Amores de Paris

Capítulo 1

" Nunca pensei vir para o mesmo país do qual a minha família veio há anos atrás.

Sempre tive uma grande atração por Londres: a língua,as pessoas,a confusão da cidade,a sua cultura no geral.

Agora...Paris? A cidade-natal da minha mãe? Quem diria?

Estou a fazer o chamado gap-year,que se traduz,basicamente,num ano onde os alunos descansam e viajam antes de irem para a Universidade.

Pois,universidade. Sim,em Paris.

Ao menos poderei usar o meu brilhante francês que não pratico há quase quatro anos."

Fechou o seu diário,levantando-se da cadeira de madeira rústica do jardim da sua casa parisiense. Olhou em volta. O seu olhar transparecia simultaneamente a ânsia de conhecer Paris e o sentimento de não saber por onde começar.

Caminhou até ao champs-elysées. Quem não soubesse que era verão ,diria que estávamos em Novembro ao olhar para aquele céu cinzento.

Paris,a cidade em constante movimento. Parecia saída de um filme.

Entrando numa pastelaria digna de ser fotografada,Sara sentou-se. O empregado,um rapaz alto e moreno nos seus vinte anos,abordou-a.

- Bonjour,mademoiselle. Je peux vous aidez?

Sara fez o seu pedido com um francês de terceiro ciclo,mas,no entanto,com um sotaque elegante.

A pastelaria era creme,realçada pelas diversas decorações. A mobília tinha uns acabamentos finos.

Deliciada,molhou os lábios no seu galão enquanto chovia lá fora,dando uma dentada no seu maravilhoso éclair de café,de seguida.

Depois da sua refeição,levantou-se,efetuou o pagamento e saiu da pastelaria. Pisando a calçada molhada,virou à esquerda sem olhar,embatendo num homem.

Enquanto se desculpava,observou-o de alto a baixo. Era uma pessoa elegante,vestida com classe,e com uma leveza no olhar.

Ficaram parados a olhar nos olhos um do outro por cinco segundos. Embaraçada,Sara seguiu o seu caminho,deixando um rasto de perfume Chanel número cinco.

" Não olhes para trás,não olhes para trás,não olhes para trás" - repetia constantemente,acabando por se virar.

Tinha esperança que o homem já não estivesse lá. Enquanto se virava,os automóveis na estrada pareciam andar em câmara lenta.

Virou-se. E o sujeito estava a olhar para ela,sorrindo. Sentindo fraqueza nas suas pernas,parecia que os seus pés nos saltos pretos finos estavam a suportar toneladas.

Correu para casa. Sentando-se na sua cama,pôs em reprodução a música "Crazy in love" da Beyoncé. À medida que escutava a melodia,todos os momentos diante daquele estranho se repetiam na sua cabeça.

Com o cair da noite,os pensamentos aumentaram,provocando-lhe uma insónia. Com uma camisa de dormir azul celestial,levantou-se e caminhou até à janela do seu quarto,apoiando as suas mãos no parapeito.

A lua parecia-lhe mais brilhante,mais encantadora do que alguma vez estivera.

Amanhã seria um novo dia e,a cada nascer do sol,há mais uma oportunidade.

A luz tocava-lhe agora no rosto da mesma maneira que as folhas de outono tocam no chão.

...