🌻VINTE E DOIS🌻

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Ele nem respondeu, apenas começou a comer, mastigando um pouco rápido demais.

Eu fui até lá e peguei uma maçã, não estava com fome, na verdade, não estava com disposição pra muita coisa.

— Vão fazer o que hoje? — Perguntei, para quebrar o silêncio e os murmúrios de mastigação.

— Eu vou ver Jasmine, e bom, Chris vai sei lá, colar caramelos de chocolate num poste por aí com Eliza. — Nath, que era o único que não estava comendo, olhou de esguelha para o que estava mastigando pizza, rindo.

Passamos algumas horas encarando um ao outro, enquanto observávamos gotas de chuva brotarem na janela embaçada da cozinha, de vez em quando.

Depois que ambos comeram, acompanhei os dois até a porta da frente, e a abri.

A neblina estava se tornando mais densa, enquanto pequenas gotas caíam no gramado. Não se via sinal algum de pessoas caminhando nas ruas, apenas o frio se instalava ali.

— Realmente não entendo como você está sentindo calor, cara, você deveria procurar algum médico, pode ser febre, não é? — Nath perguntou.

Assenti que sim com a cabeça, até que Chris falou por fim:

— Bom, vamos indo, tchau Logan!

Sorri para eles, fechando a porta.

Assim que fechei, me encostei na mesma, olhando para o teto da sala e colocando as mãos sobre o peito.

Calma, não é absolutamente nada.

Respirei fundo.

Uma gota de suor se formou em meu rosto, e escorreu pelo pescoço, até cair no piso.

Respirei fundo novamente.

Dei uma tossida.

Então pensei que talvez se eu tomasse um banho aquilo pudesse melhorar de alguma forma.

Arrastei meus pés até a escada, segurei o corrimão, e comecei a subir.

Não havia sinal da minha mãe, nem do Billy, talvez ela tivesse saído.

Meu pai, pela sua sensibilidade a tudo, talvez devesse estar dormindo ainda.

Abri a porta do banheiro, e adentrei. Acendi a luz, tranquei a porta e me despi.

Respirei fundo novamente antes da água começar a escorrer pelo meu corpo.

Eu sempre suava em excesso desde criança, sempre me faltava ar quando eu andava...mas eu pensava que isso era só quando eu corria, não enquanto eu estava parado. Talvez Nath tenha razão, que seja uma febre ou algo do tipo.

Passei o sabonete pela minha pele, que deslizava como os patinadores deslizam sobre o gelo, leve e suavemente. Espumas foram se formando, e passei a água pelos meus braços e pernas, até todo o líquido, junto com o suor, escorrer pelo ralo.

Minhas mãos tocaram no metal frio, na qual eu desliguei o chuveiro, abri o box e joguei uma toalha sobre o meu ombro.

Ainda escorria água pelos meus pés, que afundavam no tapete felpudo e preto que tinha em frente ao espelho. Me aproximei do objeto que estava embaçado, igual as janelas lá embaixo por causa do frio e da neblina. No meu caso, era por causa do vapor da água.

As gotículas escorriam pelo vidro como se fossem apostar uma corrida, até eu passar a mão direita para o lado, esfregando-as para que eu conseguisse me ver através do reflexo.

Meu rosto parecia cansado, e mais pálido do que o normal. Pensei que o banho resolveria algo, mas pelo que parecia, minha expressão de incômodo continuava, com minha boca contraída pela fadigação.

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