Jisung havia desaprendido a responder essa pergunta. No início, eram só dois artistas que começaram a fazer sucessos em épocas próximas, que admiravam um ao outro de longe. Foram anos de apenas cumprimentos em premiações, conversas rápidas e aquele sentimento no fundo do peito que dizia que aquilo significava alguma coisa, que um dia os dois seriam alguma coisa. E então veio o filme, do qual Jisung foi convidado para fazer a trilha sonora. Acabaram se encontrando em um evento particular com os atores e então vieram as conversas mais longas, as saídas sozinhos, um beijo roubado, os encontros às escondidas de noite, que terminavam com um dos dois indo embora antes de amanhecer, porque ficar não fazia parte do acordo. Entretanto, com o passar dos dias, as regras mudaram gradativamente, e ficar era a única coisa que ambos queriam.

Quando o outono chegou, Jisung soube que havia se apaixonado. E doía. Porque não era para acontecer, não podia acontecer e o pior era que ele sabia disso. Havia começado aquele história sabendo de tudo, sabendo que era apenas para o verão, mas agora ele se sentia um idiota, porque ainda sim não havia conseguido evitar que acontecesse.