"Então, como o cara vai saber se está tudo bem para fazer algo a mais?"

"A gente - meninas - avisa."

"Às vezes não são muito claras."

"Sim, nós somos. Vocês que não ouvem, estão ocupados demais pensando no que farão para nos ouvir dizer não."

Shawn se distrai olhando para a porta da sala do zelador. "O quê?"

"Viu?" Charlotte sai andando e volta ao encontro de Topanga e Cory.

"Meu ouvido está quase novinho em folha com o remédio." diz ela. "Enfim, do que vocês estavam falando?"

"Sobre meninos não saberem ouvir um não." responde Topanga. "Falei para Cory publicar no jornal do colégio sobre garotos serem babacas em encontros, em vez de suas piadinhas."

"Hm, é uma boa ideia." concorda Charlotte.

Shawn, que conseguiu chegar a tempo de ouvir a conversa, pergunta: "Se acha que os garotos só querem abusar de você, por que continuava saindo com eles?"

"Tá legal." diz Charlotte, irritada. "Você está certo. Eu desisto." Ela sai, deixando os três para trás.

"Isso que é sensibilidade, Shawn!" fala Topanga, seguindo Charlotte.

"É isso que dá tentar entender uma garota!" diz Shawn, deixando Cory totalmente sozinho.

Depois da discussão do início da manhã, os quatro participam da aula do Sr. Feeny. O ambiente na sala de aula era típico, com os alunos espalhados, alguns conversando entre si e outros organizando seus materiais.

"Para escrever seu livro 'Negro como eu', o autor John Griffin, um homem branco, teve sua pele temporariamente escurecida para que ele pudesse vivenciar a experiência de um homem negro." explica Feeny, andando de um lado para o outro com seu livro em mãos.

Cory, que está com o queixo apoiado na mão e o olhar perdido, levanta a cabeça e pergunta: "Não seria mais fácil apenas... perguntar?"

Feeny responde: "Bom, havia tanta desconfiança entre as raças que Griffin sentiu que apenas ficando negro, ele começaria a entender os horrores da segregação."

Shawn, sentado ao lado de Cory, se inclinou e cochichou: "Cory, é a sua próxima história."

"O quê?" Cory pergunta, franzindo o cenho.

"Para entender o que as garotas falam, nós temos que ver o mundo sob o ponto de vista feminino... virando uma garota." explica Shawn.

"Isso é loucura."

"Não, não, não! Você se veste de garota e escreve 'Gata como eu!' É importante, estará escrevendo um artigo de verdade e não uma coluna idiota."

"Não é uma coluna idiota!"

"É, é sim." concorda Feeny, sem perder o ritmo da aula, o que fez a turma rir discretamente.

"Tá, Sr. Feeny, e o que aconteceu com esse tal de Griffin depois que escreveu o livro?" pergunta Cory, tentando mudar de assunto.

"Bom, ele vendeu 5 milhões de cópias e ganhou renome mundial imediato. Por que pergunta, senhor Matthews?" Feeny para de andar e encara Cory, esperando uma resposta.

Cory, com um brilho nos olhos, responde: "Senhorita Matthews!"

Na parte da tarde todos foram até a casa dos Matthews colocar a ideia em prática. Enquanto Charlotte espera Cory se vestir de mulher, ela senta na cama do quarto dele enquanto ajuda Morgan com um problema dela. Charlotte pega um laço de cabelo e ajuda Morgan a ajeitar o penteado, ouvindo atentamente a história da pequena.

broken || shawn hunter Onde histórias criam vida. Descubra agora