O Esquema das Domésticas - parte II (e se as mulheres soubessem?)

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***Recomendação: antes de ler essa história, leia o Esquema das Domésticas (primeira parte), aqui no wattpad mesmo.

Bete estava feliz com a sua nova aquisição: uma belíssima casa de fim-de-semana num badalado condomínio no interior de São Paulo.

Luciana, uma amiga do ioga, tinha lhe dado a dica sobre a casa que acabara de ficar vaga ¨eu e meu marido compramos a nossa faz 7 anos. Você vai adorar! É super exclusivo, a segurança é excelente e o pessoal que tem casa lá é ótimo!¨. Foi o que bastou para Bete infernizar a vida do marido até ganhar o seu presentinho de luxo.

- Bete? É a Lu! Tudo bem, querida? Olha, não quer nos encontrar hoje às 5? Te apresento para minhas amigas aqui do condomínio... costumamos nos reunir uma vez por mês para um coquetel no bar do tênis. Combinado?

Lógico que estava combinado. Quem recusaria um convite desses? Qualquer pessoa que frequenta o condomínio sabe que é uma honra ser convidada para o encontro desse fechado e influentérrimo grupo de mulheres. Perdeu algum tempo escolhendo o modelito certo para a ocasião. Acabou por decidir por um pretinho de verão, sandálias brancas com chapéu e bolsa a condizer e algumas bijuterias finas. Olhou-se no espelho, estava apresentável. Se tudo corresse bem, ela até poderia chegar a fazer parte do grupo. A Lu era, definitivamente, um excelente bilhete de entrada.

A caminho do bar do Clube de tênis, Bete não caminhava, mais sim desfilava, circulando lentamente de forma a chamar a atenção de todos que ali estavam. Queria que todos notassem o seu destino: a mesa! Aquela mesa de que toda senhora distinta almejava fazer parte e onde os assuntos, sussurrados e protegidos por um acordo informal, eram motivos de especulação nas altas esferas da sociedade do condomínio. Mas afinal, sobre o que falavam aquelas mulheres? Bete não queria correr o risco de cometer alguma gafe, de parecer desinformada, parola ou deslocada. Desde que chegara no condomínio, passou a assinar todas as revistas de moda, decoração e arte, leu pelo menos 3 livros sobre etiqueta e manteve-se informada sobre as peripécias do sociedade paulistana. Ela estava preparada, ela sabia que estava, mas ainda assim as borboletas voavam frenéticas em sua barriga.

- Bete! Querida, deixa-me apresentar-lhe as minhas amigas: Duda, Lelê, Prica, Feca e Jojô!

Bete estava encantada. Estavam todas lá.

- O que você quer beber, querida?

O pedido, um Martini, provocou uma risada generalizada.

- Que graça que ela tem, Lu? Já pensou? Pedir um martini? - foi a primeira gafe de Bete: ninguém mais tomava Martini. Fora de moda. Tão ¨out¨ que ninguém acreditou que podia ser de verdade o seu pedido. Bete juntou-se à gargalhada, sem compreender muito bem por quê.

- Régis!, - o nome do garçom era Jefferson, mas elas não se importavam, gostavam mais de Régis - Régis,querido, prepara um Bellini para nossa nova amiga! - ela não gostava de champagne, causava-lhe azia e dor de cabeça. ¨Dá próxima vez (tomara que haja próxima vez) tinha que trazer um Sonrizal...¨

- Então, Prica - Bellinis a postos! Era agora que começava a conversa a sério - como você está aguentando o Zé Maria?

- Meninas, não está fácil! Não me larga um minuto...

- Coitada... - Jojô acariciava a mão da Prica.

- É. E tem bebido muito, tem gasto rios de dinheiro com filmes pornô... E ele acha que esconde muito bem... na caixa do videogame, pode?!!! - risos histéricos pela mesa. Bete está meio perdida:

- Ah, seu filho está nessa idade... ficam tão taradinhos, não é? - aqueles olhares quase fizeram Bete se esconder dentro do próprio vestido.

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