— Pois eu não vou deixar você apagar a mensagem — Petúnia olhou para irmã com o nariz empinado, desafiando-a a contestar sua atitude.
— Tanto faz — Lilian deu de ombros. Ela realmente não queria se envolver naquela história, então, deixou o antigo escritório do pai e foi para o conforto de seu quarto.
Quando Lilian tinha doze anos, Sara embarcou em mais uma de suas viagens à trabalho. Naquele tempo, a menina sabia pouco sobre o trabalho da mãe. Costumava vê-la tocar bastante e, quando mexia em suas coisas, vira um diploma de música guardado em uma das gavetas. No entanto, Sara não trabalhava com música ou, pelo menos, não do jeito tradicional: indo a concertos e compondo canções.
Apenas quando cresceu, Lilian foi capaz de compreender que a mãe nascera rica. Muito rica. Ela não precisaria trabalhar se não quisesse, mas como conhecia pessoas muito importantes no mundo todo, sempre era a pessoa que conduzia reuniões com futuros clientes na empresa de Benjamin. Sem Sara, a agência nunca teria crescido tanto.
Então, quando Lilian tinha doze anos e Sara embarcou em mais uma de suas viagens à trabalho, ela estava indo à Ásia. Um ritmo musical estava fazendo muito sucesso lá e sua mãe insistia que eles dominariam o mercado mundial da música em pouco tempo. A agência deles precisava de clientes internacionais de peso se quisesse se firmar nos Estados Unidos e Europa, todos sabiam disso. E, como a maior parte das grandes estrelas do pop nunca fechariam contrato com brasileiros, eles precisavam pensar um pouquinho fora da caixa.
Sara, então, foi de avião até Guarulhos e, de lá, iria até Seoul, se encontrar com a banda. O único problema é que ela nunca desembarcou na Coréia do Sul. Os documentos do aeroporto de Guarulhos apontavam que ela havia, sim, entrado no avião, mas não havia sinal da passageira quando a aeronave pousou no Aeroporto Internacional de Incheon.
Era um mistério. Como uma passageira embarca em um avião e desaparece antes que chegue ao destino? Alguma coisa tinha que estar errada.
Lilian lembrava-se que seu pai havia contratado dezenas de detetives particulares diferentes, até a Interpol entrou no meio da história. A história chegou até os grandes jornais nacionais e só não teve maior visibilidade porque a empresa de Benjamin tratou de abafar o caso.
Um ano depois, o mistério quanto ao paradeiro de Sara Evans ainda existia. Todos se perguntavam o que havia acontecido, mas, para Lilian, tudo era bem claro: sua mãe decidira abandoná-los. Fim da história.
Até que em uma manhã de sábado, um homem bateu na porta da casa dos Evans. Ele usava um terno preto, carregava uma urna cinza na mão direita e uma pasta na mão esquerda. Benjamin o conduziu até seu escritório e deixou, pela primeira vez, que Petúnia e Lilian participassem de alguma reunião que acontecia ali.
O homem estranho apresentou-se como testamenteiro de Sara Evans, abriu a pasta, tirou alguns papéis e começou a ler alguma nota inicial:
— Este documento só deve ser aberto e revelado em virtude de minha morte ou desaparecimento pelo tempo de, pelo menos, um ano corrido.
Ele, então, leu todo o documento, o que levou algum tempo. Sara Evans tinha bastante dinheiro e muitas propriedades, no fim das contas. Benjamin permaneceu impassível durante todo o tempo. Lilian nunca soube se ele estava surpreso ou não com a presença daquele homem estranho ou o conteúdo do testamento de sua mãe.
— Eu não vou assinar nenhum papel e atestar a morte de minha esposa — Benjamin disse, por fim, após o que pareceu ser um longo período.
— Senhor Evans, o senhor não estará atestando a morte de sua esposa — o homem respondeu, tirando outros documentos da pasta —, porque ela já está morta.
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Lily Apaixonada
FanfictionLily Evans é uma garota tímida do interior, que foi abandonada pela mãe enquanto ainda era criança. Nesse dia, ela decidiu se vacinar contra o amor. Ninguém nunca mais a abandonaria. Por isso, ela não se apaixonada. Nunquinha. Ela já disse que é vac...
Esse trem corre para fora dos trilhos
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