Prólogo - O trio misterioso

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E com esse pensamento eu saio da casa de classe média em direção a delicatessen mais próxima da minha casa, situada em um bairro nada favorável, conhecido pelos surgimentos de vários crimes como roubos e até assassinatos. Todos acontecem de uma forma diferente da outra, mas todos ligados por uma única pessoa. A pessoa que comanda o tráfico que até agora tem seu nome em desconhecimento. Ao menos é o que diz Nathália com todas as suas teorias da conspiração.

Quando volto para casa, com minha sacolinha carregada por um bolinho com uma vela e alguns salgadinhos e refrigerante para que eu possa aproveitar meu aniversário, mesmo que eu saiba que tem vários boletos que eu deveria estar priorizando pois sei que o meu pai vai gastar todo o seu salário com bebidas e todas aquelas drogas, já é de noite.

Abrindo lentamente a porta de entrada consigo sentir o cheiro insuportável da bebida invadindo minhas narinas, enquanto tento a todo custo não respirar esse ar tóxico. Tento correr na direção da escada assim que fecho a porta para evitar ser vista pelo homem bêbado que um dia já foi uma inspiração de homem, quando ainda era policial, quando interrompo os meus passos ao perceber um movimento estranho na sala de estar.

Mesmo com as luzes apagadas, eu conseguia o ver deitado no sofá da sala com uma mulher que fazia barulhos estranhos. Senti o meu estômago embrulhar e quase que imediatamente corri para o meu quarto, abrindo a janela do mesmo em busca de acalmar as batidas do meu coração.

Essa situação me despedaça... Lembrar que esse mesmo homem já foi um pai de verdade, que não ficava bêbado e que cuidava de mim... Isso realmente machuca.

Prendo o meu cabelo num coque e caminho até o banheiro, pronta para tomar um banho e me aliviar um pouco do peso de cada dia, mesmo que eu já esteja acostumada a lidar com situações parecidas...

Quando eu finalmente estou banhada, cheirosa e limpa, eu sento na minha cama com a sacolinha em mãos. Um sorriso surge em meus lábios enquanto dou um jeito de acender a vela. A foto da minha mãe no porta-retrato na minha cabeceira de cama faz com que lágrimas surjam na borda dos meus olhos.

O sentimento de impotência... vulnerabilidade... Esse é o meu aniversário de dezessete anos, e ainda assim... nada mudou. Não me sinto mais livre, exceto que agora me sinto ainda mais presa enquanto a saudade aumenta em meu peito.

Acho que nenhuma saudade é pior do que daquilo que você já viveu... Mesmo com a minha mãe tendo morrido no meu parto, eu posso dizer que até os meus sete anos eu tive uma família. Meu pai era a minha base, o centro da minha vida, até que...

Assopro a vela com os olhos fechados, sentindo as lágrimas deslizando enquanto deixo escapar pelos meus lábios a coisa que mais desejo do mundo...

— Faz isso parar, por favor... me devolve a minha felicidade.

Eu só não esperava que nessa mesma noite, o meu pedido iria se virar contra mim de forma que eu não conseguiria medir o impacto daquilo na minha vida.

Na mesma noite, durante a madrugada, o céu estava chorando. Tenho plena certeza disso pois o barulho da água da chuva colidindo contra o teclado da minha casa, e o trovão ressoando no céu realmente me assustava. Eu sequer conseguia fechar os meus olhos e me deixar levar pelo sono. Na verdade, estava ouvindo coisas vindo do andar de baixo da minha casa, o que é bem frequente pois meu pai bêbado sempre quebra coisas pela sala, mas dessa vez, essa combinação de barulho com a chuva realmente estava me aterrorizando.

Mesmo sendo uma garota de dezessete anos, carregando a responsabilidade de estudar, trabalhar e cuidar de uma casa, eu pareço uma criança quando se trata de medos. E esse é um deles...

Tão rapidamente, a luz de raio me cegou por menos de um segundo, me fazendo fechar os olhos e soltar um gritinho assustada. O meu coração estava num ritmo desregular e eu só queria correr até o meu celular e ligar para Nathália, numa forma de me acalmar já que eu não poderia contar com mais ninguém além dela.

Quando me sentei na cama, tentando acostumar-me com a escuridão que se encontrava no quarto, uma silhueta apareceu na frente da porta. O meu coração deu um salto e eu joguei meu corpo para trás, puxando o cobertor numa forma de proteção, enquanto eu tentava me convencer de que devia ser mais um daqueles "vultos" que nossa mente prega.

Mas quanto mais eu encarava a silhueta perfeitamente como a de um homem, mais eu tinha vontade de gritar, amedrontada com a possibilidade de alguém ter invadido o meu quarto. Quer dizer, o meu pai não apareceria em meu quarto a essa hora da noite, não é?

Eu senti o meu sangue gelar e mais uma daquelas pontadas na cabeça. A mesma que sinto momentos antes de perder o ar e entrar em pânico... isso estava prestes a acontecer. Eu sei...

Quem está aí? O que vai fazer comigo? São as perguntas que fazem minha cabeça girar, mas minha voz está presa na garganta.

A luz de repente acendeu e eu me deparei com três homens, completamente desconhecidos mas com rostos estranhamente familiares. Um sorriso malicioso surgiu nos lábios de um e eu senti o meu corpo tremer.

Mais uma pontada...

Antes de tudo ficar escuro, a última coisa que vi foi o olhar do homem que estava na frente. Eram impenetráveis e uma sensação reverberou pelo meu corpo...

Impiedade.







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VENDIDA - CRIMINOSOS EM SÉRIE - PARTE 1Onde histórias criam vida. Descubra agora