Entre um cochilo e outro, o garotinho chorava muito, e não houve nenhuma melhora significativa da febre. Não queria ligar para Peggy, pois não queria deixá-la preocupada, menos ainda parecer que não sabia cuidar de Liam. Afinal, era apenas uma febre. Pelo menos, era o que ele esperava.

Porém, depois de mais de quarenta minutos de choro ininterrupto, ele começou a se preocupar, e fez o mais óbvio: discou o número de Bucky.

"Steve?"

"Buck... Wanda está por aí? Liam não está se sentindo bem..."

"Ah... Bom, estamos longe de casa, mas acho que ela pode te ajudar. Só um minuto."

Ouviu uma série de ruídos na linha. Momentos depois, ouviu a voz melódica da namorada do amigo.

"Oi, Steve! O que o Liam tem?"

"É uma febre. Não baixa com antitérmico. Um pouco de coriza, também. Acho que não é nada de mais, mas queria pelo menos que a febre baixasse logo, ele está bem desconfortável." ele olhou para o filho sentado no próprio colo, ainda chorando.

"É, consigo ouvir. Steve, seria melhor examiná-lo. Se não quiser ir até o hospital, Nat está em casa, sei que ficaria feliz em ajudar."

Ele se sentiu um pouco constrangido por um segundo, por todos os sentimentos estranhos que ela despertava nele e porque ir até a casa dela implicava ir até um mundo onde o fato que ela era quase casada com um cara que não a dava a devida atenção era muito real.

"Não sei, não quero atrapalhar. Ela deve estar jantando com o noivo ou curtindo a noite, é sexta, afinal."

Wanda deu uma enorme risada sarcástica.

"Como você é fofo."

Ela desligou e Steve suspirou. Liam continuava chorando, cada vez mais desconfortável, e Steve não conseguia vê-lo daquela forma. Decidiu que, se Natasha estivesse ocupada, iria direto ao hospital com o filho.

"Vamos, bebê."

Uma vez que o pai ficou em pé, Liam se distraiu por um segundo, apesar de ainda estar claramente desconfortável, e o choro diminuiu um pouco.

Dois andares para baixo, andou devagar pelo corredor. Uma vez se aproximando da porta dela, ouviu uma voz masculina falando em altas vozes, parecendo exaltado. Ficou com medo de ser uma briga, então parou para escutar, mas a voz começou a falar a respeito de ações e processos. Além do mais, não ouviu a voz de Natasha em momento algum.

Tocou a campainha. A voz silenciou por um segundo, e ele ouviu a chave girar na porta. Natasha abriu. Estava de cabelos semi-presos e uma blusa cinza de mangas compridas.

Steve vislumbrou atrás dela um rapaz sentado com headset e olhando para uma grande tela. Os olhos dos dois homens se encontraram por um segundo, mas Matthew não pareceu se importar o suficiente com o fato que um homem e uma criança tinham tocado a campainha dele passando das nove da noite.

"Hey." Natasha disse. "Está tudo bem?"

Ela parecia cansada pós-plantão. Steve quase deu meia-volta.

"Desculpe chegar a essa hora. Liguei para Wanda, mas ela não pôde me ajudar à distância. Liam tem uma febre que não baixa com antitérmicos."

Ela olhou para o garotinho coçando os olhos.

"Aw." ela fechou a porta atrás de si. "Me dê um minuto." ela entrou no apartamento e saiu com uma maletinha segundos depois. "Tudo bem se formos até seu apartamento? Matthew está numa reunião infinita." ela rolou os olhos de leve.

"Claro. Obrigado. Eu não queria te incomodar."

"Jamais seria um incômodo." ela disse, balançando a mãozinha de Liam de leve. "Vamos."

Minutos depois, Natasha estava sentada no sofá de Steve.

"Coloque ele deitado aqui." ela bateu no assento ao lado dela, puxando um estetoscópio e um otoscópio.

"Oi, bebê. Você é tão lindo." ela disse, meigamente. Liam ficou parado, olhando para ela sem fazer um som sequer. Após um rápido exame, ela tinha a conclusão.

"É uma infecção de ouvido, Steve. Não acho que vá baixar apenas com antitérmicos, ele terá que tomar antibióticos. Posso prescrevê-los, e tem uma farmácia logo do outro lado da rua." ela disse. [N/A: nos EUA, enfermeiros no nível de especialidade da Natasha podem prescrever medicamentos]

Ele passou a mão pelos cabelos.

"Claro, eu só..." ele parecia perdido. Não sabia se pegava o filho ou não.

"Vá. Eu fico com ele."

Por um momento, ele teve dúvidas se Liam ficaria bem, mas ele já estava puxando de leve uma madeixa do cabelo de Natasha, parecendo hipnotizado.

"Ok."

Uma vez que entregou a receita para Steve, ela ficou no apartamento, com Liam no colo. O garoto parecia ter melhorado um pouco, ou pelo menos, estava à vontade na presença dela. Ele era lindo; uma cópia do pai, e ela se bateu mentalmente por pensar nisso, mas, bem, era verdade.

Liam ficou em pé no sofá e olhou pela janela. As mãozinhas gorduchas se espalmaram contra o vidro e ele parecia muito interessado no mundo lá fora.

"O que está vendo, meu amor?"

O garoto não respondeu, apenas bateu no vidro com as mãozinhas abertas repetidas vezes. Nat não costumava ser muito próxima de crianças - ela e Matt queriam ser pais, mas como todo o resto, era um sonho distante.

Minutos depois, Steve estava de volta com o remédio, e após um breve drama para ingerir, o garoto dormiu no colo da enfermeira.

"Acho que agora vai dormir a noite toda." ela sorriu para Steve, que pegou o filho do colo dela, agradecendo baixinho.

"Já volto."

Quando voltou, Nat estava comendo desajeitadamente uma fatia do bolo de chocolate que ele tinha feito. Pondo uma das mãos para apoiar caso uma migalha caísse, ela tinha a cabeça inclinada para trás, tomando cuidado para a cobertura não pingar.

"Desculpa." ela disse, sorrindo travessa quando viu Steve. "Eu não resisto a bolo de chocolate."

"Ah..." ele respondeu, sem graça. "Não ficou muito bom. Ficou meio duro."

"Mas a cobertura está divina. E o bolo não ficou ruim..." ela mordeu o dedo polegar, comendo a cobertura ali grudada. "É só insistir mais da próxima vez." Natasha disse, olhando direto nos olhos dele. Aquela combinação de palavras e gestos não fez bem à imaginação de Steve, e o calor que se espalhou pelas bochechas dele não o deixou disfarçar o leve constrangimento pelas milhões de coisas inadequadas que passaram pela cabeça dele em menos de um segundo.

"Obrigado por ter vindo. Eu agradeço muito, de verdade."

Ela sorriu.

"Não se preocupe. Passo amanhã para ver como ele está."

Ela andou até a porta.

"Boa noite."

"Te devo uma, Natasha."

Uma vez fora do apartamento, ela se virou para ele.

"Não se preocupe, vou cobrar."

E entrou no elevador. Steve fechou a porta atrás de si, balançando a cabeça negativamente.

Nada bom ia sair daquelas interações, mas ele não sentia vontade de parar.

[N/A: AI, AI! Comentários?]

Take me home - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora