Para muitos parecia que o cio era delicioso, afinal para alfas era um dia de apenas prazer e satisfação, assim como os cinco a sete dias para os ômegas, mas só quem passava pelo cio poderia dizer o quão infernal era. Para Jungkook só sofrimento havia lhe sido causado desde seu primeiro cio, o único que passou com alguém, e em todos os outros ficara preso, amarrado em sua cama e trancado no quarto, gritando de raiva e tentando se soltar para ir atrás de alguém que pudesse o satisfazer.
E esse era o maior problema: não tinha nada de sentimento, era apenas sexo, apenas dois corpos se juntando para acabar com a agonia e a dor.
— Às vezes acho que você só me marcou por pena. — Murmurou, mas Jungkook fingiu ignorá-lo.
— Eu tinha um amigo, ele era beta. — Jungkook começou, já respirando fundo em uma nítida busca de coragem. — Quando eu fiz quinze anos esse amigo me beijou. Ele era mais velho que eu, tinha dezoito anos na época. Eu nunca tinha beijado alguém, mas tornei daquilo um hábito nosso, e era bom, era uma sensação gostosinha. Não demorou nem três meses para que acabássemos em uma cama. Ele dizia gostar de como eu fazia, sabe? Porque eu era carinhoso de uma forma que seu ex-namorado não era.
"Quando eu tinha dezesseis anos tive meu primeiro cio. Esse amigo aceitou me ajudar, e assim passamos aquele dia juntos. Quando me acordei no dia seguinte, Yoongi queria me bater, me matar, porque meu amigo havia o ligado no meio da madrugada o pedindo socorro."
Fez uma breve pausa, observando Jimin com uma feição tão assustada que apenas o fez se odiar ainda mais, porém decidiu continuar a contá-lo. Ele tinha o direito de saber de tudo.
— Eu o visitei, mas ele me expulsou em todas as minhas tentativas. Eu o machuquei tanto, mas tanto, que ele quase morreu. E quando saiu do hospital se mudou e eu nunca mais o vi ou soube qualquer coisa sobre ele. — Fez outra pausa, ainda mantendo o olhar fixo ao de Jimin. — Eu quase o matei.
Jungkook quis muito chorar, mas se segurou o máximo possível.
— Desde então Yoongi cuida as datas do meu cio, vem até aqui e me amarra na cama. Ele vai estar aqui de novo dessa vez, então não precisa ficar com medo. Eu sei que eu sou um monstro, mas não vou machucar você.
Se afastou por alguns instantes, mas Jimin lhe puxou de volta. Suas pernas agarraram a cintura do maior, seus braços envolveram os ombros do maior e seu rabinho felpudo e de cor cinza se enrolou em um dos braços dele. Jungkook podia sentir que ele estava assustado, mas que mesmo assim queria tomar conta de si. Ele queria garantir a Jungkook certa confiança.
— Vai ficar tudo bem. — Sussurrou, acariciando os cabelos de Jungkook, lhe fazendo sorrir por conta do carinho e de sua gentileza. — Eu estou aqui com você e não pretendo sair do seu lado.
— Mesmo sabendo o que eu fiz?
— Você claramente se arrepende, a culpa não foi sua, e eu não vou te julgar por seu passado. — Sorriu largamente, beijando a bochecha de Jungkook.
Seus cabelos batiam no queixo do Jeon e uma de suas orelhinhas esfregava-se na bochecha direita dele, o causando uma sensação muito boa.
E Jungkook só queria, muito, beijá-lo.
Na verdade, fazia muito tempo que ele ansiava por um beijo daqueles lábios fartos, semanas que queria descobrir se ele tinha o mesmo gosto que seu cheiro, semanas que queria apenas enrolar sua língua na dele, explorar sua boca, beijá-lo até o ar faltar.
Jimin era tão lindo, tão precioso, que o Jeon sentia que poderia quebrá-lo com o menor toque, mas mesmo assim desejava poder tocar nele — com todo o cuidado do mundo. Desejava poder enchê-lo de beijos, carícias, mordidas fracas, e marcas que pintaria com sua boca por toda a tez branquinha dele. Só aquela marca no pescoço não parecia ser o suficiente.
Desceu sua mão direita até o rosto de Jimin e o acariciou ali, subindo e descendo a destra por aquela bochecha gordinha e tão atraente de apertar e acariciar, encarando fixamente seu rosto corado, os olhinhos curiosos e os lábios entreabertos. Ele só queria mergulhar no mar que era Park Jimin. Só isso. Era pedir demais?
