Capítulo 17 - Pânico e um pouco mais de culpa

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Eu me esqueci totalmente dele...

Também disseram que precisavam que eu mandasse mais fotos comendo e que eu precisaria gravar mais vídeos para irem postando no decorrer do ano. Além de continuarem listando tarefas específicas.

Eu me sentei na mesa de jantar, sentindo meu estômago revirar. Daquela vez, contudo, parecia ser apenas pela quantidade de informações que tinham despejado em mim.

Contratos. Não deixar a minha imagem ser esquecida. Tudo era preocupação para quem me agenciava. O maior problema era fazer vídeos. Eu tinha que ir para lá, ficava vulnerável para passar mal em frente a todo mundo. Não era tão cansativo gravar um vídeo curto comparado com fazer uma sessão de fotos, realmente, mas odiava a ideia de estar tão exposta ao risco de não conseguir chegar ao banheiro a tempo passando mal e sujar tudo, por exemplo.

Era humilhante e deixava todo mundo desconfortável. Já tinha passado por experiências assim antes e, sinceramente, ninguém merece.

Suspirei. Ia ficar tudo bem, certo?

Certo.

Precisava ficar.

Depois de tudo, realmente tirei minha maquiagem, tomei banho e coloquei uma roupa mais simples, a manga da blusa cobrindo a parte roxa de meu braço. Em seguida, fui pegar água e me sentei.

No mesmo instante, ouvi a porta ser destrancada. Meu coração se acelerou com a possibilidade de ser meu pai.

E era.

Meu pai e mamãe.

Respirei fundo.

Ai, Jesus. Ai, meu Senhor. Socorro.

— Oi, filha — falou mamãe, dando-me um beijo na bochecha. Eu sorri.

— Oi, mamãe.

Eu queria sair dali. Ao mesmo tempo, achava que poderia ser estranho sair logo que chegaram. Minhas mãos se tornavam puro gelo somente com um olhar específico sobre mim.

— Enfim — falei, buscando me distrair —, como foi a reunião?

— As reuniões, no caso — ela respondeu, suspirando. — Foram produtivas. O que está me empolgando mais, porém, é o pensamento de fundar mais instituições educativas aqui.

Arregalei levemente os olhos.

— Sério? Tipo o quê?

Nós conversamos e conversamos sobre seus planos. Mamãe parecia ao mesmo tempo preocupada e empolgada e meu pai parecia orgulhoso dela. Pelo menos isso. Ela parecia gostar de tratar com educação. Não sabia se gostava mais do que de moda ou se era o mesmo, porém era bom vê-la daquele jeito.

Contudo, quanto mais conversamos, mais me senti fadigada. Talvez porque foi ficando mais tarde. De verdade, não tinha ideia. Ainda assim, esforcei-me para fingir que estava tudo bem.

— Eu estou muito feliz de estarmos sentados juntos de novo — falou mamãe repentinamente. Senti meu estômago gelar. — Embora definitivamente nada esteja normal com os dois tão calados.

Meu pai riu.

— Só estamos te ouvindo, amor.

— Caio, eu não sou tão boba também. Não finja. Mal se olham. Só vejo o pouco progresso e tento valorizá-lo. Mas não é o ideal. Eu queria conversar com vocês dois juntos. Quero. Preciso. Se tem algo que não quero é nossa família desunida. Nosso pequeno núcleo já é assim: pequeno. Precisamos nos apoiar.

Meu pai fechou os olhos por um instante, suspirando.

— Eu sei que não é a situação ideal — continuou ela —, mas é o que temos. — Mamãe esticou o braço e segurou minha mão. Olhei para nossas mãos juntas, sentindo as dela meio secas. — Nossa família vai crescer e isso é lindo, mesmo que não seja da maneira tradicional.

Scarlatti (BTS - Jungkook x O.C)Onde histórias criam vida. Descubra agora