— Você está sozinha?
— Estou — respondo com rispidez.
— Você não devia estar dirigindo.
Não quero esse tom paternal.
— Eu sei.
— Você está em perigo ou ferida?
Caio na gargalhada, surpresa por não conseguir nem rir sem parecer raivosa. Mas a pergunta é absurda para mim. Eu estou morrendo.
— Raio de Sol, cala a boca por um momento e fala comigo. Você precisa que eu ligue para a emergência? Porra, o que está acontecendo? — Ele parece estar
com medo.Balanço a cabeça como se ele pudesse me ver.
— Não, não. Eu só estou… Estou com muita raiva, Noah. Só isso. — E sem palavras porque minha mente está embrulhada em uma bola amarga e cheia de ressentimentos. Não sei o que dizer, então repito: — Estou com raiva para caralho.
— Ah, merda, fique à vontade, tem bastante espaço na minha vida para a raiva. — Ele entende. Foi por isso que liguei para ele, afinal. — Estou distribuindo porções generosas de fúria. Me sinto melhor sabendo que não sou o único nesse desastre com problemas de raiva. Então, manda ver. Joga essa porra toda em cima de mim.
E eu jogo. Um grito explosivo e firme cheio de palavrões sai de mim. Estou xingando tudo, gritando perguntas, batendo no volante e limpando lágrimas quentes e furiosas. De vez em quando, Noah se junta a mim, gritando afirmações.
Às vezes, ele espera uma pausa minha e aproveita a vez dele, e às vezes ele só sai falando junto comigo. Ele não está gritando comigo, ele está gritando junto comigo.
Depois do que poderiam ter sido horas, mas que provavelmente foram minutos, paro de gritar. Na minha explosão, perco totalmente a noção de tempo e espaço.
Alguns minutos se passam até que meus batimentos desacelerem e minha cabeça fique lúcida. Minhas lágrimas acabam parando e consigo respirar normalmente. Minha garganta está apertada e minha cabeça está doendo um pouco, mas estou calma. Do outro lado da linha, Noah também fica quieto.
O silêncio surge entre nós. Sei que ele está me dando o tempo que eu preciso. Ele ficaria o dia inteiro assim e não diria uma palavra se eu precisasse.
Minha voz soa rouca quando decido romper o silêncio.
— Noah .
— Sim, Raio de Sol. — Ele soa como ele mesmo novamente. Calmo.
— Obrigada. — Sinto como se um peso enorme tivesse sido tirado de cima de mim. E agora preciso pedir desculpas. — Desculpa, cara.
Ele ri.
— Não esquenta. Você está se sentindo melhor?
Consigo sorrir agora.
— Sim, estou.
— Que bom, eu também. Acho que devíamos ter feito isso há semanas.
— Acho que devíamos ter feito isso há meses. — E estou falando sério. Foi tão bom botar tudo para fora.
— Raio de Sol, você sabe que eu te amo toda feliz e adorável no seu mundo de raios de sol e arco-íris, mas você fica gostosa quanto está com raiva. Eu curto gatas agressivas. E isso foi agressivo pacas.
Ele sabe que vou dizer, mas não consigo me segurar.
— Não enche. — Até reviro os olhos.
— Acho que vou rebatizar você como Semente do Demônio.
— O quê? Mostro meu lado sombrio e agora tenho que ser a porra do anticristo? Não gostei disso. Por que não posso ser Vaca Furiosa?
Ele ri muito, e meu coração infla porque não ouço essa gargalhada há um mês. E eu amo essa gargalhada.
— Ah, cara, parece que minha sessão de terapia acabou, então é melhor eu ir. Preciso ir pra casa.
— Claro. Dirija devagar e mande uma mensagem quando chegar lá. E não vai mais dirigir depois de hoje.
— Sim, senhor. Eu te amo, Noah.
— Eu também te amo, Vaca Furiosa. — A voz dele está baixa e dramática. Ele faz uma pausa porque sabe que não vou desligar. — Eu só estava experimentando — diz ele com inocência.
— Acho que não gostei.
— Nem eu
— Eu também te amo, Raio de Sol.
— Assim está melhor. — Eu gosto de ser Raio de Sol. Gosto muito.
✨✨✨
Oi meus amores, espero que tenham gostado do capítulo!
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Bjjs, amo vocês 🥰💙
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Raio de Sol | Beauany | CONCLUÍDA
RomanceSegredos. Todo mundo tem um. Alguns são maiores que os outros. Alguns, quando revelados, Podem curar você... E outros podem acabar com você. "Faça épico", costuma dizer Any quando quer estimular alguém a dar o melhor de si. Nascida numa família-prob...