𝐓𝐇𝐄 𝐐𝐔𝐈𝐃𝐃𝐈𝐓𝐂𝐇 𝐂𝐇𝐑𝐎𝐍𝐈𝐂𝐋𝐄𝐒 ↬ 𝒐𝒍𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒘𝒐𝒐𝒅

XIII.

— É isso aí — gritou Derrick, antes de soltar um assobio.

— Se continuarmos treinando assim, podem ter certeza que vamos arrasar contra a Corvinal e a Lufa Lufa — finalizou, com um sorriso.

Os outros garotos do time seguiram o exemplo de Peregrine e também gritaram, batendo palmas depois. Era motivador ouvir isso, mesmo depois de terem perdido, pois sabiam que haviam se esforçado e havia sido um bom jogo para eles. Mare, por dentro, também queria ter ganhado, mas não adiantaria de nada ficar gritando e chorando pelos corredores.

Após terminarem com a bagunça, voltaram a tirar suas roupas e ir em direção do chuveiro.

— Draco, você não — Maureen o impediu.

— O que? — ele respondeu, um pouco sem jeito por estar sem blusa na frente de uma garota mais velha.

— Preciso falar com você — ele assentiu com a cabeça e ela resolveu prosseguir. — Você é rápido mas precisa ser mais ágil. Pegou o lugar do Higgs e ele era uma águia voando, então trate de pelo menos fazer sua parte.

— Mas — tentou se defender, mas Maureen ainda não havia terminado de falar.

— O que significa que seu único trabalho é pegar o pomo e não ficar com gracinhas para cima do Potter, entendeu? — perguntou, recebendo outro assento de cabeça — Ótimo. Vamos treinar mais essa semana.

No fundo, Draco se sentia um pouco mal por ter roubado o lugar de um apanhador tão bom, mas se Maureen havia escolhido trocá-lo por vassouras novas, quem era ele para discordar? Bom, era isso que ele pensava. Porém, Mare havia trocado cartas durante as férias com Higgs sobre esse assunto: ele já não pretendia jogar nessa temporada, mas preferiram manter segredo do resto da escola — ainda que não para o time. 

Terence pretendia usufruir de seu último ano ao máximo para conseguir boas notas nos NIEMs e, infelizmente, os treinos exigiam grande esforço fisico do mesmo e grande dedicação horária, deixando inviável a ele participar do quadribol. Ele sabia que precisava gastar o dobro ou o triplo de tempo que Bole passava estudando para tirar a mesmíssima nota, então resolveu não se comparar ao amigo e sair da equipe. Por ter sido uma decisão amigável, mesmo que não fizesse parte do time, sabiam que fazia parte do Time. 

Draco, em contraponto, não era exatamente sua escolha principal e sabia que mesmo que ele fizesse parte do time, jamais faria parte do Time. Enfim, deixou-o ir tomar banho.

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Maureen não admitiria para ninguém, mas havia ido ao banheiro dos monitores naquela tarde apenas para gritar e dar um belo soco nas paredes, usando uma toalha como luva para que não machucasse tanto as mãos. Xingou tanto os jogadores da Grifinória, que, se alguém passasse na porta do banheiro, teria certeza que estava sendo amaldiçoado. Queria tanto ter ganhado! Estava brava consigo mesma e não conseguia parar de morder a parte interna de sua boca.

Porém, logo tomou seu banho e a noite caiu, dando tempo apenas de encontrar seus colegas de equipe já na grande mesa do salão para jantar. A mesa da Sonserina não estava animada, ao contrário da mesa de seus rivais que não conseguiam conversar sem darem gritos e berros. Egocêntricos espalhafatosos. Mesmo com todo o abatimento, Maureen foi uma das últimas a sair do salão, depois que a comida já havia parado de ser servida e os alunos restantes estavam com tanto sono que quase dormiam em cima das mesas.

Pegou alguns bolinhos restantes que estavam na sua frente e se direcionou à porta, andando pelo extenso corredor antes de encontrar com uma das escadas. Sentiu um arrepio em sua nuca, sabia que era algo ruim, então escutou uma voz.

— Você foi bem, Maureen. Nós só fomos melhores — era Oliver Wood, como sempre. Sua frase, a princípio, exibia compaixão, mas ao continuar com certeza trazia muito mais deboche.

Mare revirou os olhos, irritada, se confundindo e subindo as escadas ao invés de desce-las. O grifinório a seguiu, agora andando lado a lado com a garota.

— O que foi? Precisa de um ombro para chorar? — repetiu o que a garota havia dito antes do jogo começar.

Eram essas provocações sutis que a deixavam cada vez mais irritada. Ele não tinha nada melhor para fazer? Tirou a noite para irritá-la? Quando ele perdesse, ela não esperaria nenhum minuto antes de caçoar dele e de seu time também.

— O gato comeu sua língua? Não parece tão durona agora — continuou falando, porém, dessa vez, ela resolveu revidar.

— Você depende totalmente do seu apanhador. Tem certeza que foram tão bem assim? — uma pergunta passiva agressiva a qual a resposta ambos conheciam.

Dessa vez foi Wood que ficou irritado. Ela estava certa e, mesmo tendo perdido, ainda tinha conseguido tirar uma com sua cara. Mare mordeu o bolinho de chocolate que estava em sua mão e continuou a andar.

— Se ficar sem o Harry, vai desistir da aposta, Oli? — ela perguntou, com a boca cheia de comida, fazendo com que suas palavras saíssem com fonéticas diferentes das normais.

Wood não achou aquilo nojento, na verdade achou bem engraçado... talvez tivesse sido mais se ela não tivesse se referido a ele por um apelido que o mesmo odiava. Resolveu imitar a maneira de falar da garota.

— O que disse? Eu só ouvi — e em seguida fez barulhos estranhos e indecifráveis, sem nenhum significado, apenas imitando o barulho de falar com a boca cheia.

Ganhou um tapa no ombro e, assim que havia engolido o bolinho, Maureen voltou a falar.

— Você já fala assim normalmente.

— Assim como?

— Parecendo que tá com a boca cheia de comida — concluiu, dando uma gargalhada alta.

— Não! Eu não falo assim — tentou defender seu sotaque escocês.

— Fala sim! Eu tenho que escutar sua voz tantas vezes que eu sei como você — percebeu que o garoto havia parado de andar, então parou também e olhou para frente, em choque — fala.

Tinha uma pessoa caída no meio do corredor. Oliver e Maureen se entreolharam e, sem precisarem trocar sequer uma palavra, correram até o indivíduo à sua frente. Maureen se abaixou, ficando ao lado do corpo. Tinha vestes da Grifinória e segurava uma câmera na frente do rosto, porém ela não sabia dizer quem era.

O que havia acontecido?

— Chama o Dumbledore. Rápido! — ordenou e o garoto saiu correndo em busca do diretor.

Colin Creevey havia sido encontrado petrificado. A situação era muito pior do que se esperava.