08 - Paranóias

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Falando em entrevistas, ultimamente — além de conspirar —, ele também andara fuxicando a biblioteca particular de Remus, na qual ele nunca havia pisado antes. Lá, ele encontrou uma edição antiga do Profeta Diário, onde havia um trecho de uma entrevista com Garrick Ollivander. O homem em questão era, simplesmente, o dono da maior e mais famosa loja de varinhas da Grã-Bretanha: Ollivander's. Isso sem mencionar que além de fabricante, também era um grande estudioso da área.

"OLLIVANDER REVELA:

Ah, sim, Rita. Pena de fênix é sem dúvida um dos núcleos mais raros e eficientes que existem. São capazes de maior variedade mágica, embora, quando comparadas a outras, como pelo de unicórnio ou corda de coração de dragão, possam parecer demorar para revelar isso. Não estou blefando quando digo que são exigentes em questões de escolher um proprietário. Sempre persistentes, se mostram bem resistentes à tentivas de apoderação. Sua lealdade é duramente conquistada, tanto que ambos sabemos que só uma pessoa foi capaz de tal ato.

Apesar de ser um ser impiedoso, desalmado, cruel e todos os outros adjetivos negativos que existam, Aquel"

Aquel o quê? Seria esse o nome de alguém? Era difícil dizer, o texto estava incompleto. Provavelmente alguém recortara de propósito, ou vai ver era o tempo agindo.

De qualquer forma, Harry não pôde deixar de recolher o jornal, afinal pena de fênix era o núcleo de sua varinha! Era louco pensar que só duas pessoas na história conseguiram a tarefa de fazer o núcleo servi-las bem, e mais louco ainda pensar que ele, Harry James Potter, era uma delas.

Lembrava-se claramente do dia que passara no Beco Diagonal, quando adentrou as grandes portas de madeira que guardavam a loja de que tanto ouvira a respeito.

"— Me perguntei quando o veria, sr. Potter — exclamou o ancião, encarando-o com uma felicidade descomunal em seu tom de voz.

Garrick, ainda sorrindo, logo fora ao seu encontro, e Harry correspondeu o olhar. O senhor sorria abertamente, como se tivesse acabado de ganhar algum prêmio. Observando-o mais de perto, pôde analisá-lo mentalmente. Com traços claros de velhice, possuía linhas faciais bem definidas, cabelos grisalhos e grandes orbes em um tom de azul muito claro — assemelhavam-se à duas luas brilhando na penumbra da noite. Trajava vestes simples, porém elegantes.

— Tem as mesmas esmeraldas de sua mãe, sabia? Me lembro bem de quando a doce Lily viera comprar sua primeira varinha. Vinte e seis centímetros, farfalhante, feita de salgueiro. Uma ótima varinha para encantamentos — contou animado. — Claro, também me recordo de quando foi a vez de seu pai. A varinha que o escolheu tinha vinte e oito centímetros, flexível, feita de mogno. Sem dúvidas um pouquinho mais poderosa do que a de sua mãe, e ótima para transfiguração — comentou, passando a mão nos cabelos e se movimentando para perto da escada.

— O senhor disse que... a varinha o escolheu?

— Certamente. Para nós, estudiosos da arte de fabricar varinhas, sempre ficou muito claro que a varinha escolhe seu dono, sr. Potter, e não ao contrário. — Fez uma pausa, suspirou e continuou. — Imagino que será um freguês difícil, mas vejamos... Prove esta. — disse, lhe entregando. — Vinte e três centímetros, bastante flexível, núcleo feito de corda de coração de dragão.

Se chegou a segurá-la por 5 segundos foi muito. Ollivander logo a retirara de sua mão.

— Dezoito centímetros, elástica, bordo e pena de fênix. Vamos lá, experimente.

Little Things - WolfstarOnde histórias criam vida. Descubra agora