Era como se eu estivesse sendo rasgada ao meio.
Como se não importasse nada, como se não valesse nada.

Os dois não tinham me visto ainda.

Olhei-os por segundos, me massacrando, firmando na minha cabeça a certeza do que estava acontecendo.

Na minha cama.

Na porra da minha cama!

Na droga da minha casa!

Fechei meus olhos, contendo a dor, mantendo-a presa no recipiente que eu chamava de corpo. Não a deixaria sair, não a deixaria afetar ninguém à minha volta. Não depois de me manter calada e cega para tudo o que vinha acontecendo.

— Pegue suas coisas Jaebeom e vá embora da minha casa — Falei, alto.

Os dois pararam o que estavam fazendo e quando a mulher se virou pra mim, a reconheci dos jogos.

Era uma das líderes de torcida do time e agora entendia o motivo para ela sempre me olhar por um tempo longo demais. Era como se estivesse
debochando de mim e da minha falta de percepção em não notar o quanto ela estava se divertindo com o meu marido.

— Jennie, não é... — Ele se levantou apressado, procurando suas roupas, nervoso em me ver ali.

— Se poupe desse trabalho. Não estou com paciência para lidar com nada disso. Você também, suma daqui — olhei para a mulher, com seus cabelos castanhos longos, o olhar debochado e o corpo escultural à mostra.

Era tudo o que ela queria. Que isso acontecesse.

— Só vou se quiser — Ela disse e eu respirei fundo.

Poderia perder a compostura, arrastá-la pelos cabelos, batendo sua cabeça em cada degrau da escada, mas não faria isso. Não, eu era muito
melhor que toda essa merda.

— Ou sai por bem, ou sai por mal da minha casa. Eu estou avisando, e vou contar até três pra vocês dois sumirem da minha frente. Ou juro por Deus, que irão se arrepender!

Jaebeom percebeu que eu não estava brincando. Meu maxilar estava travado e as minhas mãos fechadas, quase brancas, com a força que eu aplicava.

— Vamos embora. — Ele falou para a mulher, que se levantou da cama, pegou suas roupas e me olhou uma última vez antes de passar por mim e
sorrir.

Filha da puta!

Eu estava a ponto de jogar para o alto toda e qualquer educação que eu tinha. Toda e qualquer dignidade.

— Vou mandar as suas roupas para a casa da sua mãe — Falei para o homem que um dia eu tinha amado a ponto de entregar todos os meus sonhos.

— Manda. Mas espere uma correspondência. Essa casa também é minha, Jenn. — Jb colocou a mão no meu braço, e eu o sacudi violentamente.

— Não toque em mim! NÃO TOQUE EM MIM! Vá embora de uma vez seu cretino desgraçado ou eu juro que te mato e vou pra cadeia feliz, seu babaca egoísta!

Percebi suas feições se fecharem e temi pelo que aconteceria.
Jaebeom nunca tinha encostado a mão em mim, mas ele me aterrorizava tanto psicologicamente que era a mesma coisa que o fazer. Um respeito
baseado em medo e necessidade de aceitação.

— Isso não vai ficar assim, Jenn. Vou tirar tudo o que você ama e quando perceber que ninguém mais vai te aceitar como eu aceitei, voltará
rastejando para mim e vai implorar para que eu a faça minha novamente. Eu vou te desprezar, se sentirá um nada, porque é isso que é. Uma idiota que acreditou na conversa de um cara. Sempre soube o que eu fazia, só não quis enxergar. Devia aceitar de uma vez por todas e voltar a fingir que não viu coisa alguma, vai causar menos dor em você.

Como eu era antes de você! (Taennie)Onde histórias criam vida. Descubra agora