Capítulo 79 - Se essas paredes falassem

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Audrey não tinha ideia do que poderia ter acontecido, e estava pronta para dizer isso a Sherlock quando decidiu se esforçar um pouquinho e deixar seu cérebro trabalhar com as possibilidades.

Se ele havia pedido ajuda, devia ter notado alguma habilidade que ela própria ignorava. Ficou parada e em silêncio com as mãos apoiadas sobre a mesa de frente para o notebook e as pastas, mas sem olhar focar a visão em nada.

A mulher viajava nas teorias que estavam aparecendo em sua mente inspirada pelas postagens que havia lido no blog do John tentando imitar a maneira como Sherlock fazia suas deduções.

— Uma pianista, uma comissária de voo, uma florista, um chofer de limusine e um escritor — declarou ela depois de quase vinte minutos.

Sherlock endireitou o corpo na poltrona e olhou na direção dela.

— Em todas essas profissões as mãos ficam em certa evidência, mas o cuidado com as unhas pode ser apenas uma coincidência entre eles, assim como o fato de frequentarem o mesmo salão. Não acho que está relacionado aos assassinatos. Esse escritor tem alguma coisa publicada?

O detetive foi até o computador e digitou o nome completo do homem no site de pesquisas. Apenas um título publicado quinze anos atrás.

— Verifica se aconteceu algum evento de lançamento — instruiu ela.

Sherlock precisou se acomodar na cadeira, mas depois de alguns minutos de pesquisa a resposta apareceu na tela junto com o sorriso em seu rosto assim que reconheceu uma das vítimas. A pianista estava na foto do evento atrás do instrumento preto de cauda.

Perto da mesa onde o escritor assinava as cópias dos livros havia vários arranjos de flores. O detetive imediatamente associou o detalhe à florista e indicou para Audrey.

— Como a comissária e o chofer estão relacionados? — perguntou ela.

Sherlock moveu a página com as imagens e ficou feliz ao reconhecer as outras duas vítimas segurando bandejas com bebidas circulando entre os convidados.

— Sorte de principiante... — o detetive debochou. — Me intriga como eu deixei escapar essa possibilidade.

— Certamente tudo o que eu fiz vocês passarem tem responsabilidade nisso. — Audrey sorriu para ele apoiando o peso do corpo sobre bengala. — Mas de agora em diante prometo que farei o máximo para te deixar trabalhar em paz.

A mulher se virou e conseguiu dar dois passos em direção à porta antes de ser interrompida por Sherlock mais uma vez.

— Nem pense em sair dessa sala antes de me contar como você chegou a essa conclusão — avisou ele.

Audrey sorriu antes de ficar novamente de frente para o amigo imaginando quantas vezes o detetive havia feito as pessoas passarem por uma situação como aquela. Quando ele desvendava o crime antes de todo mundo e depois dava as explicações de como havia feito.

— Bom, eu tentei relacionar as vítimas de todas as formas possíveis, como não consegui, pensei num motivo que poderia levar algum deles à morte baseado na profissão de cada um. Dessa lista, a profissão mais arriscada pareceu ser a do escritor, então foi meu primeiro palpite.

Ela olhou para Sherlock tentando captar se era uma teoria muito absurda antes de continuar.

— Acho que ele foi o alvo principal e compartilhou alguma coisa com essas outras pessoas, por isso elas também foram mortas. Talvez esteja relacionado ao conteúdo do livro, não tenho certeza. Nesse caso, dependendo do que foi escrito, pode haver mais vítimas.

Audrey e Sherlock trocaram um olhar preocupado.

— Vou ligar para o Greg — avisou ele. — Precisamos descobrir todos os desafetos desse homem, principalmente o que estiver relacionado ao livro publicado.

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