- Me desculpa. Precisei assinar algumas coisas no hospital. Resolvi tirar férias.- O-encaro.

Eu estava furiosa! Não pelo atraso, mas pelo que ele acabou de dizer. Ele saiu do trabalho somente para terminar a minha idiota lista. Era óbvio que era isso.

- Você é um idiota.- Murmuro, tentando me conter.

- Eu sei, eu fiquei preso lá, havia muit-

- Não Josh! Você é um idiota por fazer isso! Eu não ligo para o atraso, a única coisa de errado em tudo isso é você "tirar férias" somente para me ajudar com essa minha lista idiota!- Lhe corto. Ele me encara por milésimos e suspira. Ele dá partida no carro.

Tudo fica em silêncio. Ele havia dado partida, porque sabia que se a gente ficasse mais alguns segundos parados, eu iria sair do carro, bloquear ele, e o-fazer voltar a sua vida normal.

Já é dificil o bastante ter que vê minha mãe ficar longe do emprego por causa do idiota do meu câncer! Foi ruim pra karalho vê ela parar de fazer o quê ama. Sem falar da parte em que meu pai tem que trabalhar apenas em um horário, em sua própria empresa. Será que ele ainda não havia visto que eu estou tentando deixar de ser um encosto desde que descobrir a merda do meu câncer?!

- Não parei somente por causa disso. Estou trabalhando muito esses últimos meses. Preciso de férias.- Ele diz. "Somente".

- Eu não acredito que ainda tô saindo com você.- Resmunguei encarando a janela. Ele para no sinal vermelho.

- Me desculpa...- Ele sussurra. Sinto um leve e fraco peso em minha perna. Cupcake.

- Me desculpa?- Ele pergunta novamente.

- Seu problema é querer sempre ajudar todo mundo, mesmo que não haja nada a se fazer.- Digo.

- Bom... é meu trabalho.- Ele diz voltando a dirigir assim que o sinal abre.

[...]

Estamos andando pelo parque, a procura de um lugar bom para sentar. Quase não falei com Josh. Estou sendo uma filha da puta? sim. Mas está doendo muito o peso na consciência. Agora não só para 2, mas 3. Vivendo apenas para atrasar as pessoas.

- Tudo bem, será que já pode parar de me ignorar?!- Ele pergunta ao segurar meu pulso, me fazendo virar e o encarar.

- Não.- Respondo.

- Olha só, desde que cheguei nesse hospital para trabalhar, só tive férias em feriados, e quando eles acabavam eu voltava a trabalhar. Eu precisava de uma folga e a única coisa que vou fazer é usar meu tempo para fica com você. Nada mais.- Ele diz olhando em meus olhos.

Era ridículo a forma em que ele falava que precisava ficar comigo. Era como-se ele precisasse ficar comigo para que não pensasse que havia fracassado no trabalho como médico. Para quê não pensasse que estava deixando sua paciente morrer.

- S/n... Para. Vamos cutir o tempo que a gente tem aqui. Olha isso, o dia tá incrível!- Suspiro.

- Tá. Mas, esse é o último, Josh. Já chega disso.- Falo. Ele franze o senho e depois respira fundo.

- Não importa. Vou fazer você mudar de ideia.- Ele diz e passa em minha frente.

Afrontoso!

Lhe sigo. Ele vai até uma árvore grande onde não tinha ninguém e istende um pano quadriculado, colocando tudo em cima dele.

- Vem!- Ele me chama, me fazendo sentar no pano.

- Vai, agora me ensina como usa isso.- Ele começa a pegar as telas em branco, os pincéis e as tintas.

- Não tem o que explicar, Josh. Escolhe um pincel, coloca a tinta que você quer, pega uma tela, e... pinta.- Digo como se fosse óbvio. Ele assente, fazendo.

Pego algumas coisas e começo a pintar, se mantemos calados por vários e vários minutos. Do nada uma curiosidade me consome. A família dele estava em Sr. Albert, ele disse que só folgada em feriados, ele passa tanto tempo longe da família assim?...

