Dando passos leves e calmos, um jovem adulto inglês com roupas comuns atravessa a cidade de Lisboa, em Portugal. Uma raposa de pelagem azul.. Com uns olhos tão amarelos quanto o girassol mais desabrochado..
O sol iluminava meus cabelos azuis, enquanto eu andava pelo centro de Lisboa.. Decidi sentar-me numa praça que ali havia. Foi ali que tudo começou, um coelho albino de belos olhos avermelhados havia sentado perto de mim, fiquei meio receoso em perguntar seu nome.. Assim que ele olha para mim eu posso ver mais nitidamente aquele doce olhar.
- Me perdoe, mas por que me olha tanto? - Perguntou-me com uma expressão gentil em seu rosto.
Eu, sem pensar duas vezes havia dito que ele possuía belos olhos de uma cor tão vermelha quanto o sangue mais puro e vivo, este pequeno coelho albino havia ficado com as bochechas em tons de vermelho e rosa.
- Ah.. Obrigado ahah! Não costumam elogiar-me dessa forma. - sorriu para mim enquanto tirava um livro de sua sacola.
- Oh, você lê? - perguntei fitando grande livro.
- Este é um livro de minha autoria! - disse para mim completamente animado. - Eu escrevo e leio eheh.. - concluiu.
Para ser sincero, nunca havia me interessado em ler livros.. Eram grandes demais, continham muitas palavras e estrofes.. E eu, bem eu sou um grande Deus da preguiça! Eu literalmente só escrevia uns poemas de vez em quando.. Mas não eram grande coisa.
O pequeno coelho dos cabelos brancos mostrou-me a capa de seu livro, eu simplesmente não entendia o que lá estava escrito.. Pois estava em russo.
- Desculpe-me.. Mas eu não entendo russo ahahah - disse enquanto ria um pouco.
- Oh! Mil perdões, é que sou de origem russa. Aprendi português para poder viver aqui!! - esclareceu com um sorriso em seu rosto.
- Bem.. Eu sou um inglês que também aprendeu português ahahah! - disse para ele com uma expressão meiga.
Eu pude ver surpresa em seu rosto, parece que ele achara que eu de facto era um português.
Três horas e meia haviam se passado desde que começámos a conversar, eu nem me dei conta das horas! Estava sendo divertido falar com ele. Perguntei-lhe seu nome, ele se chamava Abel.. Ele me passou seu número e depois de uns 4 meses conversando, nos tornámos melhores amigos.
O tempo foi passando, ficávamos cada vez mais inseparáveis, até comecei a ler livros por causa dele! Eu podia ser um grande preguiçoso mas por ele eu leria mais de 100 livros!! Abel era uma pessoa muito admirável, ele trabalhava como escritor e como educador numa creche de crianças pequenas, enquanto eu era apenas um mero desempregado. Eu não tinha talento algum, não tinha propósito em minha vida, nem sonhos eu tinha.. Mas desde que conheci Abel, grande parte disso havia mudado. Pela primeira vez em anos eu não me sentia sozinho, eu tinha alguém que se preocupava e estava lá para mim.
Seria isso criar e ter laços com alguém? Seria isso não estar totalmente sozinho?
Eu não sei, mas eu faria de tudo por Abel.
