Capítulo 34 - Apenas deixe ir

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Ao entrar no quarto, recosto na porta pelo qual entrei, e a única coisa que consigo fazer é chorar.

Preciso me recompor, logo Renan deve chegar, para acertar a minha demissão, e a última coisa que quero é que ele me veja assim, destruída, chorando no chão do quarto.

Tomo um banho, coloco um vestido verde, de mangas compridas, que vai até o joelho, e sento na cama, esperando pelo meu ex chefe.

Enquanto estou ali, meu celular toca, e é Murilo.

— Tetela! — Sorri, mostrando Bia e Pedrinho. Os três estão no quintal de casa, Beatriz e Pedro brincam com a bola de vôlei, que o menino ganhou do Bruno, e meu irmão come algo parecido com um pão de queijo — como você está? O dia amanheceu muito bonito, Pedrinho quis brincar e nós viemos junto.

— Estou mais ou menos — mais para menos do que para mais — fui demitida, Bruno e eu nos separamos.

Murilo engasga com o pão de queijo, Bia vem correndo a seu socorro, batendo nas costas dele, com bastante força. Até que finalmente ele cospe o pedaço de pão.

— O QUÊ?

— Renan descobriu de Bruno e eu, mais que isso, ficou sabendo que Bruno levou um soco de Conte ontem. Mendez e ele nos colocaram contra a parede, e a corda rebentou pro meu lado.

— ISSO É UM ABSURDO — Murilo grita alto, e algumas palavras eu mal consigo entender — QUEM ESSE VELHO CAQUÉTICO PENSA QUE É PRA TE DEMITIR?

— Meu chefe?!

— GRANDES MERDAS! POIS EU VOU AI, JÁ ESTOU ARRUMANDO AS MALAS! O PRIMEIRO A APANHAR É O BURRO DO BRUNO, DEPOIS ESSE VELHO!

— Murilo chega! Esqueceu que tem uma criança aqui? — É possível ver Bia tampando os ouvidos do Pedro com as mãos — Não pode incentivar a violência na frente dele. Espera eu o levar para dentro, aí você incentiva a violência.

— Concordo com a minha cunhada, em partes! E além do mais, violência nunca é a resposta.

— Exatamente — Murilo concordando? — Ela é uma pergunta, e a resposta é sempre sim.

— Está dando um péssimo exemplo pro seu enteado — digo e Beatriz confirma — e não era todo amiguinho do Bruno? Uma bela mudança.

— Já te falei varias vezes que ele é meu amigo, mas você é minha irmã. E eu bateria em todos os jogadores de vôlei do mundo, por você. Para te ver bem.

— Eu agradeço, mas estou bem. Não se preocupe.

— Agora é tarde, já estou preocupado com você. Quando volta?

Dou um longo suspiro, queria pelo menos assistir, ao vivo, o último jogo. Mas não tenho o ingresso e não trabalho mais com a seleção, então, acho que voltarei amanhã mesmo.

Poderia esperar para voltar com eles, mas estou sem clima algum.

— Ainda estou decidindo, acho que amanhã.

— E o bronze? Não vai assistir?

— Não sei, depende.

— Não gosto de te ver tristinha assim, sinto muito pela demissão e pelo término.

— Obrigada! Não precisa sentir, vou encontrar um outro emprego, tenho algumas ótimas opções.

— E quanto ao término?

— Dói agora, mas não vai doer pra sempre. Uma vez, uma pessoa me disse que ninguém morre de amor, e eu não serei a primeira.

— Minha irmãzinha está crescendo, estou tão orgulhoso dela — sorri, e arranca um sorriso meu também.

 Red Zone - Bruno Rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora