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—Bem-vindo de volta, campeão. — diz Steven abraçando o irmão com cuidado.
Já estávamos no apartamento de Ian em Manhattan esperando algumas pessoas que ficaram desesperadas para vê-lo chegarem em seus voos de última hora. Steven já estava aqui, veio quase correndo de Houston para cá e com um rosto vermelho. Mas infelizmente Ian não queria falar sobre a lesão e muito menos ver o irmão chorando por causa dela, só que Steven estava visivelmente emotivo e quando percebi suas lágrimas caiam nos ombros de Ian.
—Ei, cara. Está tudo bem! Estou bem. — a voz de Ian soou cansada devido aos analgésicos enquanto afagava o irmão do meio.
—Eu fiquei desesperado! Como aconteceu isso? — Steven se afastou do abraço para encarar os olhos do irmão.
—Ste, não quero falar de nada disso agora. Certo? — os olhos confusos de Steven vieram para mim que apenas assenti para que ele concordasse, e foi o que fez. Ian tocou no ombro do irmão durante a falha tentativa do irmão de o ajudar a se sentar. Já acomodado no sofá de couro marrom o loiro fechou os olhos visivelmente cansado. Mas o orgulho permanecia inabalável, recusou a cadeira de rodas do hospital e o auxilio de qualquer pessoa.
Steven vem para perto de mim com a expressão preocupada.
—Os outros foram comprar coisas para comer, acho que esperavam que vocês demorassem mais. — comentou encarando o irmão.
—É, o médico do time nos trouxe. Ele vai dar essa semana de descanso para poder começar o acompanhamento, sessões com um ortopedista e fisioterapeuta.
—Ele não tá nenhum pouco bem né.
—Seu irmão está em negação, Lontra.
—Percebi, pizza com sorvete. — odiava tanto aquele apelido quanto ele odiava o dele, mas era inacreditável que senti tanta falta de qualquer pessoa que me lembrasse de Houston e ninguém melhor do que a estrela do Estado. —E eu odiei ter percebido isso. — sussurrou enquanto colocava sua cabeça em meu ombro. Observávamos silenciosamente o homem praticamente jogado no sofá sob o efeito de tantos analgésicos que era como se estivéssemos no hospital apenas pelo cheiro.
Depois de algumas horas e várias visitas, foi resolvido que Ian precisava descansar e sutilmente o loiro se sentou no sofá que havia passado maior parte do dia, mesmo querendo que ele fosse para a cama, resolvi me sentar ao lado do meu namorado, queria com todas as minhas forças que ele gritasse ou chorasse, que tentasse colocar o que estava sentindo para fora, mas ele não faria aquilo ao menos que estivesse sufocado, conhecia Ian tão bem como a mim, estamos conectados um com o outro que às vezes parece surreal.
Almas gêmeas estão destinadas a se encontrarem, e quando é para ficarem juntas, elas ficam. Não existe acaso que as separem.
Acariciando seus cabelos fui me aconchegado ao seu lado. Ian tinha o cheiro dos analgésicos sim, mas o cheiro de lar era impregnante. Ele era a minha casa e o medo de algo ruim acontecer fez algumas paredes estremecerem. Não me imagino sem o meu melhor amigo que têm os melhores conselhos, os melhores abraços... Ian tem tudo de melhor. O que seria passar uma vida sem ouvir sua voz? Ou passar uma vida sem tê-lo tão perto que nossas respirações fiquem misturadas e o seu hálito de menta combine perfeitamente com o meu hálito de morango?
Uma vez ouvi que não existe uma “cara metade” sua andando por ai e eu também aprendi a acreditar, não existe alguém para completar sua essência, não existe o ser perfeito para ninguém, o que existe é alguém tão imperfeito que preza tanto por você que queira ser imperfeitamente certo para sua vida, não para ser sua metade, e sim para acrescentar. Acréscimos, busque eles com todas as suas forças, alguém que subtraia não vale a pena ter por perto.
—Amor. — ouvi sua voz calma sussurrar em meu ouvido me fazendo derramar mais lágrimas. Ué quando comecei a chorar? Seus dedos acariciaram meu rosto enquanto delicadamente levantava meu queixo para encara-lo. — Ei, vida. Está tudo bem de verdade.
—Não está nada bem. Eu sei que não. Você...você está apenas dizendo isso para os outros, quando nem acredita nisso.
—Anna...
—Não, amor, eu sei o quanto essa temporada era importante para sua carreira, você está há pouco tempo no time e estar lesionado agora parece o fim, mas não é. — toco suas bochechas que ficaram vermelhas pelo choro.
—Isso é uma merda, Anna! Isso dói para um cacete e me deixa horrivelmente preocupado. O Giants é um time grande e incrível, eu só estava começando a ganhar espaço. O meu sonho sempre foi jogar futebol na NFL e com essa lesão, parece que criou-se um muro em poucos segundos, mas esse muro vai durar quase duas temporadas. — desabou chorando em meus braços e agradeci mentalmente por aquilo. Guardar as coisas para si era uma característica que ambos estávamos trabalhando para não existir mais no nosso relacionamento.
