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Solar
"Essa deve ser a décima carta que escrevo para você... mas, nunca tive coragem de te enviar nenhuma, parece um pouco antiquado, em pleno século XXI uma pessoa escrevendo uma carta quando se vive cercada por conexões, mas eu não consigo escrever isso pelo celular, é como se o sentimento que tenho por você não me deixasse enviar as mensagens que no começo cheguei a digitar para você... sei que você via o digitando aparecer no whatsapp, mas quando me perguntava eu inventava uma desculpa esfarrapada que não sei se colava. Bem, essa carta, assim como as outras nove, ficarão guardadas. Guardando com sigo as palavras que confessam o quanto eu te amo... talvez isso deva ficar apenas para mim mesma, já estou me acostumando com esse segredo que corrompe meu peito ao chegar perto de ti e não poder te falar, não só por medo de ser rejeitada, mas também por você ter um relacionamento com uma de minhas melhores amigas. Mas de qualquer forma, escrever isso aqui, alivia um pouco meu sofrimento em esconder o quão eu sou perdidamente apaixonada por você.
De: Solar. Para: Moonbyul, a pessoa que nunca verá está e as outras nove cartas de amor que escrevo na calada da noite quando tenho insônia."
Ela faz beicinho, como era ruim escrever tantas palavras vindas do fundo do coração e não poder entregar ao remetente, chegava a ser desanimador. Suspirou fundo e assim como as outras vezes, abriu a gaveta de sua escrivaninha e guardou a carta, a olhando uma última vez antes de fechar a gaveta que só seria aberta novamente para ser guardada a décima primeira carta que provavelmente viria pela frente.
Sobrergueu-se da cadeira e andou pelo quarto com o coração acelerado, detestava as crises de ansiedade que tinha apenas em pensar no que aconteceria se entregasse as carta para Moonbyul, mas não queria estragar um relacionamento... relacionamento esse que Wheein inventara para fazer Moonbyul perceber o quão apaixonada Solar era por ela.
Naquela mesma tarde Moonbyul foi levada por Wheein até a casa de Solar, que havia deixado a cópia da chave com a amiga, afinal chegaria tarde em casa e aparentemente a amiga esquecera um livro no dia anterior, muito importante para a última aula da tarde.
Wheein — Vamos Moonbyul, me ajuda a achar esse bendito livro, se eu não mostra-lo para a professora hoje estarei ferrada. – fala já procurando pela sala da casa de Solar.
Moonbyul — Mas eu nem sei onde isso pode estar. – dá uma jogada de ombros enquanto ainda está com as mãos nos bolsos da calça larga.
Wheein — Eu dormi aqui ontem, então deve estar no quarto. – se levanta animada puxando Moonbyul pelo braço.
Moonbyul — Espera, eu sei andar. – faz bico já irritada, não gostava muito de ter que fazer algo que nem sabe o como começar, no caso, procurar algo que pode estar em qualquer lugar, afinal a cabeça de vento da falsa namorada nunca se lembrava onde deixava suas coisas.
Wheein bufa soltando Moonbyul e assim anda na frente. Um celular toca chamando a atenção de Moonbyul, assim vendo que é o celular da Wheein, ela o pega da bolsa com a intenção de levá-lo até a dona, mas vê que a ligação é de Solar, seu coração pula em seu peito, com as mãos nervosas ela atende a ligação.
Solar: Wheein, tem certeza que esqueceu esse bendito livro de matemática em minha casa?
Moonbyul — Er... não é a Wheein.
Solar: Moonbyul?? V-você está com a Wheein?
Moonbyul — Sim, viemos aqui na sua casa buscar o livro.
Solar sem saber o que falar apenas desliga a ligação, uma suposição aparece em sua mente, e torce para estar errada enquanto sai correndo da escola para casa.
Wheein — Meu celular tocou? –aparece na sala.
Moonbyul — Achou o livro? – pergunta e a outra nega. — De quê é o livro mesmo? – tenta não mostrar nenhuma desconfiança.
Wheein — É de... de história. Por quê pergunta? – gagueija mostrando nervosismo.
Moonbyul — Estranho. – toca o queixo com o dedo indicador. — Solar ligou perguntando se você tinha certeza de ter deixado seu livro de matemática aqui. Me fala a verdade.
Wheein fala toda a verdade, não havia livro algum perdido ou sequer esquecido, mas sim que ela levara Moonbyul lá para ajudá-la a encontrar provas de que Solar gostava dela. De começo Moonbyul achou errado, mas estava curiosa para saver se Solar gostava dela assim como ela gostava.
Wheein levou Moonbyul até o quarto e mostrou a gaveta onde viu Solar guardar algo. Moonbyul se sentou na cadeira da escrivaninha e abriu a gaveta achando-se culpada de invadir a privacidade de Solar, mas Wheein não ligou, pegou as cartas, e uma por uma Moonbyul leu sentindo seu coração parecer saltar para fora, ela queria gritar, queria chorar, queria abraçar forte Solar.
Wheein — Pelo jeito ajudei você a ver que ela também gosta de você. – dá uma piscadela para Moonbyul. — Depois só me ajuda para ela não querer me tirar deste mundo, ok?!
Moonbyul ri, ela se sentia tão feliz que até as palhaçadas de Wheein pareciam engraçadas para ela.
Wheein — Você não vem agora?
Moonbyul nega e sorri olhando para a décima carta escrita destinada para ela, de tão mergulhada lendo novamente a carta ela nem percebe Wheein indo embora e só quando volta a si se levanta com as cartas em mãos e senta na cama esperando o momento que for para Solar chegar e esse momento não demora, ela adentra o quarto dando de cara com Moonbyul sentada na cama com a carta em mãos, olha ao redor, a gaveta aberta, era sim as cartas que ela escreveu, ela ficou paralisada, nem sequer conseguia ter raiva de invadirem sua privacidade. Moonbyul se levantou e andou até Solar.
Moonbyul — "Sinto um aperto tão grande em meu coração que tenho vontade de me afastar, essa é a primeira vez que amo alguém tão intensamente." – Moonbyul recita o que estava escrito em uma das primeiras cartas, ela as leu tantas vezes para acreditar que poderia recitar todas as frases de todas aquelas cartas.
Solar — Eu sinto muito. – fala cabisbaixa, Moonbyul sem entender pega em sua mão fazendo-a lhe olhar nos olhos. — Não pudia falar para você porque...
Moonbyul — Eu que sinto muito, eu não namoro a Wheein, ela me convenceu a fazer isso para me mostrar que você também gostava de mim, e ao perceber seu ciúmes ao saber do suposto namoro, decidi prosseguir com essa idéia maluca. – Solar estava emocionada e queria pular nos braços de Moonbyul, na verdade ambas queria, mas Moonbyul ainda tinha algo para falar. — Fica comigo. Fica comigo para sempre? – Solar sorriu radiante. — Eu te amo.
Ao ouvir essas palavras Solar se joga nos braços de Moonbyul que a aperta para protege-la de qualquer coisa que ouse tentar as separar, Moonbyul olha para Solar que levanta o olhar e suavemente os lábios se encontram em um beijo calmo e necessitado.
Nenhuma delas queria se soltar, e a intenção era essa mesma, não se soltarem jamais, naquele mesmo dia passaram o resto do dia juntas, e Moonbyul teve de avisar em casa que não voltaria a noite, afinal não iria se afastar de sua amada tão facilmente.
Solar — Eu te amo Moonbyul.
Moonbyul — Eu te amo Solar.
Trocaram juras de amor o máximo que puderam, e só foram dormir depois do ápice de seus corpos darem uma descansada pela vontade que ambas sentiam, elas se amaram, amaram e prometeram estar juntas para sempre.
Solar nem teve tempo para pensar em fazer qualquer coisa com a vida de Wheein, mas na verdade ela iria ter que agradecer pela amiga de certa forma junta-la com seu amor.
