Ele pensa em como é viver num mundo onde a menção de Audrey não trouxesse o amargo que se espalha dentro dele. Como é viver num mundo sem uma ferida aberta no peito.

"Tudo bem, eu só" ele agacha para alcançar a corda na árvore, "lembrei disso. Acho que nunca conheci ninguém que amasse mais o natal– ou o quatro de julho. Viu todas aquelas caixas de decorações?"

"São muitas"

"Não é?" Harry concorda, de repente tomado de emoções. Ele tenta respirar, dentro e fora, mas elas atropelavam ele como um caminhão, "E agora eu odeio isso, Louis. Tudo isso. Eu não quero fazer isso de novo, não posso."

Nem registra quando o garoto invade seu espaço, mas não se importa. Harry balança como uma folha, ofega, tentando encontrar qualquer equilíbrio interior. Por que ele merece ficar e Audrey não? Louis diz algo, há mãos em seu rosto, mas ele está tendo dificuldades para voltar à realidade e ficar. Dói.

"Harry, ei. Não. Por favor, preciso que você respire", ele ouve, sabe-se lá se quanto tempo depois, e então dedos de Louis estão tocando seu rosto molhado, "Pode fazer isso? Pode?"

Quando consegue, Harry percebe que está chorando. Ele se arremessa para longe do toque e enxuga o rosto freneticamente,

"Eu sinto muito"

Cai sentado no chão frio da garagem.

"Não- não vamos dizer isso", o garoto se apressa em falar, entendendo que o espaço que Harry criou é necessário. Ele precisa disso agora. "Você não tem que... não precisa me dizer isso, okay? Só- só respira. Eu sei que consegue fazer isso. Você consegue."

Lágrimas ainda caem, "Ok"

"Bom", o cuidado na voz de Louis faz o pânico derreter só um pouco– faz ficar mais fácil manter o foco, mas a árvore caída deixa ele instável, ganhando espaço no vazio dentro dele. "Como estamos indo?"

"Não posso ficar com ela", ele quase sussurra.

"Nós devolvemos"

Harry abraça os joelhos. "Eles não aceitam devoluções"

"Eles vão", Louis assegura.

Ele percebe que o mais novo encontra um lugar distante o bastante para sentar e eles dividem o silêncio por alguns minutos, até que Louis oferece, doce "O que você acha de voltar lá dentro?"

"Ok"

+

É Natal. Véspera.

Louis está tentando não surtar um pouco com a notícia que acabou de receber– de primeira mão, sabe? No momento em que dá de cara com a mãe na cozinha e há um banquete colorido e suspeito na mesa, ela anuncia.

Está grávida. Sua mãe. Grávida.

"Seu pai queria contar antes, mas eu queria que os três primeiros meses passassem logo, sabe... Porque, Lou, eu não tenho mais a melhor idade pra isso, amor."

Ele puxa ela para um abraço, "mas você vai ficar bem, não vai?"

"É o que todos os meus exames indicam"

Uau. Ele tem lembranças não nítidas de uma infância solitária, implorando por um irmão ou irmã– a resposta era sempre a mesma: 'Você é tudo o que precisamos, Lou'. Quando ela aperta ainda mais o abraço, ele sente que por mais inesperado isso fosse– é exatamente o que ela quer.

Mas Louis ainda está processando isso quando recebe uma mensagem de Harry.

'Feliz Natal."

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