A tragédia

19. eyeless

Ainda na galeria, seu tempo foi dividido em dois projetos. Ela passou a maior parte do tempo preparando obras de arte para a próxima exposição, que será inaugurada depois que ela se formar. Felizmente, a maioria das pinturas já estava limpa e pronta do comprador. O resto de seu tempo gasto foi pintando. Jennie se lembra da época em que Manoban disse que seria modelo para ela, então ela decidiu pintar um retrato de Lalisa de memória como uma forma de enfrentar a situação. Tem sido mais fácil do que ela pensava, lembrando-se de todos os pequenos detalhes.

Naquela noite, a morena passou um tempo com Jiwoo em seu apartamento depois do trabalho. Jisoo estava em um encontro com Rosé. Jennie sabe que as mulheres estão se revezando para sair com ela. Kim raramente está sozinha e é grata por isso. Todo o tempo gasto sozinha geralmente é passado na cama e chorando. Quem diria que um rompimento demoraria tanto para se curar.

Jiwoo pediu comida, e elas estão sentadas no mesmo sofá, viradas e focadas em um dos filmes favoritos da morena. A cabeça de Jennie está em outro lugar, pensando sobre o que Lalisa está fazendo esta noite ou como Haeun está. Ela não fala com Manoban desde que ligou naquela noite e a conversa delas durou pouco. Jennie desligou depois de ouvir Lisa dizer seu nome quando ela atendeu. A mulher tentou ligar de volta, mas a morena não atendeu. Ela não conseguia ver nada além das lágrimas nos seus olhos.

Jennie tenta focar no seu filme favorito e afastar esses pensamentos da sua mente, enquanto sussurra um pequeno trecho do filme junto com o personagem. — As pessoas sempre falam sobre como o amor é algo totalmente altruísta, mas se você pensar sobre isso, não há nada mais egoísta.— A morena solta uma risada, o que Jesse do filme Antes do Amanhecer sabe sobre o amor?

Depois de alguns minutos de completo silêncio Jiwoo pergunta. — Como estamos?

Jennie pode sentir seus olhos nela. Com muito medo de se virar, ela responde enquanto olha para a frente. — Estamos bem, eu estou bem.— Seu tom é bastante áspero e cheio de tristeza.

Kim espera que a mais velha capte seu tom e não continue essa conversa, mas Jiwoo nunca foge de uma conversa difícil. — Você falou com ela?

— Não.— Jennie responde rapidamente.

Os olhos da morena começam a lacrimejar. Sua visão embaça quando ela sente algo mudando ao lado dela. O braço de Jiwoo envolve o ombro de Jennie e a puxa, Kim rejeita a princípio, mas depois se deixa abraçar por sua família. Seu corpo fica fraco como se seus ossos se desintegrassem. O conforto que sua tia destrói as paredes de Jennie. As lágrimas que ela segurou por tanto tempo começam a escapar. Uma cachoeira de emoções flui de seus olhos.

Kim passa a noite na casa de Jiwoo. Depois de uma longa discussão, Jiwoo finalmente permitiu que Jennie dormisse no sofá, apesar de oferecer sua cama. A sala está escura agora. A única luz que vem da fresta da porta aberta do quarto da Kim mais velha. Jennie está deitada em posição fetal no sofá, a cabeça apoiada em um travesseiro e coberta por um cobertor pesado. A tristeza em seu peito é tão insuportável.

Ela encara a escuridão, com muito medo de fechar os olhos. Parece que ela está perdendo um pedaço de si mesma. Ela não culpa Manoban. Lalisa teve que ir, e ela sabe. Mas isso não para a dor nem para as memórias. Jennie sente muito a falta dela. Por fim, ela fecha os olhos e mergulha na vastidão de sua mente.

(...)

Os olhos de Jennie se arregalam. Ela não sabe se ouviu as palavras que escaparam da boca de Lalisa corretamente. Seu corpo está congelado no lugar. As paredes de seu peito começam a desmoronar. Manoban se vira para olhar para ela. Há lágrimas caindo de seus olhos âmbar. Aqueles que parecem tão tristes. Mesmo com o coração partido, tudo o que Jennie deseja fazer é tirar toda a dor de Lisa.