Caçada violenta contra o crime

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"BOOM!" "Splash!" "Trizim!" "Bloblobloblor" Dezenas de sons barulhentos e perturbadores ecoam nas vielas da cidade. Inúmeros gritos podem ser ouvidos pelas ruas. O tilintar violento das lâminas e o lamento dos aflitos é abafado pelo silêncio ensurdecedor das pessoas nas janelas fechadas. É possível escutar o barulho do sangue fresco borbulhando no solo frio e enegrecido. Um grupo de homens desesperados possuem tochas nas mãos e se encostam nas paredes das vielas. O que eles devem estar enxergando soa demasiadamente assustador. O grupo de desesperados é composto por um bando de arruaceiros conhecidos por diversos crimes nas ruas da cidade de Ilímia durante a noite. Entre estas contravenções está - depredação de patrimônio, perturbação do sossego, brigas constantes com pessoas e com a guarda municipal, roubos e furtos de itens de pequena e grande importância, agressão física, estupro e assassinatos. O grupo era conhecido pela alcunha de Bestiais da Lua Minguante. Ironicamente, era uma noite de lua minguante e a gangue se prepara, mesmo com medo constante, para atacar de volta. Eles acendem um líquido inflamável e arremessam para longe. Um dos projeteis explode violentamente, incendiando os arredores das vielas. A gangue acredita que a ameaça foi vencida. No entanto, aparece uma silhueta negra sobre o fogo intenso e avança com rapidez. Ouve-se um gemido lancinante nas proximidades. Um dos membros da gangue foi apunhalado violentamente por um homem de armadura pesada de metal negro que brilhava sobre a luz das tochas. O corpo jazia por sobre a longa espada, que também é de lâmina negra. O homem de armadura negra fitava sombriamente os homens. Um deles, que possui uma barba rala, acabou por dizer:
"Eeer...não...não pode ser...por que você estaria aqui? Por que alguém de sua natureza estaria fazendo num lugar como esse?"
O homem de armadura negra retira a espada do cadáver com rapidez para em seguida aponta-la aos criminosos. Ele fala com uma voz ecoante:
"Eu estou apenas limpando e purificando a cidade de seres amaldiçoados como vocês. Seria um deleite minha lâmina saborear os cadáveres de homens insignificantes. A cidade clama pela paz, os cidadãos clamam por justiça. Pessoalmente, eu também quero a minha vingança."
"Vingança? Mas como? O que nós fizemos a você? Eeer...eu acredito que nem sequer nos vimos antes" disse o homem de barba rala
"Não importa! Para ser sincero, não me fizeram nada. A existência de vocês me causa nojo. Vou exterminá-los junto com seu líder! Diga-me onde ele está!" Exclamou o homem de armadura se aproximando lentamente.
"Eeer...eu não sei! Eu não sei! Por favor, não me mate! Eu me arrependo de tudo que eu fiz! Eu juro! Poupe a minha vida! Tentarei reparar tudo o que fiz!" disse o homem de barba rala se ajoelhando enquanto soluça em desespero.
"Interessante você dizer isso, porém não pretendo mudar minha sentença. Você merece apenas ficar calado enquanto eu mato você, sua escória!" diz severamente o homem da armadura negra. Ele avança no pescoço do bandido e o ergue facilmente.
"Vou perguntar pela última vez: onde está seu líder? Juro que sua morte será indolor!"
"Eeer...eeer...e...u n...ão...sei...haar..." Tenta articular palavras o bandido
"Hum...que pena." Diz o algoz negro antes de dilacerar em inúmeros pedaços o inimigo com as mãos nuas. Os outros criminosos demonstram imenso pavor e repulsa. Um deles de cabelo castanho desgrenhado exclama:
"Mamamas...você disse que a morte dele seria indolor!Vovovocê é louco!!!"
"Ele cometeu o erro terrível de não cumprir com o combinado. Vocês querem ser os próximos? Sou todo de vocês!" Os inimigos recuam, porém eles mostram suas armas em resposta ao confronto. O homem de cabelo desgrenhado discursa:
"Homens, sei que cometemos erros no passado e muitos de vocês devem estar profundamente arrependidos! Porém, o que não posso aceitar é que um lunático de armadura pense ser a personificação da justiça e execute a todos nós. Nós não morreremos sem lutar! Não é isso pessoal?!?"
"Isso aí líder! Vamos lutar! Haaauhauuu!!!" Dizem os outros em coro. Todos eles avançam correndo. Uns preparam tochas e flechas pra atirar. Outros suas lâminas e armas de haste. Eles partem para o ataque.
"Hahahaha, se é isso que vocês querem! Então irei retribuir seus desejos! Admiro a coragem de vocês!" Diz o homem de preto sorrindo ao avançar. O tilintar das armas é bastante violento. Chamas percorrem as ruas, gritos e gemidos são ouvidos por todos os lados. Um banho de sangue preenche o chão repleto de cascalho. Membros do corpo se espalham por todos os lados. O homem de preto exterminou todos os inimigos, com exceção do homem de cabelo desgrenhado, que lutou bravamente e havia perdido a mão esquerda. Ele utilizava uma grande foice. Foram cerca de 55 homens mortos. A luta durou cerca de 2 horas. O homem de preto estava aparentemente incólume. No entanto, seus movimentos outrora rápidos pareciam bastante lentos. Ele diz com um sorriso enquanto se aproxima do inimigo mutilado.
"Hahahaha, seus homens lutaram muito bem. Eu adorei o espetáculo, porém eu devo cumprir o que me foi designado. Sua cabeça vai ser minha. Apesar de eu não sentir mais vontade de matá-lo...para te dizer a verdade, talvez esse seja meu último trabalho." O homem de preto aparenta de fato estar bem cansado.
"Hehehe...apesar de tudo, você ainda é um mortal, não é Guerreiro Negro?!? Você por acaso tem um nome? Pelo menos me conceda o desejo de saber disso antes de morrer"
"Como desejar..." O Guerreiro se aproxima lentamente. Ele prepara a espada para apunhala-lo pelo pescoço. Porém...
"JÁ CHEGA!!!" Exclama uma voz ecoando pelas vielas. O Guerreiro Negro hesita o passo e demonstra surpresa. Ele observa todos os lados e de repente nota uma figura corpulenta por sobre o teto das casas. Essa voz lhe parecia bastante familiar...
"Você!!! Olha só, quem diria que nos encontraríamos mais uma vez justamente num lugar como este! No reino de Luminaria! Parece que você não mudou muito Guerreiro Negro" a figura possuía uma voz bem rouca e elevada.
"Você...você é Kroknon, a Besta Humanóide! Não esperava que fosse o líder desta gangue. Nós nos enfrentamos antes há décadas atrás. Você era um mero subordinado dos bárbaros de Karthon. Mesmo naquela época, lutava excepcionalmente bem, devo admitir. No entanto, gostaria de saber o que lhe levou a esse caminho atual?"
"Raaaaaaurgh, o que me levou a este caminho foi esse maldito governo no qual você está servindo. Estes malditos reinos que nos tratavam, eu e meu povo, como meros bárbaros. Tratavam-nos como pessoas irracionais e isso me indignava. Eu queria ser apenas um cidadão digno no reino de Luminaria, mas me tratavam como um inimigo. Então, eu decidi me vingar. Invadi as fronteiras e causei o terror aos que me oprimiram."
O Guerreiro Negro abre os braços em questionamento.
"Ora, mas que raios deu em você? Na maioria das vezes, apenas atacou cidadãos comuns e cometeu atos hediondos! Não consigo chamar isso de justiça, Kroknon!"
"Hahaha, olha quem fala" ruge Kroknon "Fala o mais frio e calculista dos mortais. Se é que você é realmente um mortal. Para dizer a verdade, eu estava entediado procurando o que fazer e me deparei com você. Vou lhe destroçar por matar meus companheiros!"
"Ótimo, estava cansado desse falatório." O Guerreiro Negro faz posição de ataque e defesa. O homem de cabelo desgrenhado se levanta correndo e passa por ele. "Não deve durar muito com esse ferimento." Pensou o Guerreiro. Kroknon se arma com seu imenso machado brilhante perante a noite de lua cheia. Ele faz um uivo similar a de um lobo e depois salta do edifício com o machado erguido para esmagar. DZIIIIIT! O impacto das lâminas produz um ensurdecedor barulho e uma vasta quantidade de poeira. Ambos as armas estão em colisão enquanto os combatentes estão empatados em quesito de força e precisão de movimentos. Eles são jogados para trás. Avançam novamente em alta velocidade. Kroknon e o Guerreiro Negro se atacam utilizando técnicas apuradas e experiência em batalhas. Cada um de seus golpes apenas acerta a arma do oponente ou o ar. Kroknon e o Guerreiro recuam novamente. O Guerreiro se mantém em posição defensiva. Ele demonstra cansaço e sua voz ofegante é perceptível pelos ecos de sua armadura. Kroknon o observa curioso, franzindo o cenho. Ele propriamente analisa: "Oooora, pelo visto o guerreiro que eu conhecia não está mais com a energia de antigamente. Uma vida somente cercada de batalhas têm seus custos! Me pergunto se você descansa."
