— Por que você gosta tanto de me irritar? - Perguntou, passando a ponta dos dedos pelo meu rosto.

— Eu não gosto de irritar você, você que se irrita muito fác… 

 Parei de falar, quando ela desceu com os dedos até meu lábio inferior e ficou fazendo uma leve pressão.

— Me beija! - Mandou, com a voz carregada.

 Antes que meu rosto chegasse perto o suficiente do seu a porta foi aberta.

— Opa, não queria atrapalhar. - É a Diane, de novo. — É que a secretaria disse que minha… - Fez uma pausa. — Espera, acho que vou trabalhar com você, Jauregui. - Constatou animada.

 Olhei pra Camila, que imediatamente fechou a cara de novo. Ótimo. 

— Fico feliz. - Respondi sorrindo pra Diane. 

 
*****


 Nunca pensei que Camila poderia ficar séria por tanto tempo, no momento estamos as três em um ateliê, no intuito de realizar provas de roupa para um desfile que ela fará. 

— Ela é sempre tão mal humorada assim? - Diane perguntou, olhando pra ela, que está um pouco mais a frente com uma costureira, e nós duas estamos sentadas em um sofá.

— Não, ela tá em um mau dia. - Respondi.

— Ah. - Se ajeitou no sofá e olhou pra mim. — A CAV, tá se aproximando, né? Poderíamos marcar de irmos juntas, eu, você e a Emma, vocês moram juntas, certo? 

— Certo. - Fiquei na mesma posição que ela. — Vou falar com a Emma, ai depois confirmo com você.

 Senti um pequeno impacto na minha cabeça e olhei para o lado, eu fui acertada por uma daquelas bolinhas de linha e Camila quem jogou, olhei pra ela com uma cara de interrogação e ela fechou ainda mais a cara, se é que isso é possível. Olhei pra Diane e ela está rindo discretamente.

— Qual o lance de vocês?

— Nem eu sei, em suma, a gente transa, transava, na verdade, eu me apaixonei por ela e ela tem namorado. - Falei, resumidamente. 

— Complicado. - Ela disse, se esticando para pegar sua bolsa no chão. 

— Eu que o diga. - Franzi o cenho quando vi ela tirando um copo igual ao do dia em que nos conhecemos na Universidade, de dentro da bolsa. — Eu pensei que você estava brincando quando disse que andava com isso pra todo lugar.

— Eu realmente sinto fome toda hora. - Deu de ombros. 

 Neguei com a cabeça e puxei o copo da mão dela.

— Divide, pelo menos. - Eu disse, antes de beber um pouco.

 Quando vi Camila se aproximando devolvi o copo pra Diane.

— Já terminei. - Ela disse, ainda irritada.

— Então vamos. - Me levantei.

— Bom, minha participação termina aqui por hoje, sou obrigada a acompanhar vocês apenas meio período. - Olhou o relógio no pulso. — E já fiquei mais que o necessário, até amanhã. - Deu um beijo na minha bochecha e saiu.

— Até nunca mais. - Ouvi Camila dizendo em um tom baixo. — Como se não fosse o suficiente tá quase em cima dela aqui nesse sofá, ainda precisava dividir o mesmo copo?

— Não precisa ficar com ciúme, ela é só uma amiga, Camila.

— Eu não estou com ciúmes, é só… hm… ah, deixa pra lá, vamos embora.

 No decorrer do dia, o humor de Camila foi razoavelmente melhorando, o que eu agradeci mentalmente, ela estressada fica um porre.

Camila POV

 
 Depois de mais um longo dia de trabalho, eu finalmente estou indo para casa.

— Você vai na festa de lançamento da revista, né? - Perguntei, no caminho para o carro.

 Como não obtive resposta, parei e olhei pra trás, só então eu percebi que Lauren não estava mais me seguindo, ela está parada um pouco mais atrás.

— Por que você parou? - Franzi o cenho.

 Ela sorriu de lado e veio caminhando em minha direção.

— Estava contemplando a sua bela e grande comissão traseira. - Respondeu, parando de frente pra mim.

— E você não tem vergonha de ficar olhando a bunda alheia? - Ergui uma sobrancelha.

— Não. - Deu um passo pra frente e eu dei outro pra trás. — Na verdade eu quero tocar, posso? - Pediu.

 Ela continuou dando passos na minha direção e só parou quando eu encostei em um dos carros estacionados.

— Pode, mas não aqui.

— Por que não? - Perguntou, colando seu corpo ao meu.

— Lauren. - Coloquei as mãos nos ombros dela, pra tentar manter a distância. — Estamos em um estacionamento, alguém pode chegar.

 Ela segurou meus pulsos e desceu minhas mãos, para que pudesse colar novamente o corpo ao meu, tirou as mãos dos meus braços e as levou até a lateral do meu corpo, foi descendo lentamente, quando chegou ao meu quadril, ela me puxou um pouco pra frente e guiou as mãos até minha bunda, e estou tão sensível ao toque dela que quando ela apertou, acabei deixando um gemido baixo escapar, ela sorriu e continuou apertando, enquanto isso colou seus lábios aos meus, me perdi no seu beijo, e no seu toque, quando dei por mim, ela já estava com uma mão dentro da minha blusa, massageando meu seio e a outra tentava abrir minha calça. 

 Ouvi o carro em que estamos encostadas se destravando e empurrei Lauren, mas foi um pouco tarde, uma senhora está olhando pra gente com uma cara de espanto.

— Minhas queridas, motel existe pra isso, não precisam ficar se esfregando em publico pra qualquer um ver.

 Vermelha, roxa, branca, provavelmente eu estou variando entre todas essas cores. Não tive cara pra falar nada, apenas tentei sair de cena.

— A calça tá aberta, Camila Cabello. - A senhora avisou quando passei por ela e tropecei no vento ao ouvir meu nome.

 Virei na direção dela.

— Você…

— Sim, eu sei quem é você, meu filho é fascinado por moda, tem várias revistas com você estampada na capa, lá em casa.

 Não consegui falar nada, olhei para Lauren, e assim como eu, ela está olhando para a senhora, com o mesmo olhar de quem não acredita no que acaba de ouvir. 

— Vocês não precisam ficar com essa cara. - Revirou os olhos. — Eu não vi nada, agora vão terminar o que começaram. - Apontou pra mim. — E você, fecha logo essa calça.

 Fechei a calça e fui para o carro, não consegui falar mais nada, o que eu poderia fazer? Pedir desculpas? Agradecer pelo carinho do seu filho? Tem coisas que acontecem comigo que nem eu acredito. Lauren entrou no carro, com um olhar de culpa e os lábios cerrados, depois de alguns segundos assim foi que ela olhou pra mim.

— Desculpa, eu não queria te causar esse constrangim… - Não deixei ela concluir, encostei um dedo em sua boca.

— Só me leva pra sua casa.

— Sério? - Perguntou em um tom surpreso e eu apenas confirmei com a cabeça, e assim ela o fez.

 Se é pra acontecer de novo, que seja como eu quero. Quando ela passou pela porta do quarto eu a empurrei contra a parede.

— Acho que agora é a minha vez, né? - Perguntei, encaixando uma perna entre as suas.

Quase Sem QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora