Não pararam.
E não importava o quanto eu me esforçasse por tentar convencer a mim mesma a não lê-los, eu geralmente não conseguia resistir. Minha própria curiosidade me matava. Eu lia as coisas escritas sobre mim ou Shawn e jurava que nunca as leria novamente por me causarem tamanha angústia.
Tornou-se um círculo vicioso de autodepreciação e eu precisava trabalhar com minha força de vontade.
E Taylor, Deus a abençoe, nem sempre ajudava. Ela mantinha contas em todo site que mandava mensagens sobre mim e Shawn e, embora afirmasse não compartilhá-los todos comigo, parecia que me alertava para um novo post todo dia.
Eu estava exausta simplesmente por saber disso tudo. Determinada a focar no trabalho, e não no noticiário, verifiquei os arquivos on-line da revista, vasculhando velhas fotografias e novas anotações para a pesquisa de outro fotógrafo.
Um alerta de e-mail de Matteo apareceu na minha tela.
Quer almoçar hoje?
Não tenho nenhum cliente e Shawn ainda está fora da cidade.
Eu quase digitei "sim" em resposta, mas me contive. Gostava da companhia de Matteo e nos tornáramos realmente bons amigos, mas eu sabia o que aconteceria. Alguém nos veria juntos e nos fotografaria. A foto seria exposta por toda a internet dentro de minutos e muito provavelmente impressa no dia seguinte com alguma chamada falsa e uma história forjada por alguma "fonte anônima".
Odiava me sentir como se não pudesse ir a parte alguma com alguém quando Shawn estava fora da cidade, mas bastava uma chamada proclamando "Quando Shawn Está Longe, Camila Aproveita" para me deter.
A chamada estava impressa acima de uma foto minha e de Matteo rindo depois do jantar e resultava num grande número de acusações na internet, sem mencionar minha necessidade de reassegurar a Shawn que não havia absolutamente nada de podre acontecendo entre mim e Matteo.
Esse era um pesadelo que eu não tinha intenção alguma de repetir.
Rapidamente digitei uma resposta para o e-mail de Matteo:
Trabalhando num projeto. Sinto muito. Verei você quando Shawn chegar em casa.
Felizmente, minha última linha deixava claro que eu não faria planos com ele até que Shawn estivesse de volta à cidade.
Passei a hora do almoço trabalhando e, quando saí do escritório, estava faminta. Depois de suar com o calor no trem sem ar-condicionado de volta para casa, decidi parar em um café.
— Boa noite, Camila. Vai pedir alguma coisa para levar hoje? — O homem baixinho e redondo perguntou.
Eu estivera lá poucas vezes, mas Roman sempre se lembrava de mim e me saudava pelo meu nome.
— Na verdade, Roman, acho que vou comer aqui hoje à noite. — Sorri quando ele esfregou suas mãos com satisfação.
— Vá em frente e sente-se onde quiser.
— Obrigada. — Olhei ao redor para as mesas vazias antes de escolher uma no canto dos fundos, próxima à janela. Roman apareceu à minha mesa, um chá gelado na mão.
— Gostaria de ver o menu? — ele perguntou.
— Acho que vou querer seu famoso sanduíche East Side com fritas.
— Já vou trazer, bela senhora! — Ele sorriu e o sorriso se estendeu por todo o seu rosto, forçando-me a sorrir em retribuição.
Encostei as costas à cadeira de madeira e fiquei olhando as pessoas entrarem apressadas.
Capítulo 17
Começar do início