—O Giants tem o melhor jogador do mundo no time, eles nunca deixariam esse jogador escapar assim. — digo enquanto acaricio seus cabelos. — E se não ficou claro, esse jogador é você. — ouço sua risada o que me faz abrir um grande sorriso. Eu amo tanto esse cara!
Ficamos abraçados por mais um tempo, até sua voz ser audível novamente.
—O pessoal do time vem aqui amanhã. — fungou.
—Ótimo, vou cozinhar algo para eles. — Ian se afastou o suficiente para me encarar.
—Desde quando Anna Sanderson cozinha? — sua sobrancelha estava arqueada e um sorrisinho brotava em seus lábios.
—Ops! Corrigindo, Vou pedir pizza para eles.
—Hum... deixa eu adivinhar, pizza com sorvete? Tá preparada para exibir ao mundo seu gosto culinário excêntrico?
—Bem, meu mundo é você e eu já mostrei isso a você, então. — os olhos de Ian brilharam ao ouvir aquilo, aquela imensidão azul parecia até menos cansada.
—Que clichê, Sanderson.
O sorriso que meu namorado exibiu foi o suficiente para fazer um aparecer em meu rosto.
—Eu sei que você adora os clichês, principalmente os do ódio ao amor.
—Eu? — colocou a mão sob o peito fingindo estar ofendido. —Bem, se o nosso relacionamento é um clichê e sempre estivemos destinados a ficar juntos, sim, eu amo clichês, amo se eles me trouxerem você, em todas as vidas que vamos viver juntos.
Ficamos nos encarando por mais alguns minutos, até eu voltar a me aconchegar em seu corpo enquanto repousava minha cabeça sobre seu ombro. Olhei algumas vezes para o gesso em sua perna direita e segurei o suspiro, tínhamos alguns meses pela frente, meses nada fáceis, a faculdade já estava me deixando exausta e o trabalho também, eu amava ajudar no que podia em uma academia de dança perto da faculdade, era um tipo de estágio já que não tinha um diploma ainda e estava participando de algumas competições estaduais, juntando treinos incessantes a isso ficava complicado cuidar 24 horas do dia de Ian, e cuidar dele era o que eu queria fazer, mas tinha meu dormitório no campus... tinha tanta coisa. Mas mesmo com tantas coisas assim, me sinto feliz sentada nesse sofá com alguém que eu amo, as coisas pouco a pouco iriam se resolver, e para isso contava com algumas pessoas que viriam diretamente de Houston para cá, pessoas que com as coisas dando certo estariam aqui e dando tudo errado também estariam aqui, ajudando a recomeçar. Sorri internamente e recebi uma caricia de Ian em meu ombro.
—Tenho uma pergunta. — diz o loiro quando seus lábios tocaram minhas têmporas. Respondi apenas com um “hum” silencioso. —Conhecendo você como conheço, sei que não vai conseguir arredar os pés daqui, e eu não gostaria que arredasse os pés daqui. Então pensei, por que não mora aqui? Tipo para valer. Pensa na economia que teria com a grana do dormitório da faculdade. — saio novamente de seus braços para encará-lo.
—É sério? — questiono meio duvidosa.
—É, nunca falei tão sério na minha vida. Não, pera! Essa é a segunda melhor decisão da minha vida.
—Segunda? E qual foi à primeira? — cruzei os braços apertando minha jaqueta jeans em meu corpo.
—Namorar você, essa foi a melhor decisão que já tomei, afinal tenho bom gosto. — brincou, ao menos eu acho, enquanto seus dedos mexiam com algumas mechas do meu cabelo.
—É, tenho que admitir seu excelente gosto para namorada. Afinal você me namora.
—Mas e então? Aceita ser minha parceira da vida e agora de apartamento, estou pensando até em tirar alguns dos “passatempos” da minha estante para abrir espaço para seus livros. — agora havia sido o momento que meus olhos brilharam.
—Os passatempos no caso são aqueles livros horríveis de física?
Além de jogar futebol meu namorado era físico, segundo ele quando se cansasse da vida de atleta, o que duvido muito, faria licenciatura e iria ensinar o que tanto ama para o mundo.
—Isso, têm mais de cem volumes aqui. Abrir espaço na estante de um físico é como juntas as escovas de dente.
—Muito bem, depois dessa visível declaração, eu aceito compartilhar esse apartamento com você, contanto claro que prometa cozinhar sempre, ao menos que esteja disposto a pagar mais caro pelo seguro de incêndio e pelas comidas congeladas do mercado, a essas vamos dar um viva bem alto.
—VIVA! — gritamos, como se estivéssemos selado a nova etapa do nosso namoro.
Ian e eu sempre fomos cúmplices um do outro, nossos maiores apoiadores somos nós mesmos e espero que siga assim.
Um lar de verdade sempre será onde seu coração estar.
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Anna - depois de você
Teen FictionA vida de Anna Sanderson ia de mal a pior. Não que estivesse exatamente bem, porém, a dor da traição lhe atingiu como uma facada no peito. Desolada, precisou juntar os cacos do que restou de si para se reerguer. E ela conseguiu. Conheceu seu próprio...
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