III. First Race

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A arquibancada era tomada por cores que pintavam o local, e era quase impossível diferenciar qual equipe predominava. O grito dos fãs sacudia o autódromo, criando uma vibração no ar que aumentava a cada segundo. Ayla respirou fundo, o som dos motores zunindo em seu ouvido como um lembrete constante de onde estava.

O calor dos holofotes, a tensão pulsante no paddock, e a expectativa pairavam em seus ombros... Gostava tanto daquele ambiente, sentia-se em casa. Era sua melhor forma de desestressar, mas naquele dia parecia diferente. Talvez fosse o medo de acontecer a mesma coisa do dia anterior e desmaiar durante a corrida.

Apertou os olhos, procurando calma em meio ao caos em seus pensamentos. Mas falhou novamente quando o nome dele veio à sua cabeça como uma lembrança irritante de que ele estava ali, focado, confiante e seguro de si. Por que era tão difícil ignorá-lo?

Ayla havia conversado com seu pai naquela manhã. Pensava que ele iria vê-la pessoalmente no dia mais importante de sua carreira até então, mas ele acabou precisando ir acompanhar seu irmão mais novo, Rafael, na estreia dele na FRECA.

Embora entendesse que era um mundo muito novo para Rafael, que tinha acabado de sair dos karts, não pôde deixar de sentir uma pontada de decepção. Queria que seu pai e ele estivessem lá, na arquibancada gritando por Ayla, torcendo também. Queria que os dois estivessem ali para ela, da mesma forma como gostaria de ir assistir à corrida do irmão.

Os pensamentos a incomodavam e não a deixavam se concentrar na corrida que estava por vir. Parecia que algo faltava; uma conversa pelo telefone não era suficiente, era a mesma coisa que nada. Ela suspirou, abrindo os olhos que até então se encontravam fechados. Estava na hora de agir; se lamentar não a levaria a lugar nenhum. Poderia, talvez, a um psiquiatra ou a uma clínica.

— E aí, 27? — Anthony quebrou os devaneios de Ayla assim que chegou ao box da Ferrari. Usava o mesmo conjunto de uniforme de sempre; parecia que nem lavava.

— Não vai me contar que estava dando uns amassos na Katherine na porta do banheiro? — Perguntou Ayla, desviando o olhar do vazio para ele, que fez uma expressão ofendida. Aproveitou a oportunidade para afastar os pensamentos ruins que a invadiam de assalto.

— Eu não estava pegando ninguém. — Blefou.

— Não foi o que meus olhos viram. — Ayla riu com o olhar incrédulo que ele lhe lançou. — Ah, para. Ela é até bonitinha. — Sorriu, olhando para fora dos boxes à procura da jovem menina. — É ela a estrategista da Mercedes? Caramba, garota gentil, tem muita cara de boa moça. — Continuou a rir, de modo sarcástico. — Do jeitinho que a Natalie gosta.

Anthony suspirou de modo grosseiro, nem um pouco disfarçando a indignação que estampava seu rosto.

— Ayla, você fecha seu bico, se não... — Um dedo gordo e nem um pouco simpático estava a centímetros do rosto dela, que, por incrível que pareça, não esboçou reação. — Eu mexo no seu carro e a faço perder a corrida!

— Anthony, eu não tenho absolutamente nada a ver com sua vida íntima, embora seja bem interessante. — Soltou um sorriso involuntário que ela mesma ficou surpresa. — Mas eu não fui a única que o viu se envolvendo com pessoas fora do seu casamento. Pode não ser eu quem vá falar algo à Natalie, mas alguém vai.

O alerta de Ayla pareceu assustá-lo, pois ele novamente fez uma cara de quem fora ofendido. Anthony era desse jeito, nunca mudou. Traía Natalie com todo o campus na época em que ainda estava na faculdade, mas nunca se separaram. Ela era uma garota muito doce, encantava aqueles que conhecia. Nunca de fato conseguiu entender por que ele fazia isso com ela. E mesmo se tentasse entender, nunca faria sentido.

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⏰ Última atualização: Nov 24 ⏰

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You Mean Forever? - Franco Colapinto FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora