De alguma forma Scorpius sempre fazia eu me sentir mais confiante. E me fazia perceber que eu não tinha alternativa. Eu precisava achar ele.

Suspirei novamente.

— Harry, querido, é a sexta vez que suspira em cinco minutos – Ouvi a voz de Giny e me virei para a porta, franzindo o cenho ao vê-la ali.

— Há quanto tempo chegou?

— O suficiente para ver essas caretas estranhas que está fazendo para os seus posters – Indicou as diversas fotos do loiro na parede central.

Ri sem humor algum vendo ela caminhar até a cadeira na minha frente, se sentando ali com um olhar paciente.

— Qual é o problema?

— Eu não sei mais o que fazer – Admiti e ela sorriu fracamente.

— Você precisa se parar de se cobrar um pouco. Você só consegue pensar nesse caso. Está acabando com você.

— Eu tenho que achar ele!

— Harry, você está levando trabalho para casa. Passei lá hoje de manhã e vi que sua casa está uma bagunça de papeis e fotos. Você nunca leva trabalho para casa. Entende o que quero dizer?

— Não – Falei confuso, e ela riu sem parecer entender.

— Harry, você está se deixando derrubar por esse caso. Ele está te afetando pessoalmente. Você precisa se acalmar e tentar pensar como auror, e não como Harry.

— O que quer dizer?

— Você está se sentindo culpado – Falou com ar de quem sabe das coisas – Usaram você para sequestrar o Malfoy. Isso está te fazendo ficar como louco. Mas isso não é sua culpa. Você precisa manter o foco.

— Culpado? – Questionei confuso, e ela concordou.

Eu não havia parado para pensar naquilo, de qualquer forma.

Dei de ombros, e ela sorriu, me estendendo uma sacola.

— Trouxe algumas coisinhas para comer. Mamãe cozinhou tortinhas – Indicou a sacola – Achei que te faria bem. Eu só passei para avisar que vou sair para uma viagem. Eu volto na próxima semana.

— Certo – Concordei retribuindo vagamente o abraço e o beijo que ela me deu antes de partir, e suspirei pesadamente olhando para a parede, onde os olhos azuis profundos me encaravam sérios – Culpado?

Me ergui dali, deixando as tortinhas para comer depois e sai em busca de Rony, que provavelmente estaria indo para casa agora, encontrando ele perto da entrada.

— Hey. Eu preciso falar com a Hermione – Falei e ele assentiu.

— Ela já deve estar em casa. Vamos?

— Certo.

Segui ele até o ponto onde aparatamos, perto de sua casa e caminhamos até a mesma andando em um silêncio estranho.

— Você quer conversar com ela sobre o caso?

— Você sabe, sempre que tudo não faz sentido...

—...Mione sabe as respostas – Ele concordou rindo – Eu já tentei pedir a opinião dela. Ela também não tem muita ideia do que fazer. Cheguei. Harry veio comigo – Avisou em alto tom de voz ao adentrar o apartamento que os dois estavam dividindo, e não demorou para Hermione vir da cozinha sorrindo.

— Bom ver você, Harry – Saudou com um leve abraço, o qual retribui.

— Eu vim em busca de consultoria barata – Avisei e ela riu.

— Eu estava esperando você vir desde o começo da semana, na verdade. Ron disse que chegaram a um beco sem saída. Você demorou para me procurar. Quase achei que minhas capacidades estavam sendo postas em dúvida.

— Eu sinto que estou só me enrolando cada vez mais nisso tudo – Contei e ela indicou o sofá para que eu me sentasse, se acomodando na minha frente enquanto Ron avisava que iria tomar um banho.

— O que você tem a me dizer?

— Mione, você acha que eu posso estar atrapalhando o caso?

— Como assim? – Questionou sem entender.

— Por estar me sentindo culpado. Isso está atrapalhando?

— Você se sente culpado? – Perguntou de forma confusa, e eu dei de ombros.

— Não estou?

— Harry, você acredita que de alguma forma isso é culpa sua? Acha que ele ter sido sequestrado é ago que você poderia ter evitado?

— O que?! Não, é claro que não. Eu não tenho culpa se tem um psicopata solto por ai com coragem de sequestrar alguém tão bom quanto Draco.

— Harry, então porque está dizendo que se sente culpado?

— Bom, a Giny disse que eu me sinto culpado por terem usado meu rosto no sequestro.

Ela revirou os olhos e apertou a ponte do nariz com impaciência.

— Você tem que prometer não demorar tanto para me procurar na próxima vez – Resmungou – Como você pode estar se sentindo culpado, Harry, se acabou de me dizer que não sente culpa? Não sente que foi responsável de alguma forma?

— Então porque eu estou estragando tudo? Tudo o que faço é falar sobre ele, descobrir coisas sobre ele, ver fotos sobre ele... mas nada aparece. Eu estou só...não fazendo nada para achar ele. Hermione, e se alguma coisa tiver acontecido com ele? O que eu faria?!

— Harry, você precisa analisar as coisas de formas diferentes. Se o jeito que você está pensando não está ajudando, tente pensar diferente. Me diga, o que pensa do caso?

— Algum maluco que tentou me incriminar sequestrou Malfoy, sabe-se lá porque. Ele não pediu resgate, e nada do dinheiro de Malfoy foi movimentado.

— Certo. Me diga sobre as pessoas que entrevistou.

— Os amigos dele parecem esconder algo. O elfo doméstico também. Mas não sei o que fazer para que eles comecem a falar. Tudo o que usam para se justificar é que Draco não gostaria que ninguém se metesse em sua vida.

— Já pensou na possibilidade de o sequestrador não ter problemas com você? Não querer te incriminar?

— Porque me usaria então, Mione!?

— Ninguém esperaria que você sequestraria alguém. Já sabem como foi que ele se passou por você?

— Não foi polissuco – Me adiantei – O barman disse que embora parecesse muito comigo, tinham alguns detalhes diferentes. Os amigos dele confirmaram que embora tivessem acompanhado tudo de longe, me olhando de perto também conseguiram apontar algumas diferenças.

— Feitiço Glamour?

— É nossa melhor aposta. Como não vejo Draco há algum tempo, ele poderia não perceber muito a diferença. Pansy disse que só conseguiu perceber após olhar para mim no interrogatório. Mas... se não foi para me incriminar, porque então?

— Bom, investigue essa possibilidade. Investigue todas. O que os amigos escondem? Porque? Qual é essa de não poder se meter na vida de Draco? Se meta, Harry. Descubra. Busque. Faça qualquer coisa. Ache Draco Malfoy.

E quando ela me olhou com seriedade, eu decidi que não descansaria até encontrar Draco.

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