— Não precisa responder agora, claro que não. — Ele se aproxima sem vacilar com o olhar. — Mas isso é só para você saber que o meu coração é todo seu — ele se coloca a minha frente, passando a mão na minha nuca e me puxando para um beijo. — Você me hipnotizou.

— Eu quero a aliança — respondo com um sorriso enquanto o beijo.

Ele para na mesma hora, me olhando em choque.

— Isso é um sim?

— Um sim. Um Claro. Um óbvio. — Puxo nos seus braços, enrolando as pernas na sua cintura.

Depois disso eu não me lembro de mais nada.
Helena chegou junto com João e Kiera, foi um choque para todos. No fim, nos juntamos aos amigos de Hariel e a "festa" animou com a notícia do noivado.

Bebemos, dançamos e até entramos no mar.
Mas são apenas memórias em partes, eu não me lembro de mais nada.

Desço as escadas assim que escovo os dentes e lavo o rosto. Estão todos na varanda tomando café em silêncio, o que me parece muito estranho.

A casa não está tão impecável como quando chegamos, mas com certeza a garagem e a varanda estão terríveis.

Vou até a cozinha e pego uma xícara, antes de despejar o café no recipiente, vejo Hariel no sofá. Seus pés estão firmes no chão e os seus braços firmes nos joelhos.

Seria uma imagem perfeita se não fosse a sua expressão séria e os olhos fixos no chão, evitando olhar para mim.

— Hey — tento fazê-lo perceber a minha presença.

Ele não se mexe.

— Hariel? — ando até a sua frente, me agachado em seguida. — Tá tudo bem?

É claro que é muito infantil da minha parte pensar isso, mas penso se ele chegou a se arrepender de ter me pedido em casamento. Ou se ele apenas se arrependeu de ter colocado o anel de noivado no meu dedo.

Coloco uma mão no seu rosto e a outra no seu braço apoiado no joelho.

— Hey, fala comigo. — A minha voz falha.

A minha respiração pesa quando os seus olhos vão até a mão com o anel, a que está apoia ao seu braço. Pisco os olhos várias vezes afim de evitar que as lágrimas se aglomerem, ainda sem entender nada.

— Fala comigo? — ele finalmente fala com a voz rouca. Ele me olha nos olhos, me deixando assustada. — Como você pede isso se esse tempo todo não foi capaz de me falar sobre...

Ele para por um tempo, se levantando com brutalidade. Eu fico imóvel, em choque.

— Você tem leucemia? — Ele me pergunta sério, me olhando nos olhos.

Balanço a cabeça negando, eu quero explicar sobre o tratamento, mas a minha voz simplesmente não sai.

— Para de mentir para mim. Você nunca foi sincera comigo, né?

Fecho os meus olhos esperando que seja um pesadelo, mas tudo o que consigo com isso são lágrimas no meu rosto.

— Estava tudo tão bem. — A minha voz falha com o choro. —  Eu jurei para mim mesma que depois de ontem eu contaria a verdade.

— Ah, pelo amor de Deus! — Hariel coloca as mãos sobre a cabeça, se virando de costas e voltando a me olhar. — Você acha que eu sou otario? Você nunca iria me contar! Se não contou até hoje, acha mesmo que eu acredite que iria me contar? Porra, aha mesmo que eu vou acreditar que você sequer pensou em levar isso adiante?

— Sim?! — a minha voz sai mais alta que o esperado. — É claro...

— Não! — Ele aponta o dedo na minha direção, com algumas veias pulsando no pescoço. — Você tem câncer porra, isso pode te matar! Não acha que foi egoísta demais? — Ele me olha com puro desprezo. — Que droga menina, não passou pela sua cabeça que eu queria saber disso antes de tudo? Você acha que eu me imaginava amando uma pessoa que pode morrer a qualquer momento?

— O que? — a minha confusão é clara. Pisco os olhos várias vezes tentando  assimilar o que ele acabou de falar.

— Eu olhava as pequenas cicatrizes no seu corpo, Madelyin... — Ele diz olhando para o nada, já sem a raiva de antes. — Nunca parei para pensar no que era. Afinal, são tão pequenas, quase nada...

Me levanto indo em sua direção, mas ele me afasta, indo até a porta e a abrindo.

— Helena vai te levar de volta, depois peço pra alguém vir buscar as minhas coisas.

Balanço a cabeça, tentando falar alguma coisa, mas o choro junto aos soluços não deixam.

E então ele fecha a porta com cautela e sai do lugar.

Eu sei que não devo, mas vou atrás assim que percebo o que ele realmente está fazendo.

— Hariel — corro até o seu carro já sendo ligado. Vou até a porta do motorista e tento abrir, mas já está travada. — Hariel. Amor, por favor. — O desespero toma conta de mim.

O carro sai em disparada do lugar, me deixando sem alternativa alguma.

O choro toma conta de mim até que eu sinta os braços de Helena ao meu redor.

...

Obrigada a todos que estão mandando mensagem falando que gostam e me animando (e cobrando  kk) para continuar.
Vocês são incríveis!!!! Forte abraço. Obrigada, de coração.

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