- Quanto tempo não vê sua familia?- Pergunto tentando matar minha curiosidade. Ele desvia seu olhar da tela indo ao encontro a minha face.

- Não sei. Vi eles no natal do ano retrasado, eu acho. Não conseguir ir no do ano passado, e nem queria.- Ele diz voltando a encarar a tela.

- Você não gosta deles?- Eu estava cada vez mais curiosa. Ele continua encarando a tela, só que dessa vez seu pincel não se mexia sobre a tela. Ele me olha.

- Gosto, mas... Bom, eu tinha uma irmã, e ela... se suicidou. Depois da morte dela, não gosto de voltar pra aquela casa.- Fico em choque.

- Quantos anos ela tinha? E porque?- Questiono e ele respira fundo.

- Me desculpa. Tô sendo entrometida.- Digo rapidamente ao vê que ele ficou um pouco tenso.

- Não, tá tudo bem. Ela tinha 19 anos.- Assinto. Me mantenho calada e volto a pintar, sinto seu olhar sobre mim.

- Ela saiu do meu escritório...- Ele começa a falar, o-encaro.

- Josh, não precisa falar.- Digo.

- Não importa, eu já comecei.- Ele diz e respira fundo novamente. Apenas fico quieta.

- Ela saiu do meu escritório depois que tivemos uma briga... Esperou que eu fosse atrás dela, mas eu não fui. Ela saiu da empresa onde eu, meu pai e minha mãe trabalhávamos... foi pra casa, colocou algumas coisas em ordem, devolveu o uniforme do trabalho, colocou umas roupas velhas, escreveu cartas para todos nós, entrou no banheiro... encheu a banheira...- Sua voz ficou embargada, ele suspira e continua. No momento meu coração já doia.

- Entrou na banheira, ainda de roupa... Cortou os pulsos... E sangrou até a morte. E morreu sozinha.- Ele baixa a cabeça.

- Eu sair mais cedo da empresa do que os meus pais, e como estava com raiva dela, resolvi ir à um bar. Se eu não tivesse ido... pela hora... eu teria chegado alguns minutos antes dela se cortar... mas eu fui infantil o suficiente.- Ele continua falando, agora ele fungava, tentando manter as lágrimas.

- Voltei para casa duas horas depois... quando subir as escadas... havia água no corredor, a água vinha do banheiro. quando abrir a porta... A água da banheira estava vermelha, ela estava pálida, mergulhada na água. Me lembro de correr até ela e lhe tirar da água, eu a-balançava e chorava. Eu não sabia o que fazer, me sentir inútil, mesmo sabendo que não conseguiria salva-la, porque já era tarde de mais. Por isso fiz medicina.- Ele conclue, me deixando sem palavras.

- Josh...- Sussurro sem saber o que dizer.

- Eu podia ter impedido... mas não impedi.- Ele sussurra baixo ainda com a cabeça abaixa.

Levo minha mão a seu pescoço, o-fazendo me encarar. Ele me olha com com um olhar frio. Lhe puxo para um abraço. Sua respiração em meu pescoço, era tudo que eu podia sentir.

— Tenho certeza que não é sua culpa, e tenho mais certeza ainda que ela te ama e não quer que pense isso.– Murmuro. Ele desfaz o abraço e me encara.

— Acho que sim.– Ele sussurra.

— Vai, voltar a pintar. Sua tela tá incrível.– Falo enquanto aponto pra sua tela. Ele sorrir fraco e encara os borrados na superfície branca.

Volto a pintar, mesmo que meu coração estivesse ardendo em lágrimas, ninguém merece vê alguém que ama morta em sua frente e não poder fazer nada. Era cruel.

E se isso acontecesse comigo? E se toda minha família me visse dando o último suspiro e terem com sigo mesmo a pressão de não poder fazer nada?

Cruel.

***
Estrelinha☆
Sonhos maléficos✨💜







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