➵ 43 | estrela cadente

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Quando entramos, fomos direto para o meu quarto onde mostrei as minhas fotos antigas para ele. Os olhos de Josh brilhavam e ele fez dezenas de perguntas sobre a minha adolescência.

— Sabe, essa é a primeira vez em tanto tempo que eu não me importo de falar sobre o meu passado. Nem mesmo o meu ex marido sabia tanto.

— Ele se casou com você sem te conhecer direito? — franziu a testa.

— Ele me conhecia sim. Conhecia essa Any, a pessoa do presente. Pra mim só o presente importava. Eu nunca valorizei nada do meu passado porque o meu passado significava dor.

— Eu acho que nós dois temos passados difíceis. E apesar de me arrepender de algumas coisas, sei que tudo foi necessário pra que eu evoluísse. E é assim pra você também. — tocou a ponta do meu nariz. — Quem você seria se não tivesse passado por todas essas coisas?

— Eu não faço ideia. — ri. — Mas se eu mesmo assim pudesse conhecer você um dia, não me importaria com a possibilidade de quem eu seria.

— Eu te amo.

— Eu também te amo.

O beijei e aquele beijo tornou-se mais intenso. Quando me dei conta, já estava sentada em seu colo. Josh me abraçava contra si e eu já me sentia sendo guiada por meus instintos, beijando-o cada vez mais rápido, mais profundamente, sentindo como se nossos corpos se encaixassem.

Ele ficou de pé comigo em seu colo e sem parar de me beijar deitou-me sobre a cama, agora abrindo os botões da minha blusa enquanto eu fazia o mesmo com a camisa dele. Corri minhas unhas por seu peitoral e senti os músculos dele ficarem tensos.

Fizemos amor por um bom tempo, com muita calma e com Josh sendo extremamente gentil comigo. Ele sabia como eu estava frágil e respeitou isso até mesmo durante o sexo, indo no meu ritmo, fazendo todas as minhas vontades, me tocando em pontos onde ele sabia que eu mais gostava. Isso só me fazia amá-lo ainda mais.

Dormimos abraçados e quando eu acordei, avistei o céu estrelado pela minha janela. Já era noite e eu me preocupei em ter perdido alguma ligação do meu pai.

Tirei o braço de Josh da minha cintura com cuidado para não acorda-lo e depois fui pegar o meu celular que estava sobre a cômoda. Não havia nenhuma chamada perdida, apenas uma mensagem do meu pai avisando que nada havia mudado e que ele havia passado em casa apenas para jantar e se trocar e já estava no hospital novamente para passar a noite. E foi só aí que eu olhei o horário. O relógio marcava as 22:00. Eu e Josh passamos o resto da tarde e boa parte da noite na cama.

Observei Josh dormir pesadamente e resolvi deixá-lo descansar. Ele merecia relaxar depois de tanto esforço para me deixar satisfeita. Vesti uma calça de frio e um moletom, calcei minhas pantufas de coelhinho, peguei meu celular e saí do quarto em direção aos fundos da casa. Aquela noite estava bem limpa e eu queria olhar o céu no quintal.

Deitei sobre uma das espreguiçadeiras e me encolhi enquanto observava as estrelas brilhando sobre mim. Era nesses momentos que eu me sentia pequena em relação ao universo. Quantas coisas existiam na vasta imensidão do espaço sem nos darmos conta? Eu adoraria saber tudo sobre tudo, acho que assim a vida seria mais fácil, ou talvez não saber de nada é que faça o sentido de estar vivo ser real. Não saber nada e querer descobrir tudo é o que fez o ser humano evoluir. E talvez um dia possamos descobrir como driblar a morte. Eu só queria que a humanidade caminhasse um pouquinho mais rápido para isso.

Enxuguei uma lágrima ao pensar sobre perder a minha mãe. A gente nunca pensa sobre o dia que não teremos mais os nossos pais e eu confesso que um dos grandes motivos de não pensar sobre isso era porque eu acreditava que já havia perdido. Agora parece até que o universo me trouxe de volta só para que eu pudesse me despedir. Mas eu não queria me despedir, não tão rápido, não agora que eu queria que a minha mãe fizesse parte da vida da Sofya, não agora que ela vai ganhar outro neto.

Doce Amargo(Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora