Ele depositou uma quantidade razoável do produto na palma da sua mão.

— lavando seus cabelos.

— Theodor, eu sou capaz de fazer isso sozinha.

Ele não me respondeu, apenas inclinou sua sobrancelha, uma ordem silenciosa para me calar e deixar ele fazer o que quer que fosse.

— você é estranho - ele parecia entediado com meu comentário — além da minha compreensão.

Completei e ele fez um movimento giratório com seu dedo indicador. Me virei e a mulher vaidosa dentro de mim precisou alertá-lo:

— não passe no meu couro cabeludo.

Ele fez um som parecido com um bufar, mas eu não tenho certeza.

— já observei você lavar os cabelos.

Ok, pensei.
Theodor lavou meus cabelos, foi o momento mais estranho e igualmente reconfortante, sobretudo quando ele me secou, eu nunca iria compreender as complexidades daquele homem.

— vamos fazer compras, tome seu tempo, vou me vestir e resolver alguns pontos com Hernandes.

Assenti, ele me beijou antes de se virar para o seu lado do guarda-roupa. Eu tinha um sorriso de orelha a orelha. Não importava para onde estávamos indo, contanto que eu estivesse saindo.

Theodor

Estava no escritório com Hernandes e Pedro.

— devemos tomar alguma providência quanto aos irmãos do Raul?

— não, vamos manter os dois sob vigilância. Eles dão um passo em nossa direção e nós agimos. Envie seis dos nossos melhores homens para Bolívia.

Hernandes assentiu.

— quanto tempo até a carga chegar em Brasília?

Pedro analisou a tela do seu aparelho celular antes de responder.

— em dezessete horas.

— mesma rota para a entrega das antiaéreas para daqui a dois dias.

Hernandes tinha suas anotações.

— confio em vocês para manter a ordem enquanto estiver fora, de qualquer forma, estarei com o aparelho via satélite apenas no caso de algum contratempo.

— os seus dispositivos rastreadores já estão sincronizados aos nossos aparelhos.

— adicionem o programa de monitoramento para temperatura e batimentos cardíacos.

Ouvi a resposta afirmativa de ambos, olhei a tela do meu celular, pude ver Cecília através do sistema de vigilância, ela estava caminhando em direção a escadaria.

— os carros estão prontos?

Perguntei pegando minha própria chave.

Hernandes assentiu se preparando.

Encontrei Cecília no hall de entrada, sua beleza era surreal.

— pronta?

— sim, com certeza.

Cecília

Theodor estava dirigindo dessa vez, ele tinha sua mão direita em minha coxa, retirava apenas para trocar de marcha.

Estávamos com os vidros fechados gostava do ar condicionado, mas eu desejava abrir o vidro e curtir o vento do fim de tarde, me virei para Theodor.

— posso baixar o vidro por um momento?

Ele acionou o botão abaixando as janelas.

— obrigada!

Aprisionando PássarosOnde histórias criam vida. Descubra agora