— Tenho medo de nunca conseguir te achar. Achar a Lana que está escondida ai dentro — ela revirou os olhos e sorri.

— Não há diferença — minha mão correu para sua boca assim que ela mordeu o lábio novamente e vi a ferida se abrir.

Tirei o lenço que sempre carregava e precionei sobre sua boca.

— Não se machuque assim — os olhos dela estavam vidrados nos meus.

— Não é intensional — falou envergonhada — Quando me lembro já está sangrando — ela pousou a mão sobre a minha e as ondas de choques voltaram. Era sempre assim quando nos tocavámos.

Ficamos nos encarando por um longo tempo e vi suas bochechas corarem lindamente.

— Vou deixar você com seus últimos momentos em nossa casa. Vou até minha família me despedir. — Achei melhor eu me afastar para não cometer uma loucura.

— Diga que lhes mandei lembrança. — seu olhar me acompanhou até eu desaparecer de suas vistas.

Sai do seu quarto e fui direto para o meu, pegando meu casaco. Fui até a garagem e avisei a Joaquim que estava indo até a cada de meu irmão.

— Posso levá-lo senhor.

— Não, irei a pé. Preciso espairecer. — sai andando sem focar em nada em específico. Eu só precisava parar de pensar o que aquela cidade me aguardava. Eu já sabia que perguntar a Antônio não resolveria nada. Eu já tinha tentando de tudo e ele continuava me dizendo que somente Lana poderia me contar. Resolvi que iria para Álvaro, quem sabe ele tivesse descoberto algo.

Andei por 10 minutos até chegar a casa dele. Minha casa era a única mais afastada e com certeza o motivo era evidente.

Bati a porta e Emma me atendeu com Bruno nos braços. Meu sobrinho era a cara do meu irmão de olhos puxados.

— André, entre por favor — ela abriu a porta e me deixou entrar. — Álvaro ainda não chegou, mas acredito que daqui a pouco ele chegue — confirmei com a cabeça e peguei o pequeno de seus braços.

—Nossa como ele está pesado. — brinquei com o pequeno — Quando eu voltar você já vai estar um rapazinho.

— Tem mesmo que ir? —minha cunhada falou me indicando a sala — Não tem outra pessoa que possa resolver isso para você? Poderia ir apenas vistoriar. Não sei porque tanto tempo longe da família. — Emma era totalmente voltada para a família, não tinha nada que ela não tivesse feito pelo bem das suas irmãs. Eu sempre fico orgulhoso quando me lembro de como ela abriu mão de tanta coisa para salvar Rose, Dulce e Bria.

— André, ansioso para a viagem?— E falando nelas, lá estava Rose com o pequeno Otávio que estava enorme também, me levando a questionar se um dia eu também teria os meus.

— Vim fazer uma visita de despedida — dei de ombros. Bruno tentou se soltar e o coloquei no chão para ele explorar o lugar. Otávio quando viu fez o mesmo e ambos os pequenos começaram a mexer em tudo.

—Não é fácil ser tia desses dois — Bria falou e todos riram.

Fiquei imerso naquele papo de maternidade por quase uma hora, quando meus irmãos chegaram esbanjando sorrisos.

— Nem acredito que vamos nos livrar desse chato — Álvaro me alfinetou e Emma lhe deu um cotovelada.

— Você sabe que é brincadeira, André — ela me falou olhando feio para o marido.

— Não espero muito do pirralho, Emma, não se preocupe — ela concordou, mas continuou olhando feio para o marido.

— O que está fazendo aqui? Achei que estaria arrumando suas coisas — Antônio questionou.

— Já está tudo pronto, queria ver todos vocês antes de ir. — dei de ombros. Dulce e Bria sorriram e percebi que o que eu tinha dito tinha saido mais sentimental do que eu previsa. Meus irmãos cairiam na minha alma.

— Tadinha, ele já está com saudade de nós, Antônio — Álvaro gargalhou.

— E não é para menos. Com dois irmãos maravilhoso como nós, quem não iria sentir saudades?

— Calem a boca, vocês dois — bufei irritado me sentando no chão para brincar com meus sobrinhos.

— Já está quase na hora das crianças jantarem — Rose falou se aproximando do marido e lhe dando um beijo no rosto. — Vão se lavar, acabaram de chegar da fabrica.

Antônio e Álvaro obedeceram no mesmo momento.

— Como eles são bem adestrados, não é? — Dulce e Bria começaram a gargalhar e minhas cunhadas me olharam feio.

— Não sei porque você não foi também. — Rose estava com as mesmas manias de Antônio, ou será que era coisa de irmão mais velho?

— Já vou, deixa só eu ficar mais um pouquinho com os pequenos, eles vão estar muito diferentes quando eu voltar.

— Acho que não deveria ir — Emma falou bem alto para o marido ouvir. — Deveria ficar aqui com a gente. Não entra na minha cabeça o que Álvaro e Antônio estão fazendo com você.

— É por uma boa causa. — ela revirou os olhos e Álvaro voltou para sala pisando em ovos.

— Vocês não amam mais seu irmão? Por isso estão mandando ele para o fim do mundo? — Antônio se afastou e deixou a bomba para o irmão — Vocês podiam mandar qualquer pessoa para lá. Olha só o que estão privando o coitado — os dois me olharam e fiz cara de coitado para irritá-los.

— Amor, ele sabe o que tem que fazer, se tudo der certo, ele volta semana que vem, não é André? — Álvaro mentiu e queria que eu o ajudasse.

— Se você diz — falei sem me comprometer.

— Viu, ele não quer ir. — ela cruzou os braços e olhou feio apra ele.

— Acho melhor a gente fazer o mesmo que Antônio e sumir daqui — Bria falou no meu ouvido e pegou Bruno no colo. Me levantei e peguei Otávio que reclamou.

Saimos deixando os dois naquela discução. Era bom saber que não era somente eu que tinha problemas no casamento.

A noite adentrou e meus pais também chegaram para a despedida, a única que novamente não estava lá, aproveitando as melhores pessoas que eu conhecia era Lana, mas eu não podia fazer nada por ela ainda.

O conde domado - Livro 3 - sem revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora