O que está acontecendo?

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Stiles nunca tinha visto algo parecido. Era tudo muito branco, cheio de objetos e pessoas por todo canto. Ele não sabia que poderia existir tantos seres humanos. Havia gente em pé, gente sentada, gente deitada em camas que eram empurradas por outras pessoas. Alguns pareciam feridos ou muito fracos, tinha pessoas chorando e outras consolando, outros conversavam, outros sorriam. Eram muitos, todos diferentes um dos outros, diferentes na cor, tamanho, forma e roupa. O Stilinski não sabia como processar tanta informação. Desorientado, buscou no meio de todos o cabelo ruivo e os olhos verdes que lhe traziam conforto.

— Lydia, — sussurrou choroso, perdido — Lydia! Lydia! — O desespero crescente fez com que a voz falha subisse até se tornar um grito rouco e angustiado.

Vários rostos viraram na direção de Stiles. Ele foi vítima de expressões de curiosidade, preocupação e incômodo. A quantidade de olhares voltados para si intensificou o furacão guardado no peito. Arfando, sem poder enxergar com clareza por causa das lágrimas, cambaleou para trás até esbarrar em uma parede. Dominado pelo medo, envolveu os braços ao redor do peito e abaixou a cabeça, se encolhendo, implorando em silêncio para desaparecer daquele mundo. Teve o vislumbre de uma mulher mais velha de cabelo escuro se aproximando e daquela vez, não pode fugir. Ficou calado, parado e fechou os olhos, os braços tremendo ao esperar ser atingido por alguma agressão.

— Hey, Stiles, está tudo bem, — ao invés de sofrer algum tipo de violência, uma voz feminina ressoou baixa e tranquila, pronunciando o seu nome com muito reconhecimento — você está seguro agora, aqui ninguém vai te machucar, eu prometo.

Stiles abriu os olhos. Um zumbido insistente soava em seus ouvidos, deixando-o zonzo, sentia-se prestes a cair. Lambeu os lábios secos e não disse nada, ficou apenas encarando a mulher, analisando o rosto gentil e contido. Ela esperou sem demonstrar nenhuma impaciência, os olhos escuros fixos no garoto. Por fim, quando os minutos se estenderam por muito tempo, ela acrescentou:

— Meu nome é Melissa e eu sou amiga da Lydia, conheço ela há muitos anos.

Stiles entreabriu a boca, o rosto franzido. Duvidou daquelas palavras, mas não encontrou em Melissa nenhum sinal de mentira. Como saber se podia confiar nela? Sua mente voou em direção a lembranças recentes, recordando de Lydia falar sobre o mundo em que vivia, sobre as pessoas que conhecia. Uma pontada de esperança fez com que o moreno tomasse coragem para falar em um murmúrio muito baixo:

— Você sabe onde ela está?

— Ela está bem, Stiles, mas chegou muito machucada e precisou de uma cirurgia, você ainda não pode vê-la, os médicos ainda estão cuidando dela — Melissa pronunciou tudo de forma lenta e clara, deixando que ele absorvesse.

Stiles negou com a cabeça, sentindo o coração acelerado. Estava tão afogado em seus sentimentos que era difícil tentar colocar em palavras tudo que o consumia por dentro. Respirou fundo, deixou os braços caírem ao lado do corpo e se esforçou para transmitir no olhar todo o pavor que o devorava ao dizer:

— Você não entende, ela precisa de mim — o rosto queimou de vergonha, mas desesperado para vê-la, acrescentou em um tom ainda mais baixo: — e eu preciso dela.

Melissa soltou um suspiro melancólico, o rosto tomado por compaixão e compreensão. Stiles não pode entender esses sentimentos, pois não estava acostumado a receber aquele tipo de olhar. A enfermeira estendeu uma mão para ele, sem tocá-lo, e a outra direcionou o quarto que ele tinha acabado de fugir.

— Eu vou trazer a Lydia até você, mas para isso preciso que você volte para o quarto e deite na cama.

Stiles não confiou em Melissa. Voltou a negar com o rosto e olhou com apreensão para a porta aberta, enxergando o interior do cômodo branco. As três pessoas vestidas de branco não estavam mais ali, o quarto estava vazio.

O Pequeno pedaço do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora