Capítulo 29 "Pôr do sol"

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Dalilah achava que nunca tinha atendido tantas pessoas como naquele dia. Parecia que todos os animaizinhos resolveram ter algum problema de saúde e que só tinha a veterinária dela aberta naquela cidade, não que ela estivesse reclamando, mas a médica disse na última consulta que ela deveria pegar leve no trabalho e repousar sempre que possível para evitar mais sangramentos e bem... repousar foi a última coisa que ela fez hoje.

— Você devia ir pra casa... — Dalilah ergue a cabeça e vê Karine, uma de suas veterinárias e sua subgerente, entrando em sua sala.

— Eu estou bem, só preciso sentar um pouco. — A gaúcha sorri sem mostrar os dentes e suspira, acariciando a barriga. Automaticamente, e contra a sua vontade, cenas da tarde anterior surgem em sua mente.

O silêncio dela.

O silêncio dele.

— Por que você não liga pra ele? — Karine se aproxima e coloca a mão no ombro de Dalilah, fazendo a mesma levantar a cabeça já que estava sentada na cadeira de sua mesa.

— E falar o que? "Escuta, tu me ligou noite retrasada e disse que estava apaixonado por mim, mas tu tava bêbado então eu queria saber se o que tu disse é verdade ou foi só uma alucinação do álcool?" — ela diz em tom sarcástico e olha para a loira.

— É. Exatamente isso. — Karine diz como se fosse óbvio.

Dalilah suspira, encostando a cabeça no encosto da cadeira.

Parece tão fácil simplesmente falar, mas chega na hora e a pessoa...trava. Ela não queria ficar nessa situação, mas tinha receio, um receio que ela nunca teve antes. Ela sempre foi decidida nas coisas e corajosa, mas com Thiago era...diferente.

— Vai ver, ele não disse nada por medo, o mesmo medo que você está sentindo. — Dalilah suspira baixo e desvia o olhar da loira, que aperta levemente o seu ombro. — Talvez ele estivesse arrependido sim, mas não pelo o que falou e sim pela forma como falou, embriagado e por telefone. — Karine dá de ombros. Dalilah morde o lábio, pensando nessa possibilidade.. — Sua insegurança não está deixando você ver a insegurança dele. — Karine diz e as duas ficam em silêncio por alguns segundos. — Vai pra casa, ok? Deixa que eu fecho tudo aqui. — Karine aperta levemente o ombro de Dalilah e a mesma sorri fraco para a loira antes de assentir.

Quando Dalilah escuta a porta sendo fechada, a primeira coisa que ela faz é soltar um pesado suspiro, aliviando um pouco seus ombros e seu peito do peso que foi a tarde de ontem, a manhã e a tarde de hoje. Queria muito chegar em casa e tomar um longo banho na banheira que tinha em seu banheiro, relaxar seus músculos, sua cabeça...Mas ela sabia que não conseguiria relaxar 100% se não conversasse com Thiago e resolvesse a situação antes.

Ela balança a cabeça afastando essas fantasias e levanta da cadeira, ela tira o jaleco deixando ele pendurado e pega sua bolsa antes de sair da sala, fechando ela. Ela se despede das pessoas por quem passa e pendura sua bolsa no ombro, chagando no hall de entrada.

— Tchau, Lila. Até amanhã. — Raquel, a recepcionista, se despede assim que Dalilah passa por ela.

— Até mais, bom jantar hoje. — Dalilah deseja, fazendo a garota corar ao lembrar que teria um encontro mais tarde.

Dalilah solta um riso baixo enquanto passa pela porta e coloca o cabelo atrás da orelha quando o vento bate no mesmo, junto com ele vem o cheiro suave do perfume masculino que ela passou a amar de algumas semanas pra cá. Ela para, seu coração acelerado ao reconhecer o cheiro de Thiago, ela olha em volta pra ver se ele estava realmente naquela estacionamento ou se era uma brincadeira de mal gosto do seu cérebro, mas quando ela olha pra trás, encontra ele ali, parado com as mãos nos bolsos da calça jeans preta que fazia contraste com a camisa branca. Ela conseguia perceber que as mãos dele se moviam inquietas dentro dos bolsos, demonstrando seu nervosismo.

A noite em que nos conhecemos; CalangoWhere stories live. Discover now