A Lenda de Elvengray - Um Novo Início

"A Origem da Quarta Era"

Durante alguns anos o planeta havia voltado a ser como antes, equilibrado. O Conselho dos Seis e os Guardiões faziam tudo o que estava ao seu alcance para manter a ordem e a boa administração de todos os Reinos, com a total cooperação de seus Regentes.

Após o exílio de Khillion, Tristan havia sido escolhido como novo Regente de Rhonan, agora rebatizado com o nome de Rhenovan, na tentativa de dar um novo começo para o Reino e suas próximas gerações. Infelizmente, como os Guardiões um dia também foram Humanos, mesmo que tivessem sido escolhidos por seu bom coração, eles poderiam ser corrompidos pela Alma Negra.

Uma vez corrompidos eles aprisionavam o Allux dentro de si, sem conseguir corromper sua essência bondosa, usando seu poder para o mal e benefício próprio. Foi o que aconteceu com Luther. Cansado de viver para servir o povo de Elvengray e as vontades do Conselho, ele passou vários anos aprendendo sobre o poder dos Allux. Reuniu todo o conhecimento possível, contando com a ajuda de algumas pessoas que ficaram ao seu lado, e se tornou muito poderoso, mais do que o Conselho, mais até do que os outros Guardiões.

Completamente tomado pela Alma Negra, Luther chegou ao ponto de ser capaz de criar Mödraks. Seu exército foi formado em segredo, e os portões de Rhaesenwall abriram diante do seu poder. O Deus das Trevas havia retornado como prometido: ele se tornara Vallion, reencarnado.

Luther matou todos os Lirens do planeta e todas as raças mágicas que poderiam ficar em seu caminho. Aniquilou o Conselho dos Seis, mas antes do último Liren Regente morrer, conseguiu lançar uma Profecia. Ajoelhado aos pés de Luther, antes de ter uma longa espada cravada em seu coração, Amell, líder do Conselho, disse:

- Quando chegar a hora os Novos Guardiões se erguerão. Todas as almas da luz irão se reunir e, quando estiverem todos juntos, irão trazer equilíbrio à Elvengray, mais uma vez. Que assim seja.

Instantes depois de dizer suas últimas palavras, Luther o matou, a sangue frio, sem misericórdia, formando lentamente uma grande poça de sangue ao redor de seu corpo imóvel. Em sua busca cega pela dominação do planeta, Luther caçou e matou os Guardiões, seus próprios amigos. Eles lutaram o máximo que puderam, com esperança em seus corações de que Luther iria parar com toda aquela loucura. Todos tentaram e nenhum obteve sucesso, nem contra o exército Mödrak, e muito menos contra ele.

Khallev, que tinha muito conhecimento sobre encantamentos, viu-se obrigado a agir e realizar o maior encantamento de todos, para conseguir destruir o exército Mödrak que assolava cidades e mais cidades, a cada hora que passava. Ele deu a sua vida para lançar um feitiço que aprisionou todos os Mödraks na Dimensão-Prisão, selando os portões de Rhaesenwall, criando o chamado Selo de Khallev. Esse feitiço era um Encantamento de Sacrifício, o mais poderoso de todos os encantamentos, quase inquebrável.

O último Guardião a enfrentar Luther foi seu amigo mais próximo, seu melhor amigo, Allerion. Eles lutaram no topo de uma torre, em um castelo de pedra, no meio do Grande Deserto Congelado de Leux, em uma noite fria e silenciosa. Tudo o que se ouvia, naquela imensidão coberta pela neve, era o tilintar de suas espadas ao chocarem-se, uma com a outra, em meio aos ventos uivantes.

Allerion era o guerreiro mais forte entre os Guardiões, e, em meio a movimentos rápidos e precisos, mesmo para seu tamanho descomunal, tentava fazer seu amigo voltar atrás, arrepender-se de seus atos, mas já era tarde demais.

- Não precisa ser assim, Luther, não precisa! Você melhor do que ninguém deveria compreender! – disse Allerion, ofegante e abatido, percebendo várias partes despedaçadas de sua armadura dourada.

- Precisa sim, e você sabe disso! – respondeu Luther, igualmente ofegante, trajando fragmentos do que um dia fora uma armadura negra e portando uma espada longa. Os sentimentos visíveis em seu rosto eram nada além de desgosto e mágoa. – Será que não compreende? Se me foi dada a opção de escolher, por que ir contra a minha decisão?