— Tá na cozinha?

— Não sei — ele continua com um sorriso no rosto o tempo todo, parece estar se divertindo mais que eu.

Ele vai comigo até a cozinha e para na porta novamente, me assistindo abrir as gavetas da bancada enquanto repete "frio, frio, frio" para cada uma delas. Começo a ficar frustrado quando abro a geladeira e também não está lá.

— Como pode não estar em nenhum desses lugares? O que sobra? O sofá? — Baz encolhe os ombros, se segurando para não rir.

— Começou a esquentar de novo — ele diz, quando ando em direção a porta.

Enfio as mãos em todos os cantos do sofá, não tem nada. Ainda estou frio. Caralho, não faz sentido!

— Baz! — ele solta uma risada gostosa. — Você tá fazendo hora com a minha cara. Já olhei em todos os lugares!

— Certamente não olhou em tudo — descanso minhas mãos no topo da minha cabeça (meus cabelos ainda estão meio úmidos), minha cauda ondula de um lado para o outro. — Onde foi que eu falei que estava esquentado, Snow?

— Ah! Ah! Na porta do quarto! — começo a andar para lá, mas paro. — Ué... na porta da cozinha também. E do banheiro — me viro para ele de novo. Ele faz uma expressão que diz: então?! — São três coisas?!

— Não — Baz senta no sofá.

— Tá — eu vou conferir a porta do quarto.

— Frio, Simon — ele diz antes mesmo que eu chegue lá. Eu volto e sigo para a cozinha, "frio". Por último, a do banheiro. — Frio de novo — eu rosno.

— Não é possível! — eu me jogo no sofá ao lado dele. — Não tá em canto nenhum!

— Então por que você está quente?

— Mas eu já procurei no sofá e tava frio!

— Exatamente — eu rosno de novo e olho para ele. Baz continua sorrindo, adorando meu sofrimento. Ele...

Ei! Calma aí! — levanto rápido. — Vem cá — ele levanta também. Puxo Baz para o meio da sala vazia. — Como estou agora?

— Quente — me afasto de costas, na direção da janela.

— E agora?

— Frio — volto para perto dele.

— Quente?

— Quente — eu sorrio tanto que meu rosto dói.

— Você é meu presente, Baz? — ele gargalha.

— Talvez nos seus sonhos eu te presenteie com um vampiro, Snow.

— Então tá com você — eu espero.

— Não vou te entregar. Você tem que achar.

— Ah. Tá.

A camisa dele tem um bolso no peito, eu coloco a mão ali. Nada. Desço os dedos na lateral do seu corpo, até chegar na calça. Não tiro os olhos das irises cinzas dele. Contorno até suas costas, seguindo o cós, e faço o trajeto de retorno até a parte da frente. Nada. Deve estar num dos bolsos. A calça dele é apertadinha. Nada no primeiro. Nada no segundo. Bolsos de trás. Eu engulo em seco — ele observa. Enfio os dedos no primeiro...

— Achei! — Baz sorri.

— Eu disse que estava quente — eu beijo sua boca antes de olhar o presente. É um saquinho minúsculo em minha palma. — Eu queria mesmo ter te entregado antes. Minha insegurança impediu. Fiquei com medo da piada ser mal interpretada, considerando que não éramos muito bons de conversa... — ele explica enquanto eu abro a embalagem. Eu não era bom de conversa, ele quer dizer.

21 de junhoWhere stories live. Discover now