Capítulo 18 || Vivências Reveladoras

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Fico intrigado com a pergunta e até viro o rosto na direção do loiro, arqueando a sobrancelha para ver se fica óbvio que é meio aleatório questionar um detalhe desses. Não dura muito, logo me assustando com as írises vermelhas fixadas em minha face por breves segundos, enquanto aguardávamos em um cruzamento.

— É... Sim, a Hether — falo um pouco mais alto que o normal, mesmo que o som dentro do carro seja inexistente enquanto as coisas pela janela parecem passar muito rápido. Estamos chegando ao centro, mas a quantidade de rotatórias por lá me faz pensar nas possibilidades de perigo.

— Hether, ligar para Dek- Midoriya Izuku — Katsuki sequer precisa perguntar se tenho o mesmo o contato salvo, talvez por ter presumido que eu e o esverdeado tenhamos mais meios de comunicação do que ele gostaria.

Certo, Bakugou. Ligando para Midoriya Izuku — A assistente responde tranquilamente, coisa que não combina com a imersão do veículo que se torna gradativamente mais rápido quando as ruas passam a ser menos movimentadas. Espero que não tenhamos problemas, aqueles caras estão mesmo nos seguindo?

Ouso olhar para trás enquanto o som de chamada preenche a cabine, só para denotar os carros pretos com vidros escuros que permanecem em fila, acelerando e freando na mesma intensidade que Katsuki a cada nova curva.

Oh, merda...

Kirishima, como estão? — Izuku atende à ligação com rapidez, considerando que sou eu a chamar, mas não tomando tempo algum com cumprimentos desnecessários. Sua voz parece mais tensa também, somente a expressão do Delegado que permanece inerente ao clima denso que se instala.

— Deku, triangule a ligação agora. Preciso de Hanta e Ashido na linha — Os olhos vermelhos permanecem em todos os cantos, a postura falsamente relaxada enquanto diminui a velocidade para passar na área residencial de classe média. O bairro mal afeiçoado com aglomerações em esquinas escuras ficou para trás rápido demais.

Cinco segundos, Kacchan — o esverdeado responde apressado, sendo possível ouvir o som de teclas numéricas sendo pressionadas no celular.

— Você tem 3 — O loiro diz com a voz mais alta, a raiva levemente transbordando pelo rosnado intermitente de seus dentes cerrados, a mandíbula tensa e os olhos cravados no retrovisor a cada segundo. Ele suspira profundamente, seguindo a contagem enquanto aumenta a velocidade ao chegar na curva, deveria ser o contrário, pelo amor de- — 2, 1...

Hanta e Mina na escuta, sua localização, Delegado? — A voz do policial de cabelos pretos e sorriso maroto que conheci há pouco tempo surge séria no ambiente, poucas palavras e disposição para seguir as ordens. Katsuki segue concentrado, mas tenho certeza de que sua mente está fervendo de estratégias.

— Rua 3, Konegawa. Próximo ao posto do trigésimo sexto. Perseguição em andamento, estou atraindo para Fukuya — O delegado ergue os olhos novamente para o retrovisor, mas não mantém a calma como pensei que faria, como tem feito a todo momento.

O carro vai para a direita com tanta brusquidão, que sinto o couro prendendo meu tronco ao banco pela trava do cinto de segurança; meu ombro chega a bater no vidro, mas o barulho não é nada perto dos pneus cantando no asfalto, tudo isso para virarmos numa rua aleatória. Apesar de estarmos em alta velocidade, consigo ouvir o som agudo da aceleração de outro veículo atrás do nosso, a diferença é que o piloto de trás não saberia entrar nessa rua da mesma forma que Katsuki.

O estrondo do carro atingindo uma parede de concreto só chega quando estamos longe, mas os outros dois carros entram mais devagar na rua e vão em frente, sem pensar nos que perderam a corrida – e provavelmente, a vida. Fico em choque pela compreensão chegando, olhando para o loiro enquanto penso na situação como ela realmente é.

Accordo Di Vaniglia || KiriBakuOnde histórias criam vida. Descubra agora