Ele só queria poder inebriar-se ainda mais com o jeito meigo e tão doce dele de ser, só queria poder se afundar de vez na beleza inegável do menor. Apenas queria ser tudo que Jimin queria, ser seu alfa de verdade.
Jimin sentia o coração tão acelerado que parecia estar com vontade de passar por sua boca. A proximidade que Jungkook estava de si era agradável, mas também desconcertante. Não conseguia se concentrar em nada além do olhar profundo do maior e da boca entreaberta que parecia estar o puxando para cada vez mais perto de si.
O Jeon não conseguiu aguentar mais, segurar aquela vontade era demais para si. Se Jimin lhe empurrasse ou demonstrasse que não queria, Jungkook se afastaria sem contestá-lo, porém ele precisava arriscar, precisava sentir a textura daqueles lábios que tanto o atraíam no dia a dia. Não tinha como resistir a Park Jimin.
Seu encanto por Jimin chegou mais rápido do que ele imaginava, e tão devastador que Jungkook tinha medo dos seus próprios sentimentos perante ele. Mas já não importava mais, ele só não podia magoá-lo, e tudo ficaria bem. Ele só precisava garantir a felicidade de Jimin, tudo daria certo.
Não tinha mais como dar errado.
Jimin apertou com certa força o braço do Jeon assim que os lábios deste tocaram os seus, mesmo que sendo um toque suave e lento. Jungkook nunca tinha sentido com apenas um leve toque tudo o que aquele simples encostar de bocas lhe provocou. O rabinho felpudo do híbrido voltou para seu braço, lhe fazendo sorrir antes de finalmente aprofundar o beijo.
Jimin estava nervoso, e não precisava de marca alguma para que Jungkook percebesse isso. Perceber que ele o deixava daquele jeito, com o coração acelerado, as mãos trêmulas e envolvido em nervosismo, apenas o fez ver o quão fácil era gostar de Jimin, e o quão nada difícil seria se apaixonar de vez, marcar por cima da marca já feita apenas pela alegria de tê-lo como seu ômega, como alguém que Jungkook queria sim passar o resto da vida com. Ele o queria tanto...
Levou a mão até a nuca do híbrido de pelagem cinza, tentando acabar de vez com qualquer mísero espaço que pudesse haver entre o corpo de cada um. Jungkook apenas o queria totalmente grudado a si. A cada segundo se sentia mais inebriado por aquele viciante cheiro de chocolate, e mais tonto com cada sensação que ter a boca de Jimin grudada na sua conseguia provocar a si.
Era um misto de sentimentos muito loucos que percorriam por seu corpo, até mesmo sua corrente sanguínea parecia afetada com tudo aquilo. Ele se impressionava, afinal nunca sentira nada igual em sua vida, mas isso só fazia o moreno crer ainda mais que realmente fez o correto em salvar Jimin. Ele o salvou, porque sabia que o queria, mesmo que não o conhecesse ainda.
Quando enfim conseguiu findar o delicioso beijo, o encarou, querendo se afundar ainda mais na imensidão daquele olhar. Como podia alguém ser tão lindo quanto Park Jimin? E como podia alguém ter tido coragem de machucar aquele ser humano que exalava fofura até onde não deveria?
Sorriu largamente para ele, recebendo um corar de bochechas e mais um abraço. O envolveu com seus braços, o tirando de cima do balcão e sentando-se à mesa com ele sobre suas pernas.
Apenas conseguia sorrir com a maneira envergonhada que Jimin parecia estar, as bochechas cada vez mais vermelhas e provavelmente queimando pela timidez, ele era simplesmente tão... perfeito. É, perfeito era a melhor definição para Jimin.
— Eu só quero que entenda que você não precisa se portar como os ômegas que vê por aí. Você não precisa ser "submisso" como os outros, ou me "satisfazer", tudo bem? Eu só quero que seja você mesmo, que seja feliz, e que compartilhe sua vida comigo, mas que não faça de mim alguém superior a você, porque eu realmente não sou. — Jimin sorria enquanto ouvia Jungkook, o que apenas alegrou o maior de uma forma sem igual.
Um calor gostoso lhe atingiu com força.
Por que Jimin o provocava tantas reações apenas existindo?
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Beijinhos ♥
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All That Matters | jjk + pjm
FanfictionQuando eu conheci Jimin percebi que ele era uma pessoa especial e que precisava da minha ajuda sem nem imaginar tal coisa. Quando chegamos em um hospital ele estava fraco, sua única cura seria ser marcado por um alfa, porque isso o daria força o suf...
Não quero te machucar
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