Capítulo 01 - Nas Ruas Desertas

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Esse é meu primeiro Romance de Fantasia Urbana. Espero que gostem! <3

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Capítulo 01 - Nas Ruas Desertas


O relógio marcava pouco mais de três horas da madrugada. As ruas estavam desertas e enquanto caminhava pela Avenida São João apenas o som do salto de sua bota podia ser ouvido. Uma pessoa comum definitivamente não andaria pela região central, não quando a escuridão era iluminada apenas pelas luzes artificiais da cidade e pessoas mal-intencionadas aproveitavam as sombras para cometerem atos ilícitos e se livrarem deles com facilidade.

Vanessa sempre gostou de andar no Bairro República, que com o Distrito da Sé forma o centro histórico de São Paulo. Como frequentadora assídua da Galeria do Rock, conhecia bem cada rua e avenida daquela região e ao contrário de quando era apenas uma garota entrando na adolescência, não tinha mais medo do escuro. Agora, sob a escuridão, ela se libertava e permitia que sua raiva, frustração e dor se dissipassem e destruíssem todos os vermes que atravessassem seu caminho! Seus olhos verdes e afiados percorriam cada sombra e recanto escuro à procura de demônios capazes de causar estragos, mas tudo parecia silenciosamente deserto.

Quem a visse caminhando tranquilamente naquela avenida, diria que se tratava de uma jovem mulher louca, por andar sozinha àquela hora da madrugada, mas ao contrário do que poderiam supor, não estava indefesa. Mesmo os seres sobrenaturais menores não seriam capazes de feri-la ou ver as borboletas de energia que voavam ao redor dela tal qual o vento, que movia seus cabelos completamente pretos. Aos poucos, a medida que se aproximava da Praça Júlio de Mesquita, ela pode ver algumas pequenas criaturas demoníacas, que lhe lembravam filhotes de hienas desprovidas de pelos e na 'carne viva'. Mesmo sem desejar, Vanessa atraía os olhares daqueles seres repugnantes, mas nenhum deles tinha coragem ou vontade de se aproximar dela. Eram realmente criaturas inferiores, incapazes de se materializar no mundo terreno e podiam apenas sussurrar palavras sedutoramente cruéis nos ouvidos daqueles que não tinham mais fé ou eram muito fracos espiritualmente.

Em alguns cantos, Vanessa podia ver moradores de rua bebendo ou fumando algum entorpecente, enquanto tentavam se aquecer e, ao redor deles, estavam às pequenas criaturas demoníacas, alimentando-se da dor e sofrimento de suas almas degradadas. Ela sabia que não podia ajudar todos os seres humanos – e esta nem mesmo era a sua intenção –, então seguia seu caminho, observando-os de esguelha. O brilho de encanto cruel presente nos olhares daqueles demônios a irritava, sentia que cada um deles ansiava por se aproximar para tocá-la, mas por medo de serem banidos ou mortos, mantinham-se afastados. Quando a olhavam assim, lembranças desagradáveis permeavam sua mente, tentando roubar-lhe o foco e isso era algo inadmissível, principalmente em uma caçada.

Por um momento, ela deteve seu avanço. Sentiu as borboletas se agitarem ao seu redor como se estivessem se comunicando umas com as outras até que imagens começaram a se formar em sua cabeça, como um desenho sendo feito aos poucos. Num primeiro momento reconheceu o filho da noite, em seguida sua vítima e sobre eles a cúpula de um coreto... De imediato soube onde estavam. Sem se importar em atrair a curiosidade das criaturas demoníacas, Vanessa se pôs a correr em direção à Praça da República e em uma revoada, as brilhantes borboletas circularam a bela construção e imediatamente a criatura soltou o corpo quase sem vida de sua vítima.

— Vampiro maldito! – rosnou ela, furiosa por não tê-lo detectado antes. Os malditos sugadores de sangue eram sempre os mais difíceis de notar graças a sua baixa energia residual.

O Voo da BorboletaWhere stories live. Discover now