Evidência n° 2: a mensagem anônima

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Na hora que entendi o que o garoto falou, senti um calafrio. Eu e Joana trocamos um olhar. Eu sabia que nós suspeitamos da mesma coisa, mas não a falaria ali.

Quando usei a senha, consegui logar no e-mail de Luís. Não havia nada de muito interessante para ver. Mas tentei usar o e-mail e senha em outras redes sociais até encontrar algo na caixa de mensagens do Faebook. Uma curta série de mensagens com alguém chamado Ezekiel M.

–Parks, essa conta aqui foi criada recentemente, sem publicações e sem imagem no perfil. Pode ser o que a gente tá procurando.

–O que eles falaram?

–Foi Luís quem começou a conversa, perguntando se poderiam se encontrar de novo na faculdade. O outro disse que era melhor eles discutirem isso em uma ligação.

–Mais nada?

–Luís apenas lhe passou o contato e ficou por isso mesmo. Pelo menos sabemos que eles já se encontraram antes, no campus.

–Uma pista é melhor que nenhuma.– Disse ela, mas não parecia nada aliviada. Esse caso estava mostrando ser tudo menos simples. Parks pegou seu celular e começou a digitar algo nele enquanto eu procurava mais conversas suspeitas, sem sucesso. –Vou enviar essa conta para a delegacia, ver se a tecnomaga consegue descobrir quem está por trás dela, ou se esse Ezekiel entrou em contato com mais alguém. Fausto, você foi de grande ajuda. Nós estaremos fazendo o possível para achar seu irmão.

–...Eu não encrenquei ele, né? Ele disse para eu não falar nada, que era algo importante...

–Ei, pequeno.– Disse a ele, numa voz reconfortante e me agachei para olhá-lo no olho. –Importante ou não, se ele precisa sumir e esconder isso de quem ele ama, não deve ser coisa boa. Você é um garoto honesto, Fausto Silver. Continue assim.

Quando saio do quarto, vejo que Joana estava falando com os pais dos garotos, assegurando-os de que tudo ficaria bem. Nos despedimos deles e entramos na nossa viatura.

Durante um tempo, Parks dirigiu em silêncio. Quando tentei falar algo, ela apenas levantou o dedo indicador, pedindo silêncio.

–Agora não. Almoço antes.

Ok, era uma regra bem razoável, mesmo que inesperada. Esperava que Joana fosse querer ir atrás da próxima pista o quanto antes, mas não ia reclamar de tirar um minuto para comer sem correria.

Nós estacionamos em uma pequena praça e cada um pegou seu almoço para comer. Lá fora, vimos alguns adolescentes dançando músicas pop e um bruxo no semáforo vermelho, usando magias pirotécnicas em troca de uns trocados. Quando o sinal abriu, chamei o homem e lhe dei minha sobremesa. Provavelmente ele apreciaria doce de banana mais do que eu. Com um agradecimento inseguro, ele aceitou.

Quando Joana terminou seu prato, resolvo perguntar sem rodeios o que estava na minha mente desde que saímos da casa dos Silver:

–Você acha que teremos que transferir esse caso para a força-tarefa do Löwe?

Ela me olhou por um momento antes de soltar um suspiro.

–Olha, Miller, até onde sabemos, Luís Silver pode ter escolhido aquela senha por qualquer outro motivo.– Ela ligou o carro e começou a andar. Não sabia onde estávamos indo, mas esse não era meu foco agora. –Nem todos que apoiam os ataques da Ouroboros são afiliados ao grupo. De qualquer forma, não acho bom envolvermos a força-tarefa Ratel nessa história. Se fizermos isso, a mídia vai começar a se meter na investigação e criar um pânico desnecessário em torno de uma meia dúzia de jovens sumidos.

Me parece um motivo válido para pelo menos um pouquinho de pânico, mas tudo bem.

–Eu só... Esconder isso não seria ir contra as ordens do Primeiro-Bruxo?

A Conspiração da OuroborosOnde histórias criam vida. Descubra agora