Gabôr

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Há milhares de anos, uma grave enfermidade caiu sobre a esposa de um grande rei chamado Duncan. Dia a pós dia, a soberana definhava sobre a cama e nada parecia ser capaz de restituir-lhe a saúde. Sem entender a causa para o que estava acontecendo, a majestade usou de todos os recursos que tinha para restaurar a saúde de sua rainha. Até mesmo pagou volumosas quantias aos curandeiros dos recantos mais distantes para que viessem salvar a vida de sua amada, mas todos falharam sem nem mesmo descobri qual era a doença que pairava sobre a corte.

Então, um certo dia, o rei estava sentado, já conformado em seu trono com o destino de sua esposa quando um de seus empregados veio lhe falar sobre uma figura estanha, que aparecera repentinamente em frente ao castelo. O visitante disse saber do mal que estava assombrando o palácio e ainda, que ele, tinha a cura. A dúvida tomou conta do monarca que, mesmo incrédulo quanto aquela novidade, permitiu que trouxessem o homem à sua presença. Duncan, assim como todos do castelo, surpreendeu-se. Os longos cabelos brancos da figura se destacavam sobre suas vestes negras. Era um homem alto, magro, com uma espécie de toalha envolta dos quadris. Disse ser um Artesano e chamava-se, Gabôr.

Artesano? Nunca ouvi falar! – questionou o rei.

— Pertenço a uma falange remota no tempo e de suas terras, meu senhor. E não nos agrada a exposição. – explicou o visitante.

— Imagino então que essa seja uma exceção. – ainda disse a majestade.

— Certamente! – confirmou o outro. — O seu generoso pagamento é conhecido em todos os cantos. – justificou sob o olhar desconfiado de todos. — Posso trazer à rainha à uma vida saudável novamente, apenas me leve até ela. – o Artesano concluiu pedindo.

O palácio, em unanimidade, julgou aquilo uma loucura. Obviamente o rei jamais iria expor sua mulher a alguém qual a procedência era desconhecida, misteriosa, no entanto, o desejo de Duncan em ver sua amada vivida outra vez foi maior do que a razão. A figurava foi levada ao quarto real e lá, permaneceu sozinho com a enferma. No quinto dia, quando a impaciência já lhe corroía por completo, o rei percebeu o erro que tinha cometido. Quando estava prestes a entrar no cômodo a porta então se abriu, de lá, a rainha surgiu corada. Então, o nobre percebeu que sua decisão havia sido profícua. O Artesano recebeu o que lhe era de direito, uma quantia inestimável. Vendo que o alquimista seria de grande utilidade, Duncan lhe concedeu morada em seu reino. Com o tempo, Gabôr tornou-se conhecido entre os nobres, sendo considerado um amuleto de proteção, mas junto à saúde da rainha, vieram também sussurros durante as madrugadas.

O rei, então percebeu que algo estava errado. Sua mulher, todas as noites chamava por Gabôr enquanto dormia e no amanhecer não sabia dar satisfações sobre o que estava acontecendo. O que Duncan não imaginava, era que ele estava sendo ludibriado e seu curandeiro havia posto sobre sua amada um feitiço de persuasão negra. Ao tomar conhecimento sobre o perigo que o alquimista representava aos seu império, o rei convocou o Artesano e ordenou que deixasse a região ou seriam um homem preso e decapitado por traição. Gabôr, defendeu-se dizendo: Tanto sou livre, quanto não sou um homem. E essa declaração fez com que acabasse enjaulado e condenado a morte. Mas na noite anterior a sua execução, a rainha o libertou da prisão e o bruxo tirou a vida do rei. Em questão de dias Gabôr teria um reino persuadido, mas os nobres da região se uniriam para subjugar o rei-bruxo. O conflito esparramou sangue nunca antes registrado, mas algo muito pior estava acontecendo em meio ao confronto.

Os soldados que não caiam em batalha eram persuadidos e acabavam integrando ao exército do inimigo. Para impedir a expansão do império negro, os homens recorreram a Ordem de Solis; um seleto grupo formado por grã-alquimistas na terra natal de Gabôr. Mas assim como veio ajuda, tantos outros juntaram-se a causa do bruxo. Homens e Artesanos lutaram juntos e entre si, mas por fim Gabôr foi capturado. Como sua persuasão era de origem negra, era necessário que fosse selada. Depois de decapitado, a cabeça de Gabôr foi lacrada no próprio castelo tomado por ele, lugar que acabou se tornando sua cripta. Então, um acordo foi feito entre homens e Artesanos. A decisão exigia a proteção incondicional ao selo para que a persuasão não pudesse ser libertada novamente. Assim, nasceu; O Acordo de Gabôr.

continua....

ElleanorWhere stories live. Discover now