Não podia dar para trás, atendeu a ligação de uma estranha e foi até a casa dela sem pestanejar, não podia simplesmente ignorar o estado de Evelynn e sentia que era sua obrigação esclarecer que as duas não combinam e não adiantava a mais velha ficar se remoendo por algo que não daria certo.
— Eve-yah. — chamou-a, pedindo licença discretamente para a dona da residência com o olhar e recebendo um aceno de cabeça da Jhomen. Sentou-se no sofá, ao lado de Evelynn.
Os olhos de ouro de Eve miraram os da Choi. Lembrava-se vagamente de ter elogiado a ruiva por conta da cor de seus cabelos e sua aparência delicada, na verdade não podia negar que ela era bonita, já que já teve uma atração por ela. No entanto, aquela face não a fascinava mais. Era apenas um rosto bonito, com traços bonitos, um sorriso bonito, nada mais.
— Eu quero entender por que seu coração ficou tão danificado. — iniciou sem desviar o olhar — Não vou dizer que o meu não ficou quebrado... Mas eu fui atrás de um curandeiro. Por que você não o fez?
Nada. Evelynn não conseguia dizer nada.
Falar com Ahri era tão fácil antigamente que podia planejar mil frases bonitas na cabeça e recitá-las como se fosse poesia em questão de segundos. Ou talvez em forma de canção, pois sabia que tinha boa voz e Ahri gostava das músicas que compunha. Agora, parecia que tinha um bug no seu cérebro que a impedia de pensar em uma resposta que fizesse sentido.
— Você sabe por quê! — suspirou, cortando o contato visual ao olhar para as próprias mãos, repousadas em seu colo.
— Não, não sei. Estou fazendo uma pergunta porque não sei a resposta ainda. — insistiu, pondo sua mão sob a dela.
Eve sentiu vontade de afastá-la e gritar algo desconexo, apenas pra se liberar. Mas obviamente não o fez, deixando sua mão onde estava, mesmo que sentisse um arrepio familiar com o toque dela. Familiar, mas não gostoso como antigamente.
— Você sabe o que acontece quando um curandeiro legítimo conserta um coração danificado. — refuta.
Akali se sentiu um pouco ofendida. Quer dizer então que só pelo fato de ela não ser uma "curandeira legítima", o conserto do coração não serviria para nada?
— Eu sei muito bem o que acontece, pois fui ao curandeiro da minha família e aceitei o tratamento! — apertou a mão da mulher de cabelos magenta e prosseguiu a frase num tom mais sério — Quando terminam de consertar um coração partido, todos os sentimentos que você tem pelo causador do seu sofrimento desaparecem, e se tornam apenas uma memória.
Engoliu em seco. Por mais doloroso e humilhante que fosse, sentiu a verdade lhe estapear, e enfim admitiu para si mesma o motivo de nunca ter corrido atrás de uma cura: não estava pronta.
Não estava pronta para deixar seus sentimentos por Ahri desaparecerem.
Não estava pronta para se despedir de fato.
Não estava pronta para viver sem amar sua querida Gumiho.
— Você recusou o tratamento porque não quer perder esse sentimento... Não é? — inquiriu, mesmo sabendo que a resposta era "sim".
Evelynn desviou o olhar, sendo observada atentamente pelas outras duas figuras presentes. Akali cruzou os braços, esperando uma resposta de sua "hóspede", mas ficou um silêncio total na sala mais uma vez e isso a deixava aflita. Contudo, sabia que não devia interferir a não ser que fosse necessário apartar uma briga, como não era o caso, manteve-se de pé e afastada das outras duas, quieta, sendo apenas uma "telespectadora" e não parte do "elenco".
— Eu quero que você entenda, Eve-yah... — agora Ahri havia tocado no rosto de Evelynn, obrigando-a a fitá-la. Akali soltou um suspiro baixo de desconforto, por alguma razão que não conhecia, odiava ver a forma que a coreana tocava a mais velha com tanta naturalidade.
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Coração de Cristal「 akalynn 」
FanfictionEm um mundo onde o coração das pessoas pode ser feito de qualquer coisa, desde algodão até o gelo, Akali Jhomen Tethi tem dificuldades para entregar o seu para um outro alguém. Sendo uma mulher romântica desde que se conhece por gente, a vontade de...
4. Coração Libertado
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