"Você...você fala muito e luta pouco para um bárbaro!" Responde o Guerreiro em gracejo "Aparentemente, você sabe muito sobre minha vida, não é? Besta Humanóide!" O guerreiro continua
"Hehehe, eu tenho os meus truques, amigão! Eu sei de coisas no qual você teria interesse. E de coisas que você não sabe a mínima ideia. Por acaso, você sabia que sua amiga feiticeira está ciente de que vim aqui para matar você?" Revela Kroknon
"O quê? Mas como? O que você sabe sobre ela? E por que acha que ela tem algo a ver comigo?"
"Hahaha, venha descobrir! Minha boca é um túmulo hahahahah!"
"Desgraçado, você irá vomitar tudo o que tem a dizer!" Guerreiro Negro avança com intensidade. Sua aura se mostra enegrecida. Os ataques de ambos são ligeiros, porém o Guerreiro parece ter uma vantagem. Ele começa a se teleportar pela escuridão. Kroknon rodopia o corpo. Um festival de lâminas se colidindo está formado. A velocidade dos combatentes é imensurável. Partes de edifício e paredes são picotadas para todos os lados. Até que finalmente o Guerreiro Negro consegue apunhalar o peito da Besta Humanóide. Kroknon protesta ofegante e começa a cuspir muito sangue. O grandalhão fica inerte com os olhos paralisados diante da lua cheia. Em seguida, ele começa a rir desenfreadamente. O Guerreiro Negro observa surpreso com as mãos sobre a espada. Enquanto Kroknon ria, sangue era despejado por todos os lados, inclusive na armadura do Guerreiro. O Guerreiro Negro questiona:
"Não pode ser! Isso é impossível! Eu cravei mortalmente a espada no seu peito!"
"Hahahaha, pobre Guerreiro Negro! Você é muito inocente! Foi eeeeelaaaah!!!" Grita Kroknon
"Ela? Mas como assim??? Seu lunático, o que ela tem a ver com isso? Diga-me!" Fala o Guerreiro com desespero.
"Foi ela, foi ela quem me forneceu a informação sobre o Pacto"
"Pacto? Não...por que ela forneceria uma informação assim para alguém como você?"
"Hahahaha, você sabe, seu idiota. Ela gostava muito de você...e você a rejeitou!" Kroknon fala gritando e em seguida segura a lâmina negra com sua mão enorme. Sangue começa a jorrar entre as laterais. Com uma força descomunal, ele retira de vez a lâmina de seu corpo. Ele se afasta, levando a espada negra junto. O Guerreiro Negro se mostra admirado.
"Hum, você é bastante forte! Fazem tempos que não encaro um verdadeiro desafio!" Kroknon segura a espada e a arremessa em direção ao Guerreiro. Ele sorri.
"Hahaha, você me obrigou a isso." Disse Kroknon.
"O que será que ele pretende fazer a respeito disso?" Pensou o Guerreiro Negro enquanto pegava a espada de volta. Ele retorna a posição defensiva. "É melhor eu estar bem preparado." Disse para si mesmo.
Kroknon retira uma faca de sua roupa de couro e começa a se cortar de uma maneira peculiar. Uma maneira que o Guerreiro Negro conhece muito bem. "O Pacto da Lua Cheia, ele realmente irá realizar" pensou. O Guerreiro Negro então mexe em sua algibeira e pega um frasco de líquido negro. É obsidiana derretida. Ele bebe um pouco do frasco. De repente, fagulhas de chamas negras começam a crescer do peito até o corpo todo. O Guerreiro Negro está envolvido por densas chamas negras que exalam imenso poder.
"Eu sei o que você pretende, Kroknon. Não deveria ter ido por este caminho. Isso irá prejudicá-lo." Diz o Guerreiro Negro emitindo pose de confiança.
"Hahahahahahahaha" a risada de Kroknon ecoava de maneira monstruosa "Engraçado! Alguém como você dizer algo bom para mim, no qual você considera um bandido a ser exterminado!" Kroknon aparentava ter diversos cortes pelo corpo todo. Estava muito ensanguentado. De repente, ele começa a se transformar em uma forma bestial repleta de pêlos, garras pela mão, focinho de cachorro, cauda longa e dois chifres de tamanho médio e a altura de sua massa chega a 3 metros de altura. Sua bocarra começa a soltar fumaça. "Hahahahaha, o que aconteceu contigo, Guerreiro Negro? Você, um assassino frio e cruel, agora possui sentimentos? Hahaha, curioso!"
"Eu ainda farei você vomitar tudo o que tem a dizer sobre ela!" Diz o Guerreiro em posição de ataque.
"Hahaha, infelizmente você vai ter de passar por mim e..." Kroknon aponta para o lado. Auras vermelhas começam a aparecer na escuridão. São os subordinados mortos da Besta Humanóide. E o homem de cabelo desgrenhado também se apresenta. Seu braço cortado foi substituído por uma camada de sombra vermelha flutuante. "por meus amigos também. Eles estão sedentos por vingança!"
"Vingança? Este Pacto está cada vez mais misterioso..."
Pensou o Guerreiro Negro
"Vou me apresentar agora. Eu sou o Nadios, a Foice Sedenta" disse o homem de cabelo desgrenhado. Agora ele é um semi-demônio. Todos os participantes do Pacto se tornaram demônios após a morte. É um mistério que o Guerreiro Negro sente interesse em investigar.
"Agora essa luta vai ser osso duro de roer" pensou o Guerreiro.
"Hahahaha, prepare-se monte de lata. Você irá virar comida nossa UOOAAAAAARGH!" ruge a Besta Humanóide. As monstruosidades avançam. Ocorre uma imensa colisão de poderes. Kroknon ataca com seu machado, que empata com a lâmina negra, ambas as armas se dissipando em uma trovoada rubro-negra. Os outros subordinados atacam com intensa velocidade. O Guerreiro esquiva de um, porém é atingido em cheio por outro. O Guerreiro Negro cospe muito sangue. Os inimigos atacam incessantemente. "Ainda bem que guardei a pedra de obsidiana comigo" pensou ele. O Guerreiro se ergue e arremessa facas negras para todos os lados. Elas acertam alguns dos inimigos. Os outros avançam com sede de sangue. O Guerreiro Negro recua correndo da montanha de inimigos e utiliza uma corrente até os edifícios para saltar longe. Ele salta, porém Kroknon o alcança e esmaga o Guerreiro contra as paredes dos edifícios. Ele sente uma dor excruciante ao ter sua face ralando contra a dura parede de concreto. Ele sente uma terrível tontura ao alcançar o chão. O Guerreiro Negro jaz no chão quase inconsciente. "Felizmente, eu ainda tenho um plano." Pensou ele quase alucinando. As criaturas, Kroknon e Nadios se aproximam. Eles riem calorosamente com desdém. Kroknon se pronuncia:
"Hahahaha, onde está o todo-poderoso Guerreiro Negro que conhecemos? Não deve estar acostumado a enfrentar seres como nós!" Ele acena para Nadios, que se aproxima com sua foice. "Huhuhuhum, agora eis a sua sentença Guerreiro Negro. Vou adorar saborear seu sangue fresco HAAAAAAH" guincha Nadius erguendo a foice. O Guerreiro Negro arremessa suas correntes até o edifício partido. Finalmente, consegue se apoiar no fim do edifício, porém ainda cambaleando. "Não tão rápido!" Diz o Guerreiro sorrindo "É muito cedo para cantar vitória,  criaturas perversas!" O Guerreiro prepara uma tocha e após isso salta da construção quebrada. Ele começa a correr. Os demônios ficam atônitos tentando compreender o que ele está fazendo. Então o Guerreiro Negro aumenta a velocidade dos passos e então recupera uma, duas e todas as facas ao seu alcance. Logo, os demônios o perseguem, ávidos pelo sangue dele. O Guerreiro corre em círculos. Ele começa a incendiar todas as facas em mãos. Todos os demônios então tentam captura-lo em conjunto. "Caíram direitinho na minha armadilha" O Guerreiro começa a atirar ao chão as facas. Ele continua correndo em círculos. Alguns dos inimigos o alcançam, cravando mordidas.
"Droga, mas que dor maldita uurgh!" pensou ele.
As facas negras se transformaram em uma cor semelhante a lâmina de lava. Os outros demônios tentam mudar de direção para capturá-lo, buscando cerca-lo. O Guerreiro se encontra sem saída. "Blaaaaaaaargh" os rugidos guturais das criaturas é evidente. Os demônios estão nervosos por não conseguirem saborear completamente o sangue do Guerreiro Negro. Ele não se intimida. Os inimigos então atacam com mais voracidade. No mesmo instante, "BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOM" "SCHIIIUUUUUUUUUUUUUSH". Uma grande explosão de fogo envolve os subordinados de Kroknon. A noite fica altamente iluminada. Os demônios agonizam com as chamas, guinchando e se debatendo no chão. O fogo consome toda a carne das criaturas, levando aos poucos todas elas as cinzas. O solo todo está cercado de chamas vivas alaranjadas. Entre elas, o Guerreiro Negro aparece com sua espada empunhada e seu escudo. Na mão do escudo, ele segura a pedra de obsidiana. Kroknon aparenta estar bastante amedrontado com o ocorrido.
"O quê? Não pode seeeeeer!!! O que diabos é você? Nadios, acabe com ele!"
Nadios se aproxima e estende seu braço de sangue e ataca. O braço cortado se transforma em 6 cobras carmesim.
"Que diabos de Pacto é esse? Preciso investigar depois que isso terminar! Isto é, se eu viver até lá." Pensou o Guerreiro Negro.
"Hahaha, você tem seus truques, assim como eu tenho os meus. Agora prepare-se, Guerreiro Negro!" Disse Nadios. Ele caminha empunhando sua enorme foice ao lado de suas cobras carmesim. De repente uma delas se estica com rapidez para atacar. O Guerreiro se defende com o escudo. Porém, ele sente um corte. Ele se afasta. Era uma das cobras. O Guerreiro tenta localizar Nadios, porém ele sente uma profunda perfuração. As cobras e a foice o atingiram respectivamente no peito e nas costas. Nadios se afasta. O Guerreiro enfim cai de joelhos. "Merda!!! Preciso aprender de uma vez como usar essa coisa!"
"Hahaha, agora vou me vingar de você por ter me desprezado. Mas antes, irei torturar-lhe só um pouquinho. Miserável, agonize!" As cobras de Nadios se preparam para envolvê-lo. De repente, uma cortina de fogo se revela contra Nadios. O portador da foice larga a arma agonizando de imensa dor.
"AAAAAAAAAAAH, MALDITO SEEEEEJAAAAAAAH!!!" Pragueja Nadios em seu último suspiro. As cobras carmesim se desfazem em cinzas, assim como o corpo dele aos poucos. As cinzas voam para o luar.
"Menos um. Consegui usar finalmente a obsidiana. Pelo visto, os demônios são vulneráveis ao fogo. Preciso descobrir um jeito de usar esse recurso com segurança contra Kroknon." Pensou o Guerreiro Negro com o corpo deitado no chão. Kroknon guincha e avança com violência.
"Você matou meu amigo! Irei fazer você ter seu último suspiro agora!" Ele chuta o corpo fragilizado do Guerreiro.
"Farei sofrer por tudo o que meus companheiros sofreram!" Lamenta Kroknon segurando o Guerreiro Negro. A Besta Humanóide começa a esmagar os ombros do oponente com apenas uma mão.
"Vou ter de sacrificar minha pedra." O Guerreiro Negro segura firme sua pedra. Kroknon prepara o machado para o golpe final. Ele berra. Assim que ele berra, o Guerreiro arremessa a pedra contra a bocarra de Kroknon. O Guerreiro cai de sua mão. A Besta Humanóide se debate por conta do engasgo. Ele aparenta não estar conseguindo respirar. O Guerreiro se arrasta para tentar acender uma pequena tocha. Ele finalmente acende. O Guerreiro Negro se movimenta com o corpo para frente de Kroknon para preparar o arremesso. Ele joga a tocha contra a boca de Kroknon e não demora muito para a chama se espalhar. Kroknon se debate com mais intensidade para então finalmente desabar no chão. Enquanto isso, o Guerreiro Negro está adormecendo aos poucos, porém satisfeito com a vitória. Fechou os olhos. Pessoas parece que estão correndo. O que será que está acontecendo? Perseguição? Brincadeiras de criança? Eventos na cidade? Uma guerra? Bem, uma pessoa chegou até a mim para falar comigo. Não consigo escutar essa pessoa. Ela usa roupas pretas. É uma criança? Um garoto ou uma garota? A criança segura a minha mão e me leva para longe. Estou enxergando tudo embaçado. Estou andando e de repente minhas pálpebras pesam. Uma mulher de vestido preto está na minha frente. Ela caminha lentamente até a mim e me dá uma bofetada. Eu tento entender tudo isso, tento entender a voz dela. Ela está dizendo algo como
"Seu maldito, maldito! Você me paga, me pagaaaa!" Ela começa a chorar. Você tenta conforta-la com algumas palavras. Ela diz
"Eu não preciso de explicação! Você é só um desgraçado insensível! Só sabe viver pelas suas aventuras idiotas!" Agora eu me lembro. É a bruxa Niihala. Eu me lembro do que eu fiz. Eu a rejeitei porque sou um guerreiro me ocupando com trabalhos perigosos e julguei que não seria adequado eu ter um relacionamento com ela. De certa forma, eu me arrependo.
Lembro-me que estive em uma batalha mortal contra criminosos perigosos. Apenas vivi para policiar as cidades e acreditava estar fazendo o certo executando pessoas que não compartilham da mesma visão que a minha. Eu torturei, matei, ameacei e tornei a vida dos criminosos um inferno. Entretanto, percebo que apenas colecionei inúmeros inimigos. Não me lembro de ter colecionado muitos amigos. O Pacto. O Pacto da Lua Cheia só pode ser feito com uma determinada condição, em troca de sua vida ou servidão ao demônio da Lua Vermelha. Um Pacto que conheço muito pouco, mas que tem similaridade com o que eu fiz. O meu é um Acordo com a entidade Obsidia. É um pacto um pouco menos perigoso. Eu apenas precisava vestir a armadura, com a condição de travar vários confrontos. Até eu completar o meu objetivo de exterminar todos os criminosos mais perigosos do reino de Luminaria, que era o meu lar, ou seja, eu teria que satisfazer a sede de sangue da armadura de alguma forma. Não deixa de ser um Acordo arriscado, porém eu não precisava vender a minha alma para conseguir poder. Eu era apenas um mero mercenário. Fazia escoltas das pessoas em troca de dinheiro. Dinheiro este para sustentar minha família, filhos que eu amava e uma esposa que eu não amava tanto. Até que um dia, bárbaros vindos de Karthon invadiram minha casa, que ficava em uma mata de Luminaria, e mataram toda a minha família. Os bandidos foram embora assim que voltei de meu serviço. Eles reviraram minha casa, mas não havia nada de valor que pudesse ser roubado. Minha esposa e filhos jaziam no chão repletos de sangue. Minha esposa estava seminua, ela parecia ter entrado em luta corporal com os criminosos. Meus dois filhos gêmeos fraternos foram brutalmente apunhalados. Foi a gota d'água para que eu tomasse uma atitude drástica. Lembro que meu tio me presenteou com a armadura. Ele era um brilhante ferreiro. Meu tio havia encontrado a armadura no meio da floresta bastante inutilizável. Ele a reformou e tornou a armadura como se fosse a mais nova peça de cavaleiro. Ele tinha uma intuição boa e me aconselhou a usar a armadura apenas em uma situação de emergência. Eu obedeci na época e guardei no porão de minha casa. A sorte é que os bárbaros não descobriram o esconderijo. Então eu decidi vestir a armadura e descobri o Acordo. Fiz carreira servindo os reinos como um guarda especial das cidades. Recebia os maiores chamados Reais para conter a contravenção que o Estado não conseguia por métodos comuns. Exterminei os piores líderes de gangues, seus lacaios, contrabandistas, traficantes de escravos, ladrões, estupradores, assassinos, torturadores, rebeldes e entre outros indivíduos. Matei todos os que ameaçavam a estabilidade dos reinos. O reino que mais precisava de mim era claramente o de Luminaria, onde sempre morei. A razão de eu ter sido mercenário foi porque eu já havia tido experiência de batalha na minha juventude. Era uma guerra de Luminaria contra o país nômade de Karthon. Servi ao exército real durante toda a guerra e mais uns 5 anos. Gostava de minha carreira, porém o ministro da guerra do rei decidiu dar baixa no meu registro, foi daí que decidi ser um mercenário. Confrontei com Kroknon, a Besta Humanóide pela primeira vez. Foi uma batalha árdua e ele era um lutador impressionante. O duelo ficou incompleto na época. Vocês devem estar se perguntando porquê eu não falo mais a respeito da bruxa Niihala. Pois bem, ela foi a mulher que eu realmente amei em toda minha vida. Era uma moça espetacular. Eu a conheci quando eu era um soldado real. Ela era talentosíssima nas artes da ilusão. Era muito boa com crianças e agradava os filhos do rei. Fazia truques tremendos com os brinquedos das crianças, dava vida a eles. Poderes de fato extraordinários. Me lembrava uma mãe incrível. Nessa época, eu já namorava Mirida, mãe de meus filhos. Ela era minha melhor amiga desde a infância. Era uma menina sozinha e que perdeu os pais por uma doença. Então meu tio cuidou dela e de mim. No entanto, eu nunca a amei, apenas a respeitava como amiga. Casei com ela por acreditar que a amaria em seguida. Sentia um profundo arrependimento desde então. Daí durante um de meus serviços de guarda real, me apaixonei perdidamente por Niihala desde a primeira vista. Pensei diversas vezes em tentar conquistá-la, possui-la, beija-la, mas eu era um homem fiel a minha esposa. Eu sentia no fundo que Niihala também correspondia meu sentimento de amor, mas ela parecia que sabia como eu me sentia, então também ficava calada a esse respeito. Nos meus horários de almoço, eu e Niihaala começamos a conversar e nos conhecer melhor.
"Saudações...Niihaala! Notei que você é uma pessoa muito habilidosa na corte. Você é muito boa com crianças, inclusive com os filhos do rei. Caramba, confesso que fico curioso em saber como você chegou ao patamar de 'boba da corte'." Eu ri desenfreadamente
"Ora ora, meu querido! Interessante você perguntar. Aliás, estava gostando dos elogios até a parte de 'boba da corte'. Ora, respondendo a sua pergunta, o rei apenas descobriu meus talentos nas ruas. Eu era uma encantadora nas vielas e não tinha uma casa. Fui demitida de um grande grupo de circo por terem inveja de mim. No entanto, tive sorte de ser encontrada, por isso aqui estou. Quanto as crianças, eu sempre tive interesse em ter uma família, pois infelizmente eu nunca tive uma." Ela sorria de início, mas depois olhava para baixo quando dizia.
"Nossa, eu sinto muito por tocar em algo delicado. Ah Niihala, você vai encontrar alguém perfeito para se unir a você. És muito bonita aliás." Eu admiti corando.
"Ora, ora! Mas que homem ousado, hihihi! Mas enfim, você tem razão. Eu encontrarei um bom partido por mim mesma. Além disso, foi muito bom conversar com você." Disse ela sorrindo
Após um tempo conversando com ela, eu admiti que eu estava comprometido e tudo mais. Ela compreendeu e aparentava imensa tristeza. Logo depois, eu tive meus filhos. Entretanto, nós sempre conversávamos quando tinhamos oportunidade. Após algum tempo, chegou então a guerra e foi aí que eu e Nihaala ficamos ainda mais próximos. Ela dava apoio bélico e conselhos ao rei e os membros da corte. Fiquei um tempo sem ver a minha família. Mesmo eu estando próximo de Niihala, eu pensava apenas em meus filhos. Ela até se ofereceu para cuidar de minha família, porém eu recusei, tendo receio dos ciúmes de minha esposa. Foi daí que me arrependi dessa decisão. Não demorou muito para que minha família fosse assassinada. Vocês sabem a história desde que eu vesti a armadura. Niihala olhava para mim triste desde o ocorrido. Me abraçava sempre que podia. Nessa época eu já vestia a armadura, porém ainda estava me adaptando ao Acordo. Comecei então a minha jornada de perseguição as escórias da sociedade em menos de um ano. Ao longo do tempo, fui perdendo minha personalidade para a armadura. Ao mesmo tempo em que Niihala chegou para mim admitindo que me amava, que queria casar comigo e que não conseguiria ficar longe do meu lado.
"Eu...te amo. Eu sei que você perdeu a sua família, mas eu não consigo parar de pensar em você. Ora ora,desde o primeiro momento, só tenho olhos para você e eu...não pretendo ser substituta da sua esposa. Apenas queria que você abrisse seus olhos para um novo horizonte de amor. Eu sinto que você me ama."
"Niihala, eu compreendo perfeitamente seus sentimentos, porém eu apenas seria um peso para você. Merece ser feliz. Mas a vida que posso lhe proporcionar pode não ser uma das mais felizes. Eu sou um homem que apenas vive de caçar criminosos...eu sinto muito..." Eu disse desviando o olhar. Era uma das poucas emoções que eu sentia.
"Você tem que parar com isso, você não é assim tão frio! Essas atividades só irão te prejudicar!" Ela gritava soluçando. Eu virei as costas e fui embora. Vocês já sabem o que ela me respondeu depois. Desde então, ela decidiu vingança. Uma vingança amarga e sem precedentes. Ela como boa conselheira do rei, instigava para tentar tirar-me da jogada, porém o rei me considerava muito importante para os serviços. Ela tentou outras maneiras. Niihala vasculhou sua estante a procura de livros sobre pactos demoníacos. Foi daí que ela encontrou um pacto perfeito para os planos dela. Ela procurou a gangue de Kroknon e os ensinou a respeito do Pacto da Lua Cheia. Ela aproveitou que a Besta Humanóide planejava terminar a luta inacabada contra mim. Aconselhou a ele que eu também tinha feito um pacto. Caso o plano falhasse, ela também iria instigar para que os reinos declaressem uma busca contra mim, por considerarem-me uma ameaça a estabilidade das nações. Eu lutei a última vez contra Kroknon, a Besta Humanóide e finalmente consegui derrotá-lo. Após tudo, eu estava caído. Quando percebi, estava sendo carregado pelos guardas de Luminaria...e aprisionado. Não estava muito longe do campo de batalha. Ainda estava um pouco tonto e os soldados aproveitaram para me capturar. De repente, lá estava ela. Estava caminhando na minha frente e se aproximou de mim. Deu um beijo na minha bochecha e disse:
"Cuidem bem dele hein." De repente, eu despertei em um frenesi querendo atacá-la, porém acabei atacando o que estava mais próximo de mim, que era um soldado do rei. Eu investi com tamanha força, chegando a desmembrar e arrancar sangue com minha boca. Parecia uma besta insaciável. Eu rosnava e fazia gritos estridentes. Alguns soldados utilizaram de correntes em mim, tentando me conter. Eu possuía uma força descomunal, então depois de muito esforço, cinco de soldados pelotões foram necessários para me segurar. Niihala observava horrorizada. Então eu apaguei. Acordei em uma masmorra com outros presos, porém todos os que estavam ao meu lado demonstravam medo. Eu estava acorrentado e babava com muita frequência. Eu estava alucinado acreditando que todo mundo conspirava contra mim e que todos queriam me matar. Eu chorava e gritava muito alto. Os guardas da masmorra observavam atônitos e tentaram me transferir para uma cela especial. Fui transferido. Enquanto isso, eu escutava dos guardas que eu estava na fila para execução. Eu estava desesperado com meu destino e me fixava na parede com mão na cabeça. Então ela chegou. Niihala estava do outro lado da cela me observando com um olhar triste. Ela usava um vestido branco pela primeira vez. Ela hesitou um pouco, mas falou:
"Eu...sinto...eu sinto muito. Não queria que acabasse dessa forma. Apenas executei a minha vingança por puro ódio, porém agora estou amargamente arrependida. Eu não quero que morra, meu querido." Ela começou a chorar.
Eu percebi então que seus sentimentos eram verdadeiros, então eu comecei a querer chorar também. Eu disse.
"Eu...não quero morrer! Se tiver uma forma de me ajudar, eu estaria profundamente agradecido." Disse eu com uma voz rouca.
"Ora ora, não se preocupe querido. Eu vou dar um jeito nisso...não não se preocupe" ela soluçava muito. Ela utilizou seus poderes para simular um abraço de verdade, sem que as grades da cela atrapalhassem. O que soube é que Niihala conseguiu convencer o rei a me transferir para uma masmorra onde mantivessem em custódia prisioneiros com transtornos mentais. Ora, mas eu não era louco. Felizmente, era melhor do que ser executado. A partir daí eu tive também uma surpresa. Kroknon estava vivo, porém, ele não falava. Ele fazia gestos de sinais e estava na mesma masmorra que eu. Acabei enfim fazendo amizade com ele após algum tempo. Fui tratado com medicamentos para meu transtorno mental, felizmente não sentia mais sensações estranhas de medo constante e receio. Fui transferido para uma cela particular, onde eu poderia ter visitas. Não demorou muito para que Niihala me visitasse. Ela estava acompanhada de uma criança que vestia preto junto com ela. Niihala se pronunciou sorrindo.
"Oh, olá querido. Como você está hoje? Fico feliz que você está interagindo bem. Está comendo direitinho agora. Como estou alegre com isso! Ora, vim lhe apresentar a minha querida sobrinha. De certa forma, vocês dois possuem uma relação única antes mesmo de se conhecerem hahaha!" Então a sobrinha dela se manifestou.
"Oi, eu sou Niara, tudo bem com você, moço? Olha, você não sabe que te ajudei quando você estava desmaiado. Eu implorei para que você corresse, mas você não me escutava. Será que agora você está escutando, moço?"
"Ora ora, agora você entendeu o porquê de você e minha sobrinha possuírem uma relação única, não é meu querido?" Disse Niihala toda sorridente e envergonhada
"Ah moço, a minha tia Niihala quer saber se o senhor quer pedir ela em casamento. Ela está muito feliz por ver você bem" Admitiu Niara
"Ora ora Niara, não é assim que eu te eduquei. Não se deve fazer fofocas sobre os adultos...Oh ora ora, claro que não vou me esquecer de você, querido. Agora para saber se sua memória está boa também, me responda as duas perguntas: o seu nome e se você me ama" Niihala sorri corando.
"Eeeer...claro, claro! Eu...amo muito você Niihala e meu nome é Trunot. Fico feliz em conhecer sua linda sobrinha. Claro que vou buscar me tratar o máximo possível e seguir as recomendações dos curandeiros a respeito da minha saúde mental. Eu agora quero ficar completamente livre das minhas aventuras perigosas e viver como um cidadão normal. E também desejo muito ter uma família com você, Niihala. Eu sempre esperei por esse momento..." De repente Trunot começa a soluçar de tanta felicidade e Nihaala começa a abraçá-lo, também chorando.
"Já passou, querido. Já passou."


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⏰ Last updated: Oct 11, 2023 ⏰

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