Olhos azuis encaravam Eren intensamente, uma perspicácia forte que fez o Jaeger ofegar, havia muito nos olhos do oga e com um suspiro resignado, percebeu que não tinha mais escolha.

– Vocês sentiram. – Foi uma afirmação, Eren sabia que isso aconteceria a partir do momento que a ligação de sangue fosse feita, e ele não estava com medo, não quando planejava contar tudo a Levi naquela mesma noite, durante a cerimônia de acasalamento dos dois, antes que pudessem se tornar companheiros completos. 

– Sim, a magia em seu sangue foi fácil de identificar, sutil porém diferente o suficiente. – Erwin não fez questão de mentir sobre o assunto.

– Foi ainda mais sutil para o resto da alcatéia, acredito que apenas os mais experientes percebem qualquer coisa de diferente. 

– Sim, eu planejava contar tudo à Levi na mesma noite, antes do acasalamento. – Abaixou os olhos. – Nunca planejei mentir para a alcatéia, na realidade acreditei que viveria o resto da minha vida sozinho na floresta, encontrar meu elegbe emi mudou tudo e eu não tive tempo de falar sobre isso.

– Não sinto nenhuma má intenção vindo de você, Eren, porém a segurança da alcatéia é minha prioridade, por isso preciso que me conte tudo que sabe e só então poderei tomar qualquer decisão. – Havia muito mais nas palavras de Erwin e Eren estremeceu levemente. Só a possibilidade de ser separado de Levi já fazia seu peito doer e a ligação de sangue incomodar, ele não queria ficar longe.

O cheiro do alfa de cabelos negros se intensificou, um rosnado baixo saindo da garganta em um pequeno descontrole, porém Levi não se moveu, permanecendo de pé e imóvel ao lado de Eren, os braços cruzados e os olhos fixos no outro alfa, quase como se esperasse qualquer movimento dele para atacar.

– Eu cresci como um lobo, minha mãe me ensinava a lutar e me proteger e meu pai a arte da cura e a caçar, ele plantava muitas ervas em um campo fora da alcatéia e dizia que eu não podia contar a ninguém sobre isso, era um segredo de família. – Torceu o nariz. – Eu fui ingênuo e nunca questionei o porquê disto, papai parecia confiável.

– Seu pai também tinha sangue mágico, suponho? – Eren concordou com a cabeça.

– Ele era um bruxo. Como deve saber, apenas bruxas podem utilizar praticamente a magia, os bruxos são curandeiros, carregando os segredos e conhecimentos dos clãs. – Desta vez foi Erwin quem concordou. – O poder das bruxas vem de seus úteros, magia elemental é magia antiga, é necessário a força ancestral da vida para isso, cedida pela própria mãe natureza. Eu nascer um ômega foi uma infeliz coincidência e ao descobrir meu segundo gênero, as bruxas destruíram Marley, matando todos, incluindo meus pais, na tentativa de me matar.

– Elas não se preocuparam com você por muitos anos, nós percebemos que existe algo de diferente em você, Eren. – Erwin foi direto.

– Sim, elas não se importariam comigo se eu fosse um simples ômega, crianças bastardas não despertam os poderes, os genes bruxos sempre acabam em segundo plano para o outro, independente de qual for, então eu seria apenas mais um lobo com sangue ruim. 

– Então não é um simples ômega. – Levi encolheu as sobrancelhas após a fala do Smith.

– Não. – Um sorriso desanimado surgiu em seus lábios. – A cada ano um gama nasce entre todos os clãs bruxos, eles se reúnem durante a noite de solstício de inverno, a criança nascida neste dia recebe todas as bênçãos da mãe natureza, ou seja, os quatro elementos reunidos. Então uma competição é feita entre as quatro chefes dos clãs maiores e a vencedora pode ficar com o bebê, ela pode torna-se tutora dele ou… comer o seu útero e herdar, durante doze luas cheias, o poder herdado.

LuarOnde histórias criam vida. Descubra agora