eu acredito em fadas.

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uma música tocava baixo; sentimental, quase imperceptível, delicada mas fazia o garoto sentir algo, o lugar simplesmente sentia diferente em seu redor, ele não ousava questionar este conforto. as paredes em bege, prateleiras em todas as paredes, no caixa um garoto sorridente que jisung podia jurar ver nele um brilho diferente. Sentou-se em uma das mesas do café, de costas para a porta e para o garoto - não queria admitir, mas ele o intimidava - enquanto observava os livros que havia ali. a planta sobre a mesa chamou a sua atenção por alguns segundos, era um cacto e park teve que segurar a sua vontade de tocá-lo. o que ele presumiu ser o garçom daquele pequeno café se fez presente com um pequeno suspiro.

— olá, é um prazer tê-lo aqui. em que posso ajudar? — disse o garoto de cabelo lilás, entusiasmado.

— é minha primeira vez aqui, então não sem bem o que pedir ainda. — se sentia envergonhado, não sabia porquê, mas tentava ao máximo não demonstrar.

— bem, me diga sua bebida favorita de todas existentes no mundo inteirinho. —  o garoto sorriu grande ao dizer.

— chá de jasmin? — aquilo soou mais como uma pergunta do que uma resposta, jisung se xingou mentalmente.

— um instante, por favor. — o garoto se virou e entrou numa pequena porta que park não havia notado antes, atrás do balcão onde estava o garoto radiante.

voltou sua atenção às prateleiras notando que nunca havia visto os livros que havia ali, todos pareciam de fantasia.

— pode ler o que quiser enquanto espera seu pedido. chenle vai trazê-lo em alguns minutos. — ouviu uma voz grossa dizer, se virou e viu o garoto de cabelos rosados ao seu lado; de perto, ele parecia ainda mais bonito. era indescritível o rosto, a postura, tirava o fôlego do menino. de certo, park nunca esqueceria aquele ser.

— oh, obrigado. — se levantou, observando mais de perto os livros que estavam ao lado de sua mesa. eram de fantasia, como havia anteriormente. pegou o que parecia mais interessante, uma capa de couro e um nome gravado em dourado chama a atenção de qualquer um. o outro tinha uma expressão curiosa que em instantes se transformou em alegria ao ver a capa do livro que o Jisung escolheu.

— esse é um dos meus favoritos. tenho certeza que irá desfrutar bastante de sua leitura. — se virou ao terminar a frase, nesse momento um menino de cabelos loiros entrou na cafeteria.

— jaemin! hoje foi um dia daqueles, me diverti bastante com o grupo do lado oeste. uma pena que mark não estava lá, ele é o melhor quando se trata de esportes. — quase gritava de tamanha alegria, o uniforme de futebol que usava estava encharcado de suor.

— jeno! modos, há clientes aqui. fale baixo, por favor. tome um banho e só depois você vem me contar sobre suas travessuras. — jaemin parecia tentar, mas não conseguia esconder o carinho em suas palavras. ao chegar ao fim de sua bronca, já tinha um sorriso grande em seu rosto.

chenle finalmente terminou o pedido de jisung e o pôs em sua mesa, junto do chá havia algumas bolachas em formatos de animais.

— aqui está, espero que aproveite bastante de sua comida e do livro. qualquer coisa que precisar basta me chamar! sou zhong chenle. — se curvou e saiu saltitante, bagunçando o cabelo de jeno antes de passar pela pequena porta novamente.

jeno o seguiu, abaixando um pouco a cabeça ao passar por causa de sua altura. e Jisung começou sua leitura, enquanto esperava o chá esfriar. logo entrou em um ritmo maravilhoso, a estória sobre gnomos, fadas e outros seres era hipnotizante. quando reparou, já tinha comido todos as bolachas e tomado todo chá, estava no capítulo 5 e simplesmente não conseguia largar de tanta curiosidade. tirou o olhar das páginas quando percebeu jaemin sentado em sua frente, o sorriso em sua face como sempre.

— nós vamos fechar em alguns instantes, me desculpe. você pode alugar o livro e levar para casa se quiser.

— vou levar, obrigado. — se levantou e jaemin o seguiu, pagou o que devia e andou em direção a porta. parando apenas quando ouviu o de cabelo rosado dizer algo.

— o livro se torna ainda mais fascinante quando descobre que é baseado em fatos reais. — o olhar que tinha não carregava brincadeira alguma, soava sincero e jisung se assustou.

— mas é de fantasia, sobre fadas e outras coisas.

— eu sei, park jisung.

o garoto saiu do café, sentindo-se atordoado. após caminhar por alguns segundos, riu de si mesmo por pensar que o outro falava sério. ainda era cedo, 9h da noite, então caminhou até um parque que ficava perto de onde estava, sentou-se sob os galhos de uma árvore e continuo a ler.

após dois capítulos, jisung tinha perguntas demais em sua cabeça para focar-se em mais alguma página. observou tudo que estava ao seu redor e notou algo que o fez rir, lá estava jaemin deitado em um banco com a face encarando o céu. park se levantou e se aproximou sorrindo.

— me seguiu? — disse ao estar ao lado do outro, reparou que este tinha os olhos fechados.

— não, juro que foi pura coincidência. — não se moveu ou olhou para o mais novo, só sorriu.

— o que quis dizer? e como sabia meu nome? — jaemin se sentou como se estivesse pronto para contar uma longa história ou uma grande novidade.

— sente-se, park jisung. — ele se sentou. — eu sou uma criatura mágica que tem milhares de anos que criou o café numa chance de encantar todos e dominar o mundo inteiro! vou começar pela parte que mais tem gente e então, em um piscar de olhos! woah! o mundo é só meu!

— tá tirando uma com a minha cara, não é?

— sim. você tinha que ver sua expressão, estou certo que por pelo menos segundos você acreditou no que eu disse. — jisung deu um pequeno soco em seu braço e se recolheu ao perceber o que fez.

— mas então, como descobriu meu nome? e o que realmente queria dizer?

— a gente estudava na mesma escola no fundamental e eu te reconheci. você foi meu primeiro amor então eu lembro de você, mas acho que não lembra de mim. e eu não quis dizer nada, eu só te conheço e sabia que aquilo ficaria martelando na sua cabeça, queria te dar um susto. — naquele momento jisung parecia extremamente decepcionado e ele realmente estava.

— você é o irmão de na daekang, não é? na jaemin, o garoto sorridente da turma A do primeiro ano. eu te via pouco na escola, acho que por isso não reconheci de primeira e naquela época você não tinha cabelo rosa. e eu falava mais com seu irmão, por ser da minha turma. — jisung sussurrou, então se encostou no banco e fechou os olhos, suspirou.

— nenhum comentário sobre a parte do "meu primeiro amor"?

— nah, porque sei que você gostava de mim por não me conhecer.

— você continua o mesmo.

— como sabe se nunca conversamos? — abriu os olhos e encarou jaemin.

— daekang falava muito de você, sempre dizia que se preocupava bastante sobre sua baixa autoestima. lembra do café e dos biscoitos que ele te levava toda manhã? era eu quem fazia, eu aprendi muito sobre ti graças ao meu irmão.

— eu adorava os biscoitos, você fazia eles com temas. nas segundas, eram meus desenhos favoritos; nas terças, animais e flores. todo dia algo diferente.

— eu aprendi tanto sobre você, o suficiente para me apaixonar. — o peito de jaemin doía, ele riu mentalmente ao perceber que ainda se afetava.

— me dá uma chance de conhecer você? eu quero entender sobre seus planos de tomar conta do mundo, sobre suas habilidades de fada. — a alegria que jaemin tinha nos olhos poderia mudar o mundo; ou pelo menos, o mundo de jisung.

— será um prazer te apresentar a magia do mundo.

— oh! seremos como tinker bell e peter pan!

— não quero ser tinker bell...

— tinker bell! não desacredite de si ou você vai morrer, que perigo!

naquela noite jisung recebeu uma bronca de sua mãe ao chegar em casa de madrugada, mas ele estava feliz. tão feliz como uma fada em um rio de pó mágico.

tão feliz quanto o menino jaemin.

tinker bell e peter pan. Onde as histórias ganham vida. Descobre agora