Capítulo 2

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Conseguia ouvir os passos, as conversas e brincadeiras de mal gosto. Tinha total certeza que meus olhos estavam abertos, mas não enxergava nada, apenas o escuro. Sabia que estava sobre um colchão duro e com as mãos e pernas algemadas, mas não sabia o por quê daquilo estar acontecendo. Costumavam a me dizer quando criança, que coisas ruins acontecem para pessoas más em forma de castigo por seus pecados. Não sou uma pessoa ruim, então, por que aquilo estava acontecendo comigo ?
Me mexo na tentativa de sair dali mas o objeto só aperta mais meus pulsos, me causando dor.

"Cadê a garota ?" A mesma voz da noite passada soa em outro cômodo.

" Dentro do quarto, senhor." alguém pronúncia com a voz tomada por total respeito.

" Ela está acordada ?" O homem pergunta impaciente.

" Não sabemos, senhor."

" Abram, irei entrar." ele ordena. A porta do quarto onde eu estava se abre e os sons de suas botas ecoam pelo ambiente, me causando tremores no mesmo instante. Sinto meu coração bater forte em meu peito, o desespero de não poder ver ou saber o que estava acontecendo tomar conta do meu corpo e o medo me paralisar. Ele estava perto, o homem que havia matado minha melhor amiga estava a poucos centímetros de mim, e eu não consigo ter qualquer tipo de reação.

" Vejamos..." ele diz puxando o pano preto de meus olhos. " Pele clara, longos cabelos castanhos, olhos verdes claros, nariz bonitinho, lábios carnudos..." ele passa o polegar sobre minha boca. " Vamos ver esse corpo." Suas mãos vão para a gola do vestido branco largo que me cobria. O que era estranho, pois não usava essa rouba noite passada, e saber que haviam trocado minha roupa me deixa ainda mais assustada.

" Não encosta em mim."digo empurrando suas mãos, mas isso o abala, na verdade, sua expressão fica mais divertida. Ele agarra em meus cabelos e me coloca de pé.

" Acontece que as coisas aqui funcionam como eu mando." Ele sussurra em meu ouvido e me joga contra a parede. Olho para sua mão que segurava um canivete e paro de me mexer no mesmo instante. "E eu, querida, quero ver o corpo da minha nova garota." seus lábios se curvam em um sorriso malicioso. A lâmina desliza de minha bochecha até meu pescoço onde ele deixa um pequeno corte antes de desce-la por meu peito e rasgar o tecido frágil do vestido. Seus olhos castanhos claro me analisam, seu lábio inferior estava entre os dentes e a lâmina de seu canivete passeia por meu corpo. As lágrimas voltam a molhar meu rosto assim que começo a chorar. Sou virada bruscamente de frente para a parede e recebo um tapa em minha nádega direita.

" Fiz bem em escolher você." ele diz aparentemente satisfeito, mas continua a deslizar o objeto cortante por minha bunda. Aquilo não podia estar acontecendo comigo, não conseguia acreditar.

" Por que fez aquilo com a Alison ?" Pergunto soluçando.

" Avisei a ela que foder comigo teria consequências." Ele responde com naturalidade.

" Mas por que matá-la?" Pergunto, me lembrando as pavorosas imagens que tomam conta da minha mente.

" Diversão." ele responde como se fosse óbvio." Mas precisava dela de qualquer forma."

" Pra que?" Soluço novamente e ele me vira para ele.

" Para que você viesse até mim. Vi a forma que dançava e aquilo me chamou a atenção."

" E como pôde ter certeza que eu iria atrás dela ?" Pergunto e sinto a ponta da faça ser enfiada em meu braço, me fazendo gritar de dor.

" Acha que trabalho sozinho ? Tinha alguém lá para garantir que iria atrás de sua amiga." Ele fala olhando no fundo dos meus olhos.

" Alexander..." sussurro.

" Quem suspeitaria do barman boa pinta?" Ele pergunta e, ao não receber uma resposta, o mesmo abre um sorriso maligno."Exatamente, ninguém."

" Ela não merecia ter passado por isso." É tudo o que eu consigo falar.

" Posso te garantir que o que ela passou não se compara com o que você irá  passar." ele ri e gira a faca em minha ferida." vou te mostrar o inferno, por isso, se acredita em Deus, comece a rezar logo." Ele tira o objeto cortante de meu braço e caminha até a porta, antes de sair, ele se vira para me olhar e abre um sorriso perverso.

" Irão vir atrás de mim !" Grito entre o choro.

" Pelo o que fiquei sabendo, a jovem universitária de 18 anos, Skye O'brien, foi encontrada queimada esta manhã. E até agora ninguém tem informações sobre o caso." ele ri e sai do cômodo batendo a porta com força. Monstro, era exatamente isso o que ele era, um monstro.
Limpo o rosto com esforço já que ainda estava algemada, e vou até o colchão velho e sem lençol. Aquele quarto deveria ser de tortura. Não havia nada ali além de uma cadeira de ferro, no meio do cômodo,  o colchão onde estava deitada, uma mesa e um armário também de ferro. As paredes não eram pintadas, ainda se mantinham em cimento manchado de sangue, assim como o chão, e a pequena janela era coberta por grades.
Tento voltar a me tampar, mas o máximo que consigo é a barriga.
Meu nariz encontrava-se completamente entupido, meus olhos já doíam de tanto chorar, o sangue do corte em meu braço já estava seco. Estava presa ali a horas e nem um copo de água eles me deram, sentia fome, sede e meu estômago já fazia barulho. Meu cheiro não era agradável e meu corpo se encontrava coberto por suor. E, algumas horas mais tarde, a porta range e o barulho de saltos interrompe o silêncio que pairava no local.

" Levanta." Uma mulher ordena antes de me chutar e me livrar das algemas que me prendiam.

" Pra que ?" Pergunto baixo.

" Não devo satisfação. Agora levanta!" Ela aumenta seu tom de voz e me chuta novamente. Faço o que me é mandado e quando já estou em pé, ela segura em meu braço e me guia para fora do cômodo.

" Onde vamos ?" Pergunto.

" O senhor Malik me mandou levá-la ao seu novo quarto e cuidar de você. " ela responde sem humor.

" Não preciso de cuidados." digo ignorando totalmente meus machucados. Eu apenas não queria que tocassem em mim.

" Como se tivesse opção." Ela revira os olhos."Acha mesmo que eu queria ter que dar uma de faz tudo e cuidar da nova puta dele ? Não mesmo." Sua voz era carregada por desprezo, ao menos parecia abalada com a minha situação.

" Não sou puta e sim uma universitária."

" Não é mais, no momento em ele colocou os olhos em você e te trouxe para cá, toda sua vida antiga deixa de existir e você vira apenas uma boneca." Ela diz. Sinto meu corpo perder a força e minhas pernas fraquejarem, tento me agarrar em qualquer ponta de esperança, mas não encontro nada.

" Mas quando ele desistir..." sou interrompida por sua risada.

" Ele não desiste, apenas cansa e parte para outra."

" E o que acontece com a garota que ele usou ?" Pergunto com a voz trêmula. Ela me puxa pelos corredores e para em frente a uma de muitas janelas.

"Isso." ela responde apontando para um 'pequeno' cemitério atrás do enorme jardim morto em seu quintal.

( E aí babes ! O cap foi curto é que passei o dia pensando no que escrever e agora de madrugada saiu essa COISINHA curta. Bom, esse tema é novo para mim já que é a primeira vez que escrevo algo do gênero, por isso se torna mais complicado do que as outras. Mas espero do fundo do meu coração que vocês gostem. Comentem e Favoritem. Amo vocês ❤️.)

Baby Girl: LOST (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now